Temas Dermatológicos

Pele negra

Março/Abril 2017

Denise Steiner

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Denise Steiner

A pele negra e a pele branca, por incrível que possa parecer, são mais semelhantes do que diferentes. No entanto, a capacidade do melanócito, que é a célula produtora de melanina, da pele negra é muito maior, produzindo grandes quantidades do pigmento, principalmente quando estimulada por sol ou outras agressões.

O cabelo da raça negra também tem características próprias, sendo mais enrolado e mais fino, justificando cuidados especiais.

Os negros têm algumas doenças, como queloide e dermatose papulosa nigra, em maior proporção que os brancos. Outras características também ocorrem, como melanoma acral, que é mais grave nos negros.

Porém, a grande diferença clínica consiste em responder mais intensamente a qualquer tipo de agressão, seja doença, medicamento ou procedimento.

A pele negra mancha mais e escurece mais quando são realizados procedimentos como peelings ou laser. A pele negra pode apresentar doenças como o vitiligo, o que, neste caso, fica mais evidente devido ao contraste das cores. Outra característica é que, quando a pele negra está ressecada, também pode apresentar manchas hipocrômicas mal delimitadas, relacionadas à desidratação da pele.

Além disso, nos negros, toda lesão infl amatória, como a acne e o líquen plano, apresenta uma coloração bem mais marcante do que na pele branca.

Não há tratamentos específicos para a pele negra e sim adaptações, usando menores concentrações de ativos nos peelings ou menor energia com os aparelhos de laser. Por isso, ela pode ser submetida a procedimentos variados, como peelings, lasers, microagulhamento, toxina botulínica e preenchimento.

Caso a pele seja muito agredida por estar mal preparada, ela pode manchar devido à hiperpigmentação pós-inflamatória.

O tratamento com laser é sempre mais difícil na pele negra, porque a maioria dos lasers age em alvos específicos, denominados cromóforos, sendo um dos mais importantes a melanina. Neste caso, os parâmetros precisam ser mais suaves, para que a pele não fique queimada. Além disso, no caso dos peelings, se houver muita infl amação, a tendência é ocorrer uma maior produção de pigmento em resposta à agressão.

Assim como no caso dos lasers, os peelings também devem ser ajustados para a pele negra, utilizando-se concentrações mais baixas, menos camadas e menos pressão, além de preparar a pele com tretinoína (derivado da vitamina A) e hidroquinona, que é um clareador. Podemos utilizar peelings de ácido retinoico, alfa-hidroxiácidos e também ácido salicílico. Durante o período de descamação, a pele deve ser protegida com filtro solar, e a recuperação da pele negra ou miscigenada, quando realizamos um peeling, é mais difícil do que na pele branca.

A pele negra tem a proteção extra de maior quantidade de melanina, sendo menos suscetível ao chamado fotoenvelhecimento e apresentando menos rugas e manchas que a pele branca da mesma idade. Isso não quer dizer que ela envelheça menos, pois a pele negra também pode apresentar um grau importante de fl acidez.



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