Embale Certo

Quando a embalagem realmente faz a diferença

Setembro/Outubro 2015

Antonio Celso da Silva

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Antonio Celso da Silva

As etapas do desenvolvimento de um produto são fruto de um bom e necessário briefing, seja em uma empresa de pequeno, médio ou grande porte. Obviamente, nas pequenas empresas, o briefing é substituído pela presença física de cada um dos envolvidos no projeto, inclusive - e principalmente - o dono.

O produto que está nascendo tem seu apelo e seu foco bem definidos, nos quais trabalham fortemente as equipes de P&D e MKT. O marketing precisa “vender” a ideia da melhor forma possível para a área comercial, para que o novo produto seja um sucesso.

Para o departamento comercial, é muito importante que o produto tenha apelos vendáveis, porém, mais importante que isso é que a embalagem não seja o complemento, mas talvez a parte mais importante desse apelo, para que a venda efetivamente aconteça.

A grande pergunta é: o que fazer para que a embalagem venda o produto? E, indo mais além, o que fazer para que a embalagem seja realmente o grande diferencial do produto? É importante lembrar que, quando falamos de produto, precisamos considerar que ele é composto pela embalagem primária e pela secundária, e o que causa impacto no ponto de venda ou no primeiro olhar do consumidor é a embalagem secundária - exceto quando o produto não tem embalagem secundária, como shampoos, condicionadores e outros produtos. Nesses casos, a primária precisa ser bem trabalhada.

Mas o grande desafio dos “embalageiros” de plantão (como diz a minha amiga Assunta Napolitano) é criar uma embalagem cujo diferencial esteja na embalagem primária, mais especificamente na aplicação, no uso do produto. Nesse aspecto, entram as boas cabeças criativas com grandes ideias, o que tem sido chamado ultimamente de inovação. Inovar, ser diferente, ser melhor.

Pensando dessa forma, algumas embalagens nos vêm à cabeça. Uma delas é a tradicional válvula pump, que entrega a espuma do produto, originalmente na forma líquida dentro do frasco. A eliminação das travas de fechamento nos estojos de maquiagem, substituídas pelos ímãs, é outro exemplo. Também vale destacar os maravilhosos frascos air less, que acabaram com a dor de cabeça dos formuladores, que precisavam usar uma matéria-prima sensível à oxidação pela presença do ar contido nos espaços vazios da embalagem, espaço esse que surge com o uso do produto. Os potinhos de blush com a esponja aplicadora já colocada na parte superior da embalagem, facilitando muito o uso, foram outra boa solução. Mais recentemente, a bisnaga com aplicador que simula a forma e a textura da ponta do dedo indicador também se destacou.

Enfim, são muitas as embalagens que realmente fazem a diferença.

Em minha opinião, nos últimos anos o que ocorreu de mais inovador em uma embalagem para cosmético - e transformou-se no grande diferencial do produto, a ponto de tornar produtos de mesma fórmula diferentes na sua aplicação - foi o surgimento das escovinhas para aplicação das máscaras para cílios, também chamadas de rímel. A infinidade de modelos, formas, texturas, formatos e tipos de material que existem para esse pequeno componente de embalagem é de assustar até os mais experientes “embalageiros”.

A começar pelos tipos de cerdas que compõem essas escovinhas, dentre os quais o silicone é um dos mais presentes. Mas o que chama mesmo a atenção é a criatividade nos formatos, que sempre visam resultados diferentes na aplicação: alongar, espessar, curvar, dar volume, separar os cílios, facilitar a aplicação e melhorar a ergonomia, entre outros. São algumas das dezenas, talvez centenas de diferentes apelos e resultados para um mesmo produto, levando-se em consideração que existem escovinhas que podem agrupar e gerar dois ou até três resultados diferentes ao mesmo tempo.

Em contato com uma empresa que importa essa embalagem e a revende aqui no Brasil - e que agora está montando sua fábrica na cidade de Cotia, localizada na Grande São Paulo -, vi que pelos menos 300 tipos diferentes de escovas para máscaras compõem o portfólio dessa empresa.

A inovação na verdade não está na simples criação de uma nova e revolucionária embalagem, mas na observação diária das necessidades do mercado, mais especificamente no que a consumidora sonha para sua embalagem de cosmético. Feito isso, já é meio caminho andado para o sucesso dessa embalagem.

Enfim, existem embalagens que realmente fazem a diferença e alavancam as vendas de um produto. Se o produto contido nessa embalagem for de boa qualidade, temos o casamento perfeito e o sucesso de vendas garantido.



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