Embale Certo

Embalagens airless

Janeiro/Fevereiro 2017

Antonio Celso da Silva

colunistas@tecnopress-editora.com.br

Antonio Celso da Silva

Em tempos de crise, devemos questionar mesmo o inquestionável.

O nosso setor vive de lançamentos e sobrevive exaltando o bem-estar, a autoestima, a beleza, a sedução. Porém, sejamos “pés no chão”: tudo isso só vale se o produto der lucro, se conseguirmos pagar as nossas contas, o que, convenhamos, ultimamente é para poucos.

Sempre quando falamos de maquiagem já vem à cabeça a dificuldade de se conseguir uma embalagem de qualidade com preço competitivo e que não seja em quantidades mínimas proibitivas. Descobriu-se, então, o mundo das embalagens importadas, que, por sua vez, jogam uma pá de cal nos fornecedores nacionais, que, diga-se de passagem, realmente deixam muito a desejar em termos de qualidade.

Descobre-se o maravilhoso mundo das embalagens chinesas, e já não é mais demérito usar no seu produto bem conceituado no mercado brasileiro uma embalagem chinesa, pois diferentemente da fama dos produtos paraguaios, na China também existem fornecedores com qualidade europeia. E para fechar e afugentar o problema, nascem várias empresas no Brasil que importam, fazem estoque local e vendem essas embalagens standard para quem quiser, em quantidades compatíveis com o tamanho dessas empresas e, obviamente, dos seus bolsos.

Com a crise batendo forte à porta - aliás, isso me faz lembrar uma famosa e antiga propaganda de inverno das Casas Pernambucanas -, o mercado brasileiro começa a repensar essas importações e, mesmo não querendo, volta a procurar as embalagens nacionais. Isso porque, com o dólar nas alturas, já não são mais competitivas as embalagens importadas, exceto para grandes quantidades e obviamente para as potências em termos de maquiagem, o que, diga-se de passagem, são novas empresas e com volumes de venda que deixam qualquer tradicional empresa de maquiagem nacional muito preocupada.

Em resumo, nota-se nos últimos meses uma procura maior pela embalagem de maquiagem nacional. Isso basicamente porque se negocia olhando no olho do dono, o que torna o negócio como um todo muito mais “pé no chão”, que é exatamente o que deve ser feito em tempos de crise.

Todo esse preâmbulo foi para dizer que, a exemplo das embalagens de maquiagem, é hora de repensar todas as embalagens. E a preocupação maior é o custo.

É sabido que, na composição do produto, a embalagem contribui com grande parte do custo. Então, se estamos falando em redução de custo, a embalagem é o foco principal.

Por falar em redução de custos - e uma coisa tem a ver com a outra -, para quem trabalha com vendas no varejo, o que mais se ouve falar é em reposicionamento de preços, e é lógico que o reposicionamento é para baixo e para acompanhar a concorrência. Isso porque o consumidor já não se sente mais atraído por kits, presentinhos etc. O que ele quer mesmo é pagar mais barato.

Na contramão da história e puxando o coro das embalagens importadas e caras, está a famosa embalagem airless. Isso virou uma febre no mercado brasileiro, a ponto de já existir até bisnaga airless. Mas o que é uma embalagem airless? Como o próprio nome diz (e trazendo para o português), é uma embalagem na qual o produto não tem contato com o ar, sem ar. Nessas embalagens, o acionamento de válvula para puxar o produto funciona como um êmbolo de seringa. Cada vez que a válvula é acionada, o fundo vem junto, não ficando espaço para o ar dentro da embalagem. Obviamente, essas embalagens são para produtos não pastosos, pois não têm pescante, que é aquele “canudo” acoplado na válvula que puxa o produto. Nesse caso não precisa.

O que precisa ser questionado antes de qualquer coisa é: por que você usa uma embalagem airless? Seu produto precisa? O seu sistema de envase garante que o seu produto não tem ou não teve contato com o ar antes?

Na verdade, essas embalagens só deveriam ser usadas em produtos que realmente precisam dessa condição, por exemplo quando a formulação contém vitamina C não encapsulada na forma de ácido ascórbico, que é extremamente oxidável. Mas a beleza e a praticidade dessa embalagem fizeram com que ficasse para um segundo plano a real função da embalagem airless.

Não estou aqui criticando essa embalagem, pois também sou usuário dela na minha empresa, o que quero é alertar as empresas que estão pagando muito mais caro quando poderiam estar usando uma embalagem parecida (não airless) mais barata e repassando esse preço menor para o preço final do seu produto, tornando-o mais competitivo, que é o que o mercado vem fazendo, como citei acima.

Já existe no Brasil uma empresa fabricando essa mesma embalagem, porém com pescante.



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