Temas Dermatológicos

Fatores de crescimento como princípios cosmecêuticos

Setembro/Outubro 2015

Denise Steiner

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Denise Steiner

O envelhecimento cutâneo é mediado por uma combinação de efeitos do tempo (envelhecimento intrínseco) e fatores ambientais (envelhecimento extrínseco), com alteração na infraestrutura celular e extracelular. São dois processos independentes, clinicamente e biologicamente distintos, que afetam estrutura e função simultaneamente. Os mecanismos comuns aos dois processos podem fornecer uma oportunidade única para o desenvolvimento de novas terapias antienvelhecimento.

A exposição à radiação ultravioleta gera lesões cumulativas, que aceleram o envelhecimento cronológico normal e exacerbam as injúrias do tecido cutâneo, resultando em fotoenvelhecimento. O interesse dos consumidores em corrigir os sinais do fotoenvelhecimento, como rugas, alterações de pigmentação, flacidez e irregularidades da superfície, aumenta à medida que a população envelhece.

Na última década, os pesquisadores têm focado na fisiopatologia do fotoenvelhecimento e encontraram correlações com alguns aspectos da cicatrização de feridas agudas e crônicas. De interesse específico para os fabricantes de cosmecêuticos são os efeitos dos fatores de crescimento no processo de cicatrização de feridas. Os fatores de crescimento são proteínas reguladoras que mediam as vias de sinalização entre as células e dentro delas. Depois que uma ferida é produzida, uma série de fatores de crescimento chegam ao sítio da mesma e interagem sinergicamente para iniciar e coordenar cada fase da cicatrização.

Centenas de fatores de crescimento foram identificados. Os
que têm importância na cicatrização de feridas são citocinas envolvidas na resposta imunológica e na fagocitose e fatores de crescimento que provocam a síntese de colágeno, elastina e GAGs, componentes da matriz extracelular dérmica que são afetados pela radiação ultravioleta.

A cicatrização das feridas é dependente da interação sinérgica, entre muitos fatores de crescimento. Após a injúria, citocinas e outros fatores de crescimento inundam o sítio da ferida para mediar a resposta inflamatória, promover o crescimento celular e diminuir a contração e formação do tecido cicatricial. O processo cicatricial é comumente dividido em quatro fases, que se sobrepõem e representam a resposta fisiológica à injúria. Essas fases incluem hemostasia, inflamação, proliferação e remodelação.

Durante a hemostasia, as plaquetas liberam várias citocinas e outros fatores de crescimento no sítio da ferida para promover a quimiotaxia e a mitogênese. Na fase inflamatória, neutrófilos e monócitos migram para o sítio da ferida, em resposta a citocinas e fatores de crescimento específicos, para iniciar a fagocitose e liberar fatores de crescimento adicionais, que atrairão fibroblastos.

A fase de proliferação é marcada pela epitelização, angiogênese, formação de tecido de granulação e deposição de colágeno. Durante a proliferação, os queratinócitos restauram a função de barreira da pele e secretam fatores de crescimento adicionais, que estimulam a expressão de novas proteínas queratina. Este ciclo de produção de colágeno e secreção de fatores de crescimento se mantém graças a uma forma de feedback autócrino, que promove a reparação contínua da ferida.

A fase de remodelação é o passo final no processo de reparação da ferida e tipicamente leva vários meses. Durante a remodelação, a matriz extracelular é reorganizada, o tecido cicatricial é formado, e a ferida é reforçada. O colágeno tipo III se deposita durante a fase de proliferação e gradualmente é substituído pelo colágeno tipo I, o qual apresenta ligações cruzadas mais firmes e proporciona maior força de tensão à matriz do que o colágeno tipo III. As células no sítio da ferida secretam diversos fatores de crescimento, que funcionam especificamente remodelando e formando a matriz.

Determinados fatores de crescimento iniciam de maneira direta a atividade que promove a cicatrização de feridas, bem como modificam a atividade de células da matriz extracelular e outros fatores de crescimento.

O estudo do papel dos fatores de crescimento na cicatrização de feridas permitiu que fossem demonstrados resultados cosméticos e clínicos positivos para o tratamento da pele fotoenvelhecida.

Apesar da utilização tópica de fatores de crescimento ser uma abordagem emergente, os estudos iniciais sugerem que a produção de colágeno dérmico e a melhora clínica da pele fotoenvelhecida, são substanciais. Os fatores de crescimento desempenham um papel importante para reverter os efeitos do envelhecimento da pele devido à ação cronológica e aos fatores ambientais. O aumento do colágeno dérmico induzido pelos fatores de crescimento pode ser mensurado por meio de biópsia. Apesar da função dos fatores de crescimento no processo natural de cicatrização de feridas ser complexa e não totalmente esclarecida, parece que depende da interação sinérgica de muitos fatores de crescimento. A aplicação tópica de fatores de crescimento humanos em múltiplos estudos clínicos tem demonstrado reduzir os sinais e sintomas do envelhecimento da pele. O emprego de múltiplos fatores de crescimento em formulações tópicas parece proporcionar um tratamento promissor de primeira linha para a pele com fotoenvelhecimento leve a moderado.



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