Com mais de 180 mil novos casos estimados para 2017, segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), o câncer de pele é o tumor mais frequente na população brasileira. Neste mês, a campanha Dezembro Laranja – cujo foco é a conscientização a respeito da importância da prevenção e diagnóstico precoce da doença – abrange ações que acontecem por todo o país. Especialistas alertam que o diagnóstico precoce pode começar em casa.

O A.C.Camargo Cancer Center, centro especializado no diagnóstico, tratamento, ensino e pesquisa do câncer, localizado em São Paulo, destaca os detalhes que devem ser observados ao examinar a pele. Trata-se do critério ABCDE, que consiste em observar a Assimetria (se uma metade da pinta está semelhante à outra metade); Borda (no caso de contornos irregulares, dentados, chanfrados ou com sulcos, é recomendável procurar um especialista); Cor (observar se a coloração é a mesma em toda a pinta); Diâmetro (a pinta não pode ter mais de 0,5 cm, embora médicos diagnostiquem melanomas bem menores); e Evolução (esse critério é melhor avaliado por especialistas, que observam a profundidade da lesão e se há metástase).

Os mais comuns são os tumores não-melanoma (espinocelular e basocelular), que representam 95% dos casos de câncer de pele. Os carcinomas basocelulares e espinocelulares têm como característica mais comum as feridas que não cicatrizam por mais de um mês e sangram eventualmente. Embora seja o menos comum, com cerca de 6 mil novos casos ao ano no país, o melanoma é o mais agressivo e com maior mortalidade. Quando não diagnosticado precocemente, tem alto potencial de desenvolver metástase, espalhando-se, principalmente, para o pulmão e o fígado.

Embora o câncer de pele possa acometer uma pessoa desde a infância, o maior fator de risco é o envelhecimento, com pico de incidência a partir dos 45 anos. Os raios UVA, que estão cientificamente associados com desenvolvimento de câncer de pele do tipo espinocelular e também de melanoma, estão presentes do nascer até o pôr do sol. Os raios UVB, mais intensos das 10 às 16 horas, são responsáveis por tumores de pele, principalmente, do tipo basocelular, além de causar queimaduras e vermelhidão.

Para a população que não está inserida em um grupo de risco – como as pessoas com histórico pessoal ou familiar de câncer de pele – recomenda-se o uso de filtro solar fator 30. “O fator 15 é suficiente se a pessoa tiver o hábito de repassar o creme de duas em duas horas, mas sabemos que isso requer uma disciplina que é incomum. Em razão disso, indicamos o fator 30, pois ele tem efeito mais duradouro e requer menor reposição durante o dia”, explica o diretor do Departamento de Oncologia Cutânea do A.C.Camargo, João Pedreira Duprat Neto. “Para a população com maior predisposição a desenvolver câncer de pele, pode ser recomendado um filtro com fator maior que 30, mas a proteção adicional é pequena e pode não compensar o custo-benefício, então barreiras físicas são mais interessantes”, acrescenta.