Manipulação Cosmética

Manipulação verde

Novembro/Dezembro 2014

Luis Antonio Paludetti

colunistas@tecnopress-editora.com.br

Luis Antonio Paludetti

Calma! Não precisa se preocupar. O gigante verde dos quadrinhos e das telas não vai transmitir radiação gama e nem destruir a farmácia de ninguém.

Na verdade, nesta última coluna do ano de 2014, vamos conversar um pouco sobre uma ideia bem interessante: a manipulação verde.

Quando, em 1981, vários governos – cedendo a pressões da sociedade – resolveram regulamentar condutas e procedimentos relativos ao meio ambiente, abriu-se uma porta para o surgimento de um novo tipo de consumidor: o consumidor verde.

Mais que isso, esse consumidor se firmou, levou – e ainda está levando – a sociedade a um novo tipo de consciência, qual seja, a consciência verde.

A partir desse movimento, algumas empresas e governos passaram a buscar novas formas de permanecer competitivas no mercado e perceberam que a gestão ambiental poderia ser uma forma de diferenciação.

Como o Dr. Banner, personagem humano que se transforma no gigante verde, a consciência verde é muito mais do que parece. Segundo Guimarães e Schultz-Pereira(1), “a consciência verde pode ser vista como parte de um conjunto de ações voltadas à preservação ambiental”. A meu ver, essa prática busca, principalmente, atender ao “consumidor verde”, alguém que analisa um determinado produto antes de comprá-lo, considerando quais serão os eventuais benefícios e malefícios que este trará, mesmo que indiretamente, ao meio ambiente.

Em 2005, Tavares e Irving(2) constataram que shampoos, sabonetes e perfumes, entre outros produtos, poderiam vir com um novo diferencial: o selo verde de qualidade. Para as empresas fabricantes destes produtos, surgia então, uma nova estratégia de marketing, que poderia despertar o interesse do consumidor verde e o potencial consumidor ainda não cativado.

Eu acredito que, mais que uma estratégia de marketing, a atual conjuntura econômica brasileira e mundial exige de nós mudanças drásticas, tais como o racionamento de água, o racionamento de energia e um olhar cauteloso para o perigo da escassez de recursos.

Segundo dados oficiais, apenas 8% dos municípios brasileiros praticam regularmente a reciclagem de lixo e apenas 10% do lixo brasileiro é reciclado. Paradoxalmente, 75% das famílias separam o lixo reciclável do não-reciclável, mas não há coleta seletiva suficiente. A tudo isso também podemos somar a questão que diz respeito a como descartar corretamente medicamentos vencidos ou não utilizados.

Mas como as farmácias com manipulação podem tirar vantagem dessa situação? Em que podem colaborar para um planeta mais sustentável e para uma melhor consciência ambiental? Vejam algumas sugestões de iniciativas:

- As farmácias podem montar um ponto de recepção de medicamentos industrializados vencidos e não utilizados, descartando-os de maneira correta;

- As farmácias, por conta da natureza de sua atividade, preparam medicamentos na quantidade estritamente necessária, evitando sobras ou vencimentos. Isso por si só já seria muito importante;

- As farmácias podem adotar práticas de redução do consumo de água, energia e papel, além de diminuir a redução de resíduos, otimizando seus sistemas internos;

- As farmácias podem montar centrais de reciclagem de embalagens de medicamentos, cujos potes, frascos ou bisnagas não deveriam ser reaproveitados para nenhuma finalidade;

- As farmácias podem utilizar exclusivamente matérias-primas de origem natural ou obtidas de fontes renováveis.

Mesmo que isso não seja possível em todos os produtos, assumir algumas práticas “verdes” já traz um enorme benefício à sociedade.

- As farmácias podem reduzir drasticamente a quantidade de conservantes utilizados em medicamentos e cosmecêuticos, e até mesmo eliminá-los. Diferentemente do que acontece nas indústrias, os prazos de validade curtos permitem reduzir a concentração de diversos adjuvantes.

Essas são apenas algumas entre as tantas iniciativas que poderiam ser adotadas pelas farmácias.

Que 2015 seja um ano de transformação de nossa consciência e que as farmácias possam – como segmento organizado que são – contribuir para um país melhor e um planeta mais limpo e sustentável.

Referências
(1). Pereira Schultz, J.C.; Guimarães, R.D. Consciência Verde: uma avaliação das práticas ambientais. Qualit@s Revista Eletrônica, Vol.8. No 1 (2009).
(2). Tavares, f; irving, m. A. O consumo verde no Brasil: uma investigação psicossocial erizomática. Comum, Rio de Janeiro, v. 10, n. 24, p. 79-96, 2005



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