Tricologia

Tingir ou não tingir: eis a questão

Maio/Junho 2017

Valcinir Bedin

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Valcinir Bedin

O hábito de tingir os cabelos é tão antigo quanto as civilizações milenares conhecidas, como os chineses e os indianos, que se utilizavam de plantas, ervas e raízes para esse fim. No nosso país, há relatos de que os índios se utilizavam de plantas como o jenipapo para cobrir os fios e dar a eles uma coloração avermelhada por muito tempo.

Os povos hebreus e persas, assim como os romanos e os gregos, também tinham este hábito. Os romanos usavam corantes para colorir os cabelos feitos com tinturas metálicas contendo acetato de chumbo, obtidos mergulhando pentes de chumbo em vinho azedo e, também desta época, são conhecidos alguns remédios para a calvície, que já não era muito bem vista.

Na Idade Média, o hábito era usar cabelos aloirados e, para tal, utilizava-se princípios ativos como o sulfureto de arsênico, a cal viva, unguentos feitos de cinza de ouriço, sangue de morcego, asas de abelha, mercúrio e baba de lesma associados à cocção de lagartos verdes no óleo de noz e enxofre.

Em 1863, August Wilhelm von Hofmann provocou uma
verdadeira revolução na indústria de cosméticos. O químico descobriu as propriedades de coloração do PPD (parafenilenodiamina) - que domina o campo até os dias atuais, e suas pesquisas levaram à criação das tinturas artificiais para cabelos.

A técnica de descoloração dos cabelos com peróxido de hidrogênio apareceu na exposição de Paris, em 1867. Foi apresentada por dois criadores, um químico inglês chamado E. H. Thillary e um cabeleireiro francês de nome Leon Hugot. Eles demonstraram que esta técnica provocava menos agressões quando comparada a soluções alcalinas.

Várias tentativas foram feitas no sentido de encontrar um produto ideal para atingir o objetivo final, que era mudar a cor dos fios de uma maneira duradoura. Em 1883, o famoso pintor Monet patenteou um processo para coloração da pele usando a p-fenilenediamina e o peróxido de hidrogênio.

Seguindo a nossa linha do tempo, chegamos a 1907, quando um jovem químico chamado Eugéne Schueller criou suas primeiras fórmulas para tinturas para cabelos, à qual deu o nome de Oréal, que apregoava ser sem produtos químicos agressivos. Essas tinturas foram uma inovação na época, pois apresentavam várias cores com aspecto natural e não o artificial da henna e dos sais minerais até então existentes. O hoje famoso grupo L´Oréal foi fundado por ele dois anos mais tarde.

Em 1931, o shampoo tonalizante se tornou um sucesso logo ao ser lançado, e, em 1953, o creme tonalizante permanente ofereceu uma maneira mais rápida de transformar o visual.

As tinturas semipermanentes e temporárias não foram desenvolvidas até 1950, quando foram incorporadas na indústria têxtil e na indústria de cosméticos. Em 1980, os níveis de ingredientes ativos de tinturas semipermanentes precisaram ser reduzidos para prevenir a descoloração excessiva e diminuir a penetração do produto nos cabelos, de forma que a cor fosse formada apenas na superfície da fibra capilar.

Já no atual milênio, as inovações não pararam. Em 2003, pesquisadores criaram um método para reduzir os danos causados pela hidroxila e melhorar a formação da cor nos fios ao adicionar ácido etilenodiamina dissuccínico aos produtos tonalizantes. A substância quelante captura íons metálicos, de forma a prevenir a formação de cobre nos cabelos. Pouco tempo depois, em 2007, um novo descolorante foi desenvolvido. O produto diminuiu consideravelmente os danos causados à fibra capilar, além de reduzir o tempo necessário para tonalizar as madeixas para apenas dez minutos.

Os trabalhos acadêmicos mais recentes mostram que as tinturas modernas podem ser um agente protetor dos fios contra agressões como calor, vento ou poluição.

O fato de se usar uma tintura para cobrir os cabelos descoloridos pelo tempo tem uma justificativa bastante fácil de se entender e aceitar. Queremos parecer sempre mais jovens do que somos! As justificativas são muitas, como o mercado de trabalho, o apelo pelo jovem, o desprezo que a sociedade ocidental como um todo tem pelos mais velhos. Existem até alguns ditados populares que lembram esta situação, como aquele que diz que as mulheres não envelhecem, elas “aloirecem”!

Para quem gostar do tema, sugiro a leitura de um trabalho extenso desenvolvido no departamento de psicologia da Universidade da Califórnia em Berkeley chamado Por que os homens preferem as loiras. Neste artigo científico, os autores enumeram algumas das características que as mulheres com cabelos loiros têm que fariam com que, mesmo inconscientemente, os homens se sentissem atraídos por elas.

Verdade ou não, as mulheres do mundo todo têm o hábito de mudar a cor dos seus cabelos naturais, devolvendo a eles a cor da juventude ou alterando a cor sempre com a intenção de melhorar a aparência. O nosso trabalho é procurar métodos que possam atender essa necessidade dos usuários sem prejudicar os fios.



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