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Para onde os indicadores econômicos apontam? Com o início de um novo ano, há muitas incertezas e dúvidas como sempre. Nesse momento, é preciso entender quais são as expectativas do futuro para, então, tatear quais são os melhores caminhos a seguir.
Diante do começo de um novo governo e a recém-saída da crise financeira que abateu o Brasil nos últimos anos, a perspectiva é de retomada dos investimentos. Porém, será que os números confirmam isso?
As previsões do mercado para 2019 são positivas. No entanto, existe uma ressalva: espera-se que sejam aplicadas as diferentes reformas necessárias. Essa necessidade é derivada dos problemas fiscal e previdenciário, além do desemprego, que ainda atinge 12,4 milhões de brasileiros e tem um percentual de 11,7%. Embora o desemprego venha apontando para uma queda em seu percentual, é bom lembrar que a massa de trabalhadores cresceu mais entre os “sem carteira assinada” (5,9% nos últimos 12 meses contra 2,9% “com carteira assinada”), indicando uma recuperação frágil, não sustentável.
Todos esses fatores e a própria burocracia do país geram uma pressão negativa dos investidores internacionais, principalmente no que se refere à Reforma da Previdência. Esse é o primeiro passo, ainda que não seja suficiente. De acordo com os especialistas do Banco Central, caso as reformas sejam aprovadas, a previsão é de que o PIB cresça 2,5%. Indicam uma alta da Selic, que deve fechar 2019 em 7,25%. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que rege a inflação oficial do País, tende a ficar em 4%. Estes dois fatores - Selic e IPCA - farão com que seja mais caro conseguir crédito empresarial.
Outro fator importante para as empresas é a taxa de câmbio. Os especialistas aumentaram a projeção e acreditam que o dólar deve ficar em R$ 3,80 - aproximadamente o mesmo patamar de 2018, o que é uma situação preocupante, especialmente para o investimento em tecnologias, já que muitas negociações são feitas na moeda norte-americana.
Nesse contexto, os desafios que o novo presidente terá são grandes. Além da aprovação das reformas, é preciso continuar a trajetória de recuperação do país. Entre os obstáculos que surgem, estão o envelhecimento precoce da população, a fecundidade abaixo da taxa de reposição e o aumento da expectativa de vida - situação que implica dificuldades na política econômica e no potencial de crescimento do Brasil. No entanto, não temos como fugir deste cenário, pois a janela demográfica favorável está se fechando.
Ao mesmo tempo, é preciso adotar medidas que melhorem a produtividade, já que ela está estagnada desde a década de 1980 - em outras palavras, neste importante indicador, o país está 38 anos atrás dos países considerados mais produtivos. Entre os aspectos que influenciam de maneira positiva o aumento da competitividade, estão: terceirização, nova lei trabalhista e investimento em tecnologia.
Podemos dizer que as novas tecnologias e a democratização proporcionada por elas permitem que até mesmo micro e pequenos negócios tenham acesso a essas ferramentas mais recentes e façam frente a grandes companhias, forçando-as a serem mais competitivas do que as pequenas empresas. É por isso que a pesquisa Expectativas do Empresariado para o País e os Seus Negócios, da Deloitte, indica que 97% dos empreendedores desejam investir em 2019. Desse total, 59% pretende adotar uma nova tecnologia.
O World Economic Forum, que ocorre enquanto escrevo este artigo, deve trazer um novo cenário sobre os riscos globais, o que nos afeta também. Mas sobre ele falaremos em um artigo futuro.
E por que tudo isto é importante para o profissional de P&D? O cenário acima ajuda a explicar por que alguns projetos que vão ao encontro destes prováveis cenários estagnam nas bancadas e outros, que encampam produtividade, ganham asas. Faça-se a pergunta: os meus projetos de desenvolvimento indicam ganho de produtividade? Trabalham contra a inflação? Atendem a uma nova configuração demográfica?
Com tudo isto, 2019 deve se apresentar como um ano melhor que o anterior, porém ainda não o “melhor ano de nossas vidas”.
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