Embale Certo

Controle da qualidade no recebimento

Maio/Junho 2017

Antonio Celso da Silva

colunistas@tecnopress-editora.com.br

Antonio Celso da Silva

Cada vez mais nos deparamos com a falta de gente e as urgências no dia a dia da fábrica. Como consequência, deixamos de cumprir ou pulamos etapas nos projetos e acabamos fazendo somente o que achamos ser mais importante.

É óbvio que isso não é o correto, mas, entre o que precisa ser feito e o que dá para fazer, o abismo é grande, principalmente quando falamos de embalagem nas pequenas e médias empresas.

Novamente volto ao ponto de que sempre falo nos meus cursos e palestras, ou seja, toda a importância é dada ao produto, e a embalagem fica sempre para um segundo plano, mesmo sendo evidente que a embalagem, não raras vezes, tem custo maior que o produto, além de ocupar um grande espaço no estoque e ter lead time de entrega muito mais longo que as matérias-primas.

Precisamos entender o que é o controle de qualidade de embalagem, como se faz, quem faz, o que é necessário.
A primeira resposta sobre qualidade é a adequação às especificações técnicas, o que significa que, para controlar a qualidade das embalagens, é preciso antes ter padrões definidos, ter essas especificações que podem ser fornecidas pelo fabricante da embalagem, tanto do aspecto dimensional quanto visual.

Como se faz o controle de qualidade? Seguindo exatamente essas especificações acordadas entre o cliente e o fornecedor.

Quem faz o controle? Normalmente, são pessoas treinadas dentro da empresa, mesmo sendo de outras áreas, considerando a escassez desse profissional.

Para fazer esse trabalho, além das especifi cações e da pessoa treinada, é preciso ter equipamentos e um espaço destinado para essa operação. É exatamente quando se fala em pessoas treinadas e equipamentos que o projeto morre, e não se implanta um controle de qualidade de embalagens nas empresas.

Para resolver o problema, se não tem uma pessoa treinada, peça ajuda a um dos consultores da área. Embora sejam poucos, existem no mercado.

Com relação aos equipamentos, existe aqui um grande engano, pois diferentemente da montagem de um laboratório químico ou microbiológico, o investimento é muito pequeno. Estamos falando a princípio de equipamentos básicos: paquímetro, régua metálica e balança semianalítica. Com esses poucos itens, já é possível começar a fazer as inspeções em
uma embalagem.

Entrando um pouquinho mais no assunto, não é possível fazer o controle de qualidade nas embalagens se você não tem um plano de amostragem definido, assim como os respectivos NQAs (nível de qualidade aceitável).

Não existe uma portaria da Anvisa ou do Inmetro ou alguma lei que diga qual plano deve-se usar ou qual o melhor NQA.

Em resumo, existe o que o mercado pratica. O plano utilizado é o Military Standard 105 D. Para nível de qualidade aceitável, o mais praticado pelo mercado é 0,25 para defeito crítico, 1,5 para defeitos graves ou maiores e 4,0 para defeitos mínimos ou leves.

É importante salientar que o plano a ser utilizado, bem como os NQAs, devem ser acordados com o fornecedor. Nada adianta implantar um sistema de controle se o seu fornecedor não faz a mínima ideia do que é isso. Para os fornecedores de maior porte, isso é o dia a dia, o bê-á-bá.

Também é importante salientar que, se a empresa não tem um sistema de controle de qualidade no seu recebimento e isso for de conhecimento do fornecedor, corre-se o risco de receber embalagens com mais problemas, principalmente aquelas em que o molde não é exclusivo, ou seja, é uma embalagem standard de mercado.

Mas, voltando ao problema das urgências, se você não faz controle de qualidade no recebimento de cada lote ou tem que “pedalar” as inspeções (o que não é recomendável), exija do seu fornecedor o laudo de análise do lote que está recebendo. Isso é o mínimo que o fornecedor tem que fazer.

Tendo um sistema de controle implantado, aconselha-se fazer a inspeção no fornecedor, de maneira que o lote chegue aprovado e possa ir direto para a linha. Isso agiliza o processo e mata a urgência.

Outro caminho é ter, junto ao fornecedor, a chamada qualidade assegurada em que os lotes chegam e não passam por inspeção. Nesse caso, estamos falando aqui de outro capítulo e, para chegar nesse nível, é preciso antes ter o controle de qualidade implantado e funcionando.

Como disse antes, esse assunto é bem abrangente e aqui fica apenas um aperitivo, mas também fica a seguinte mensagem: implantar um controle de qualidade de embalagens na empresa não é um bicho de sete cabeças.



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