Tendências

Sensploration

Maio/Junho 2016

John Jimenez

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John Jimenez

A palavra “luxo” vem do latim “luxus”, procedente do campo agrícola, e significa “crescer em excesso”. Com o passar do tempo, esse termo foi se convertendo em sinônimo de excesso em geral. Logo, esse excesso se converteu numa “genética premium”, a qual determina que cada produto deve ter uma diferença intrínseca, tecnológica ou de desenho que contribua com um desempenho funcional ou sensorial superior à média, conseguindo impactar emocionalmente os consumidores que o compram, por meio de histórias, experiências e valores. Uma recente publicação indica que 56% das vendas do setor de luxo nos Estados Unidos para os natais anteriores estiveram dirigidas a experiências de luxo mais do que a produtos concretos. A sensploration é a tendência que está impulsionando o desenvolvimento dessa categoria.

Essa tendência começou no mundo dos coquetéis. Esse termo foi criado para descrever uma viagem multissensorial - não mais restrita ao sabor – no decorrer da experiência do coquetel. A sensploration nasceu na psicologia no final dos anos 1990 por meio de estudos que buscavam determinar como os sentidos interagem entre si e com o meio. Está impulsionada por aqueles consumidores curiosos que não estão preocupados com a marca, mas que têm muitas expectativas em relação à experiência com o produto. A ideia é que o consumidor abandone o pensamento racional para que sinta prazer com a estimulação dos sentidos, desbloqueie as papilas e experimente sabores com novas intensidades, texturas e imagens associadas a notas olfativas.

Um recente estudo realizado pela Oxford University constatou que a forma do recipiente do coquetel pode influenciar a percepção do sabor. Esse estudo também demonstrou que o contexto, o ambiente no qual a bebida é consumida, também pode melhorar o sabor e a degustação dos coquetéis em até 20%. Além disso, a pesquisa mostrou que 56% dos consumidores estão dispostos a investir mais nesse tipo de experiências. O desafio é explorar os aspectos emocionais das bebidas.

A aparência, as cores, os sons, a música e o olfato podem influenciar a forma que os coquetéis são percebidos, e isso pode ser aplicado também aos cosméticos.

A realidade virtual e a realidade aumentada são as aliadas dessa tendência, já que potencializam as sensações e as experiências vivenciadas pelos clientes. Estima-se que o mercado de realidade virtual passará dos 90 milhões de dólares de 2015 a 5,2 bilhões em 2018. Por essa razão, restaurantes, bares e barmen estão desenvolvendo inovadoras formas de consumo de coquetéis e da gastronomia em geral, por meio de elementos sensoriais cada vez mais complexos e elaborados.

Um exemplo dessa tendência em cosmética foi feito no ano passado por um famoso hotel na Europa, que abriu um bar onde as bebidas são inspiradas em fragrâncias ícones do mundo dos luxuosos e têm seu sabor, convidando os consumidores a utilizarem não somente o paladar, mas também o tato e o olfato, por meio de coquetéis que são autênticas obras de arte.

Graças à sensploration, as marcas de luxo estão formando uma identidade icônica, sustentada por uma comunicação coerente em todos os seus pontos, com matérias-primas diferenciadas, estética sofisticada e pontos de venda exclusivamente desenhados, que oferecem novas experiências multissensoriais. Como resultado, os consumidores estão sendo arrastados magneticamente a esse novo mundo de experiências irresistíveis, porque a emoção é o argumento contra a racionalidade na hora de comprar.

Henry será um dos grandes usuários de produtos influenciados pela tendência sensploration, porque representa o futuro dos consumidores na categoria de luxo. De fato, todas as marcas querem conhecê-lo e querem entendê-lo. Mas quem é Henry? As High-Earners-Not-Yet-Rich (Henry) são pessoas com salário alto, mas que ainda não são ricas, traduzindo a expressão para o português. Elas têm renda familiar entre 200 e 500 mil dólares por ano e idade entre 25 e 34 anos. O número de lares de Henry está crescendo em muitos países e, embora não cheguem ao gasto excessivo em bens de luxo, seu potencial é muito alto.

Ao contrário dos hábitos de consumo tradicionais, tais como investir numa propriedade ou economizar para um casamento, os Henrys preferem gastar seu dinheiro em experiências e produtos para um estilo de vida melhor. Esses resultados indicam uma mudança na mentalidade dos consumidores, que estão valorizando mais as experiências do que produto.

Sensploration = Sense + Exploration. Será o próximo caminho que transformará o mundo de bens e serviços de luxo, proporcionando uma experiência além dos sentidos. Aqui, o que importa é viver algo realmente único. Inspiração para a inovação em cosmética prestigie, na qual o objetivo é proporcionar aos consumidores experiências que apelam a todos os sentidos.



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