Tricologia

Exportar é o que importa

Janeiro/Fevereiro 2016

Valcinir Bedin

colunistas@tecnopress-editora.com.br

Valcinir Bedin

Quando falamos em exportações no Brasil, logo vêm a nossa cabeça as chamadas comodities, que são as nossas maiores riquezas - especialmente a soja, que viaja da região Centro-Oeste do país até a China.

Este conceito que se tem do nosso país, de que somos o celeiro do mundo, não precisa ser perdido, mas pode ser acrescido de outros.

O Brasil não tinha uma história de país produtor e, consequentemente, de exportador, de tecnologia avançada. Este cenário tem sido mudado nos últimos anos e hoje já vemos grandes corporações nacionais enfrentando a concorrência internacional.

Na área específica dos cabelos, nós temos plenas condições de enfrentar os concorrentes mundiais por alguns motivos, a saber:

Nós somos um país continental, e isso quer dizer que temos condições climáticas que vão do calor intenso aliado ao clima seco até casos esparsos de neve, no sul do país.

Nós temos uma diversidade de povo como nenhum outro lugar do mundo. No Brasil, encontram-se todas as raças, e a mistura entre elas é comum e constante.

E, por último, mas não menos importante, nós temos matéria-prima em abundância, bastando que ela seja buscada no lugar certo com as ferramentas corretas. Além do mais, temos fauna e flora abundantes, que podem fornecer insumos naturais como em nenhum outro lugar do planeta.

Mas, então, o que está faltando para sermos um grande concorrente neste mercado mundial?

A meu ver, falta, ainda, um estímulo às áreas de pesquisa e desenvolvimento de produtos, especialmente nas universidades, onde a relação escola-empresa ainda é vista por muitos como espúria e desnecessária!

A universidade precisa se desencastelar e ter mecanismos mais ágeis, para que a sua função, que é congregar o conhecimento, seja plenamente atingida. Se temos material humano para pesquisas, se temos técnicos e profissionais universitários aptos a realizá-las, por que não temos uma produção científica que nos coloque no topo da escala das instituições do setor? É necessário que se criem mecanismos sérios de relacionamento entre as instituições de ensino e as empresas para que esta relação seja uma constante e não uma exceção!

Países mais desenvolvidos têm uma relação entre as suas universidades e empresas que torna ambas mais produtivas, levando a uma produção científica voltada para as reais necessidades do mercado e da população.

Nos Estados Unidos, é muito comum ver indivíduos ou empresas patrocinando desde pequenos projetos, cátedras e até universidade inteiras sem que pairem sobre essas relações quaisquer dúvidas de moral e caráter. Infelizmente não vemos estes procedimentos acontecendo no Brasil. É importante que se mude este paradigma, que se aproxime mais as instituições públicas das privadas e que este casamento frutifique.

As especificidades da população brasileira levaram ao desenvolvimento de produtos como os amaciantes, alisantes capilares e as escovas progressivas, que acabaram sendo exportados para a América do Norte e Europa, mas de uma maneira que não foi contínua e com o esforço individual dos seus detentores.

Além da melhoria das relações institucionais, com criação de prêmios para melhores programas e estímulo aos jovens pesquisadores, deveríamos criar uma agência específica para intermediação deste tipo de produto com o mercado internacional, levando em consideração a existência de pequenas empresas no setor.

Esta agência deveria ser independente, sem laços políticos, e teria de ter, como seus objetivos, entre outros, o estímulo à criação de empresas, trabalhando como assessoria desde as bases iniciais até a finalização do produto. Deveria prestar ainda ajuda técnica nos trâmites da exportação dos produtos.

Como uma reflexão, sugiro aos nossos representantes que pensem neste assunto e, para dar mais subsídios ao processo, sugeriria que se criassem agências regionais municipais (em grandes cidades e capitais), estaduais e a central, que agruparia todas as ideias e os procedimentos.

Estas agências se ocupariam de, numa forma regional, estimular a pesquisa e a produção de produtos relacionados, sendo mantidas pelos próprios empresários locais, que contribuiriam para sua existência e sustentabilidade.

Desta maneira, conseguiríamos manter a independência e a força necessárias para a implementação deste programa.

Acredito que, com estes estímulos, poderíamos trilhar um novo caminho rumo àquilo que, aparentemente, é nosso por direito e por mérito.



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