Embale Certo

A importância do conhecimento do comprador

Maio/Junho 2015

Antonio Celso da Silva

colunistas@tecnopress-editora.com.br

Antonio Celso da Silva

Repetidas vezes temos aqui colocado a importância da embalagem para o sucesso de um produto. Da mesma forma, a participação da embalagem na cadeia de custos do produto também é muito importante.

Diante disso, nada mais lógico do que ter na ponta deste processo um profissional de compras que tenha o devido conhecimento e competência para fazer a melhor negociação e a melhor compra.

Mas será que na prática isso de fato acontece? Posso afirmar com conhecimento de causa que privilegiada é a empresa que tem esse profissional.

Nas empresas de grande porte, o comprador tem função específica, ou seja, ele compra apenas embalagem e em algumas empresas ainda divide essa compra de embalagens por famílias, tais como gráficos, plásticos, decorados, cartucharia etc. Outro comprador fica responsável pelas matérias-primas, e um terceiro compra os chamados improdutivos ou materiais de escritório e manutenção.

Nas empresas de médio porte, a função de comprar se divide em embalagens, matérias-primas e improdutivos.

A verdade, no entanto, é que, na grande maioria das empresas e notadamente nas de pequeno ou até mesmo as de médio porte, o comprador é uma figura polivalente, que, além de fazer as compras, ainda tem a função de ir retirar nos fornecedores itens mais urgentes ou que os fornecedores não entregam, por uma razão ou por outra.

Será que esse profissional, com todas essas atribuições, consegue fazer uma boa negociação e a compra de maneira melhor e mais correta?

Com certeza não! Aliás, o bom e competente comprador é um profissional em extinção. Primeiro porque não existe um
curso direcionado e específico para capacitar esse profissional, segundo porque as empresas erradamente não investem nele.

A alternativa acaba sendo aproveitar profissionais de outras
áreas ou buscar no mercado o chamado (no bom sentido) ”ratos” de compras, que é aquele profissional disputado pelas empresas por causa da larga experiência na função.

Mais importante do que comprar, no entanto, é conhecer no detalhe o que está sendo comprado e as fases do processo produtivo da embalagem.

Na compra de um cartucho, por exemplo, é fundamental saber que existem tipos diferentes de cartão com suas respectivas especificações, onde a gramatura especificada pelo departamento de marketing ou desenvolvimento de embalagem é fator que define o preço do cartucho. Não raras vezes o comprador negocia a compra de um cartucho, “chora” pelo preço de um cartucho de 350g/m², consegue um superdesconto e, depois, recebe do fornecedor um cartucho de 250g/m².

Obviamente que nesse caso estamos falando de uma gráfica não idônea e de uma empresa que não tem o devido controle de qualidade no recebimento.

Isso para exemplificar que cartucho se paga por peso, assim como as embalagens plásticas sopradas. Obviamente que outros componentes, tais como quantidade de cores, tipo de verniz, hot stamping, fundo automático, entre outros, também contribuem para um maior preço dessa embalagem, – dados que um comprador também precisa conhecer.

Também é importante lembrar que o pedido de compra deve ser sempre acompanhado da respectiva especificação técnica da embalagem em questão.

O comprador tem a liberdade de procurar outras opções de fornecedores no mercado, cotar e apresentar para a empresa, desde que não seja uma embalagem exclusiva. Porém, em hipótese alguma pode efetivar a compra de um fornecedor não aprovado tecnicamente. É claro que aqui começa uma discussão que passa até pela idoneidade e ética do comprador.

Por falar nesse assunto, observamos com certa frequência empresas trocando periodicamente seu comprador e até mesmo sua equipe de compras, para não correrem o risco de cair na tentação pelo ilícito. Nesses casos, a grande maioria paga pelas atitudes inconsequentes de uma minoria.

Quando falamos então na importância do conhecimento do comprador, isso não se limita apenas ao conhecimento técnico, mas da sua rede de boas amizades, seja com fornecedores ou mesmo com compradores de outras empresas.

Compradores muito fechados, sem contatos, inibidos, que não participam de eventos dos fornecedores fatalmente terão seu desempenho prejudicado e, como consequência, a empresa pode estar perdendo dinheiro por não fazer a melhor negociação e a melhor compra nos melhores e mais indicados fornecedores.



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