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A quantas anda o bem-estar?

Julho/Agosto 2015

Carlos Alberto Pacheco

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Carlos Alberto Pacheco

O IBGE divulgou no início do mês de junho um estudo recente que retrata a percepção do estado de saúde, estilo de vida e doenças crônicas não transmissíveis do Brasil com dados coletados no censo de 2010.

O objetivo do estudo era medir a percepção do estado de saúde do ponto de vista da avaliação qualitativa que os indivíduos fazem da própria saúde, englobando tanto componentes físicos quanto emocionais, além de aspectos do bem-estar e da satisfação com sua vida pessoal. O indicador foi obtido por meio de uma questão única, em que o próprio morador classifica sua saúde em uma escala de cinco graus: muito boa, boa, regular, ruim ou muito ruim. A percepção do indivíduo sobre a saúde não sobrevém apenas das sensações físicas de dor e desconforto, mas, sobretudo, das consequências sociais e psicológicas da presença da enfermidade.

Alguns dados interessantes: cerca de 66,1% dos entrevistados (pessoas com 18 anos ou mais) autoavaliaram sua saúde como boa ou muito boa, sendo a região Sudeste a que apresentou o maior percentual de satisfação – 71,5%. Em relação ao sexo, 70% dos homens consideraram sua saúde como boa ou muito boa, contra 62,4% das mulheres. Em relação aos grupos de idade, quanto maior a faixa etária, menor o percentual, que variou de 81,6%, para aqueles de 18 a 29 anos de idade, a 39,7%, para as pessoas de 75 anos ou mais. Em relação à escolaridade, observou-se que, quanto maior o grau de instrução, maior o percentual daqueles que consideraram sua saúde boa ou muito boa. Entre as pessoas sem instrução ou com o ensino fundamental incompleto, o percentual foi de 49,2%, enquanto para aquelas com superior completo foi de 84,1%.

Com a dimensão “estilo de vida”, o estudo ateve-se à quantificação dos fatores de risco à saúde associados a consumo alimentar, uso de álcool e prática de atividade física e tabagismo, os quais, segundo a literatura especializada, estão fortemente relacionados ao desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis. Entre os indicadores para esta dimensão, escolho para um olhar mais atento os marcadores de padrões saudáveis e não saudáveis de alimentação. São considerados marcadores de padrão saudável de alimentação o consumo recomendado de frutas, legumes e verduras e o consumo regular de feijão.

O estudo indica, por exemplo, que é muito maior a proporção de pessoas com 60 anos ou mais que consomem a proporção ideal de verduras do que entre os jovens de 18 a 24 anos. Trata-se de um indicador ruim, pois, no futuro, teremos uma população idosa com uma saúde claudicante. O consumo de verduras das pessoas com ensino superior completo é significativamente maior (45,9%) do que o dos sem instrução ou com ensino fundamental incompleto (33%). Do lado dos indicadores não saudáveis, o consumo de refrigerantes é significativamente menor para o primeiro grupo (26,1%) contra o segundo grupo (40%).

Por último, os dados da dimensão “doenças crônicas não transmissíveis” focalizaram os agravos da falta de um bom estilo de vida na saúde das pessoas, com destaque para a ocorrência de hipertensão, diabetes, colesterol, asma, doenças cardiovasculares e neuropsiquiátricas e câncer, entre outros problemas de saúde que, em conjunto, respondem por uma significativa parcela das mortes: mais de 70% dos óbito s no país.

Vejamos os dados sobre as doenças cancerigênas. Em 2013, a Pesquisa Nacional de Saúde estimou que 1,8% das pessoas de 18 anos ou mais (2,7 milhões de adultos) referiram diagnóstico médico de câncer. O tipo de câncer com a segunda maior incidência entre homens e mulheres é o câncer de pele não melanoma. De todos os casos de câncer relatados, o de pele nos homens correspondia a 18,7% e, nas mulheres, a 14,4%. Em 2014, esperava-se 98.420 casos novos de câncer de pele não melanoma nos homens e 83.710 nas mulheres no Brasil. Esses valores correspondem a um risco estimado de 100,75 casos novos a cada 100 mil homens e 82,24 a cada 100 mil mulheres, porém é provável que exista um sub-registro dessa neoplasia, em função do subdiagnóstico. O câncer de pele não melanoma em homens é o mais incidente nas regiões Sul (159,51/100 mil) e, nas mulheres, é o mais frequente na região Sudeste (112,28/100 mil). A incidência dos cânceres de pele não melanoma aumenta com a idade.

O estudo é extremamente rico, com informações sobre consumo de álcool, uso de tabaco e estatísticas sobre tipos de atividades físicas. Vale a pena considerá-lo nas estratégias de marketing que procuram entender como a população compreende o que vem a ser o “bem-estar”.



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