Embale Certo

Terceirizar sem esquecer o CQ das embalagens

Janeiro/Fevereiro 2018

Antonio Celso da Silva

colunistas@tecnopress-editora.com.br

Antonio Celso da Silva

Lá se foi 2017 levando consigo toda desesperança. Ficou para o novo ano toda a responsabilidade de um recomeço de esperança, de recuperação e de volta por cima desse nosso país.

Por mais que a classe política nos puxe para baixo, o empresariado é essencialmente brasileiro, não desiste nunca.

Fazendo um breve balanço do que aconteceu no nosso setor, podemos dizer que houve lampejos de recuperação, porém, ainda sem empolgação, para entrarmos de cabeça em altos e novos investimentos. Tudo requer muita cautela.

Se houve um setor do mercado cosmético que pôde comemorar alguma coisa, esse setor foi a terceirização na fabricação, ou seja, aquelas competentes empresas especializadas em produzir várias marcas.

Percebe-se um movimento com tendência de aumento da migração de marcas que possuem fábrica para empresas de terceirização.

Grandes fabricantes estão fechando suas plantas e se livrando de custos fixos, baixa produtividade, manutenção e investimento do parque industrial, processos trabalhistas, fiscalizações indevidas, licenças problemáticas, enfim, tudo o que tira o sono do empresário. Estas indústrias estão focando e investindo na própria marca.

Por outro lado, vemos dia após dia, o nascimento de novas fábricas com foco em terceirização, porém, cada vez mais agregando novos valores nesse trabalho. O que essas empresas têm feito é exatamente tentar atender no detalhe tudo que as marcas tinham quando mantinham suas fábricas.

Por mais que a nova realidade traga benefícios, traz também os dissabores de ter que entrar na fila da programação dos terceiristas, o que não acontecia quando se era proprietário de uma fábrica somente para sua própria marca. Daí a importância da escolha certa do terceirista.

Sempre quando me pedem para indicar um bom terceirista, eu respondo que essa pergunta não vale e precisa de complementos, ou seja: para quais produtos, qual a quantidade, qual o prazo, tem fórmula desenvolvida ou precisa desenvolver etc.

Quero dizer com isso que a escolha do terceirista passa necessariamente primeiro por uma autoavaliação de quem você é e do que precisa, para coincidir com o perfil de quem vai ser o seu fiel parceiro.

Fiz esse preâmbulo para abordar um assunto que é de fundamental importância quando se entrega a produção da sua marca para um terceirista, e mais ainda, quando fecha a sua fábrica.

Estamos falando do assunto qualidade, que, mesmo na pior das hipóteses, tem que ser mantida, sob pena de acabar em pouco tempo o que se levou anos para construir, que é a credibilidade da marca. Qualidade é, antes de tudo, a conformidade com as especificações e os padrões, o que quer dizer que não adianta cobrar qualidade do terceirista se você não sabe o que quer, ou melhor, se não tem isso por escrito, especificado.

Na terceirização, o foco da qualidade é normalmente no produto: pH, viscosidade, densidade, microbiologia; características e parâmetros que são mensuráveis, diferentemente das embalagens que passam por avaliações por atributos, ou seja, aquilo que não se consegue mensurar.

O grande problema, portanto, é quando falamos de qualidade das embalagens. Existem as especificações por escrito?

Os padrões exemplificados em amostras estão necessariamente em duplicata para fornecedor e cliente? Foi definido quem fará o controle de qualidade das embalagens que irão direto do fornecedor para o terceirista? O terceirista tem conhecimento dos padrões exigidos pelo seu cliente e tem autonomia para reprovar um lote não conforme? Ou a aprovação/reprovação vai depender da necessidade e urgência do pedido?

Tudo isso são capítulos que, na maioria das vezes, ainda não foram escritos nessa nova relação terceirista x cliente.

E tudo isso passa, necessariamente, primeiro por um treinamento dos técnicos do terceirista, treinamento esse que deve ser ministrado pelos técnicos do cliente aos técnicos do terceirista.

Quero dizer com isso que comete um grave erro quem fecha sua fábrica para terceirizar a produção, dispensando de imediato todo o pessoal de fábrica, inclusive o controle de qualidade.

Pelo menos no período inicial, é mandatório (como diria o meu amigo Gradim) que se mantenham os técnicos de embalagem, mesmo que eles passem a ser prestadores de serviço da marca.

O assunto controle de qualidade de embalagens é sempre muito polêmico, pela falta de normas ou portarias oficiais e a consequente torre de babel quando se fala das especificações e principalmente dos NQAs (nível de qualidade aceitável) adotados.

Considerando que ele varia de empresa para empresa, de fornecedor para fornecedor, nos indefinidos defeitos críticos, maiores e menores. A falta de unificação de linguagem na definição desses defeitos é a grande causadora de polêmicas e até brigas técnico-comerciais entre cliente e fornecedor. Imagine adicionando um terceirista nesse meio.

O recado que fica desta vez é: não se esquecer da importância da qualidade das embalagens e da readequação do processo quando a marca fecha sua fábrica e terceiriza sua produção.



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