Embale Certo

Carência de eventos sobre embalagens

Janeiro/Fevereiro 2015

Antonio Celso da Silva

colunistas@tecnopress-editora.com.br

Antonio Celso da Silva

Mais um ano se foi. Outro chega e nele depositamos todas as nossas expectativas e esperanças, mesmo com certo desapontamento e certa desconfiança depois dos resultados das eleições. Para o nosso setor, tínhamos e temos a impressão de que, se o resultado fosse outro, estaríamos agora respirando um pouco melhor. Mas política não é o nosso foco e tampouco entendemos o que se passa na cabeça de nossos representantes.

Fazendo um balanço do nosso mercado, vendo os eventos que acontecem ao longo do ano e pensando tecnicamente nas carências e oportunidades, deparei-me com algo que sempre comento, porém que não tinha tido ainda a oportunidade de me aprofundar um pouco mais. Achei então que agora era a hora de abordar esse tema.

Trata-se dos eventos técnicos sobre embalagens, na forma de palestras, seminários e congressos ou mesmo de um curso específico.

Antes, vamos dar uma olhada no que acontece no dia a dia de um desenvolvimento de produtos: o briefing (definido pela área de marketing), a sequência do desenvolvimento, passando pela escolha de ativos, fragrâncias, conservantes, sensorial, testes de segurança, estabilidade, eficácia e tantas outras etapas importantes.

Onde entra o teste de compatibilidade com a embalagem? Tenham a certeza de que essa preocupação está bem no final e, em muitas empresas, ela nem existe.

Foi pensando nisso que cheguei à conclusão de que o pessoal de pesquisa e desenvolvimento de produtos (P&D), precisava ter mais contato com os fabricantes de embalagem.

O foco dos eventos que temos atualmente é quase cem por cento voltado para matérias-primas. No entanto, a parte mais cara do produto, que é a embalagem, fica em segundo plano, inclusive em eventos específicos.

Seria muito importante se o pessoal de P&D pudesse ter acesso aos profissionais de embalagem, e estes, representando suas respectivas empresas, falassem, por exemplo, sobre os diferentes tipos de plásticos, suas características e incompatibilidades, o processo de injeção e sopro... Também valeria a pena falar sobre a questão da decoração, abordando o que é um hot stamping, quais são as possibilidades e restrições e que universo é esse que embeleza uma embalagem. Seria interessante, ainda, abordar as mesmas questões referentes ao silk screen e à serigrafia.

O próprio teste de compatibilidade, que é um dos mais importantes entre os que têm a embalagem como foco, mereceria mais destaque: como é feito? Quais são os parâmetros? É possível terceirizar?

Bisnaga é outra embalagem que não sai de moda, mas houve um tempo em que fugíamos dela por carência de fornecedores, o que não acontece hoje, porém as quantidades mínimas e a as restrições na decoração ainda assustam.

Destaco que acabou de entrar no mercado um fabricante que veio para suprir essa necessidade, e seu ponto forte é a diversidade de tipos e de aplicadores e a beleza das decorações, com quantidades mínimas que atendem à pequena empresa.

Rótulos autoadesivos compõem outro item que merece sempre uma atenção especial e um contato mais estreito entre o fornecedor e o pessoal de desenvolvimento de produtos, por serem usados na embalagem primária com riscos de incompatibilidades, de descolar, desbotar, apagar a gravação etc

Mais uma grande carência é um evento que fale sobre registro e patentes para embalagens. Seria interessante abordar como são feitos, quem faz, quanto custa, quanto tempo demora, quais são os riscos de não patentear uma embalagem e também os prós e contras de usar uma embalagem standard (padrão) de mercado.

Vale lembrar também dos problemas com as embalagens para maquiagens e da invasão dos fornecedores asiáticos.

Não poderia deixar de citar aqui os caminhos para desenvolver uma embalagem: marketing, criação e design.

O controle de qualidade de embalagens, que muitas empresas não fazem por não saber nem por onde começar, seria assunto para um curso mais específico e com mais tempo de duração.

É importante enfatizar que precisam estar no contexto o pessoal de marketing, os próprios profissionais de embalagem e também os compradores. Nas empresas de pequeno porte, o comprador precisa ter uma noção técnica, mesmo que básica, sobre as embalagens que sua empresa utiliza, já que ele precisa orçar e comprar.

A carência existe, e o público também. Resta focar e preparar um bom e profissional seminário sobre nossas embalagens para cosméticos.



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