Boas Práticas

A psicologia na Qualidade

Novembro/Dezembro 2017

Carlos Alberto Trevisan

colunistas@tecnopress-editora.com.br

Carlos Alberto Trevisan

Durante este ano, tive a oportunidade de apresentar, em várias capitais brasileiras, uma palestra sobre uma nova abordagem das boas práticas de fabricação. O auditório era de executivos, pesquisadores e técnicos do nosso setor industrial. Do feedback dessas palestras, concluí que é muito grande o desconhecimento quanto à importância do comprometimento dos colaboradores com o processo da Qualidade. Em certos casos, percebi que existia o comprometimento de alguns membros, mas isso não era suficiente para “contagiar” os demais membros da equipe. Tudo isso devido a problemas de comportamento.

A psicologia lida com os comportamentos e ensina que todo comportamento é resultante de um contexto. Nesses casos, a psicologia atua nas organizações, conciliando o contexto com o ambiente existente e melhorando a qualidade do relacionamento e do comportamento do colaborador nas suas atividades.

Ao considerar e aceitar a existência do contexto, automaticamente, somos levados a pensar sobre a importância da cultura organizacional. A psicologia possui recursos para atuar nas melhorias necessárias para colocar a cultura organizacional na forma mais adequada para a implantação dos sistemas. A melhoria ou a alteração da cultura organizacional são duas das atividades mais desafiadoras, pois, na maioria dos casos, implicam alterar crenças e/ou comportamentos existentes de modo enraizado nas pessoas.

Raras são as empresas que não necessitam de mudanças em sua cultura organizacional, entretanto sempre está presente a necessidade de conhecer e compreender a cultura existente, o que possibilita a implantação mais simples ou menos trabalhosa de melhores práticas e processos. Devemos sempre ter em mente que a melhoria da cultura organizacional existente obriga que ocorra um processo de reeducação de todos os membros dos departamentos da organização, em especial, dos que exercem os cargos de direção e de supervisão, devido à importância que representam para o processo de gestão.

Uma das características que sempre se apresenta, prioritariamente, quando a psicologia é aplicada, é a melhoria quase instantânea da produtividade. Não podemos nos esquecer que a produtividade e a motivação dos colaboradores têm estreita relação de dependência.

A psicologia proporciona autoconhecimento. O autoconhecimento é sempre apontado como fundamental e muito valorizado nas organizações, porém as atitudes que são colocadas em prática, muitas vezes, não resultam nos objetivos pretendidos.

Só como referência, pesquisas do clima realizadas em organizações indicam comentários de colaboradores sobre a não participação da supervisão e da gerência em atividades e a não participação efetiva, nessas atividades, dos demais colaboradores.

Muitas organizações acreditam que o treinamento pode desenvolver lideranças, mas se enganam quanto aos critérios para a escolha dos candidatos. Deve ser considerado o nível de autoconhecimento desses candidatos, pois, se a pessoa não conhece a si mesma, como poderá conhecer os demais para liderá-la?

Já é aceito o conceito de que o desenvolvimento de colaboradores na organização por meio de seu treinamento tem melhor aproveitamento sempre que os participantes possuem algum nível de autoconhecimento. Nos treinamentos, deve-se considerar qual é a finalidade de transmitir informações e conhecimentos aos treinandos, sob o risco de estar simplesmente amestrando os colaboradores.

O organismo humano pode emitir respostas deliberadas ou autônomas, isto é, algumas coisas você escolhe, outras nem tanto. Um exemplo disso é quando você está sofrendo por estresse. As emoções parecem estar mais à flor da pele, a atenção lhe escapa, o raciocínio parece limitado, não é?

Estas são respostas autônomas do organismo, e existe sentido nisso. As respostas autônomas são positivas, pois priorizam a saúde do organismo. No entanto, elas se antepõem sobre as respostas deliberadas – ou seja, o colaborador não conseguirá produzir ou ser criativo em um ambiente que não lhe proporcione condições de bem-estar.

Quando o corpo mostra esses sinais, está avisando que algo está errado na maneira como a pessoa vem lidando com o trabalho.



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