Temas Dermatológicos

Envelhecimento cutâneo

Novembro/Dezembro 2014

Denise Steiner

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Denise Steiner

O processo de envelhecimento do organismo está relacionado a diversos fatores, tais como perda da capacidade funcional e de reserva, mudança da resposta celular aos estímulos, perda da capacidade de reparação e predisposição do organismo à doença. As células humanas têm capacidade finita de reprodução, entrando, então, no processo de senescência. A idade é paralela à senescência celular e tem o mesmo controle genético. Existem exceções, como as células germinativas, “stem cells” (totipotentes) e as células cancerosas, que se reproduzem sem parar, influenciadas por mecanismos ainda desconhecidos.

O telômero é a porção terminal do cromossomo eucariótico e o protege da degradação. Com o avanço da idade, o telômero torna-se mais curto em todas as células, com exceção das germinativas e cancerosas. Estas têm maior quantidade de telomerase, que é uma transcriptase reversa, com capacidade de replicar o telômero. A telomerase se expressa nas células germinativas e cancerosas, evitando o desaparecimento do telômero e, consequentemente, o desgaste e a senescência das células. A oxidação ocorre constantemente no organismo humano, causando danos principalmente no DNA celular. Ela aumenta com a idade e nas células senescentes. Quanto mais oxidação, menor o grau de reparação, maior o número de mutações, maior a deterioração celular e maior a formação de tumores.

Com o envelhecimento do organismo, há uma queda na produção dos hormônios de uma maneira geral. Ocorrem a andropausa, com a diminuição dos andrógenos, a menopausa, com menor quantidade de estrógenos, e também a chamada somatopausa, com o rebaixamento do nível do hormônio do crescimento. Este é produzido durante o sono, pela glândula pituitária, em grande quantidade na puberdade. Sua diminuição provoca a perda de massa magra e o aumento do depósito de gordura. Homens com mais de 60 anos, quando tratados com o hormônio do crescimento, ganharam massa muscular, perderam o excesso de gordura e também conseguiram melhorar o tônus da pele. A reposição do hormônio do crescimento vem sendo cogitada em situações específicas.

O envelhecimento cutâneo pode ser classificado como envelhecimento intrínseco ou fotoenvelhecimento. O primeiro corresponde ao envelhecimento natural dos órgãos e o segundo, mais intenso e evidente, é decorrente dos danos ocasionados pela radiação ultravioleta. O envelhecimento causado pela idade é mais suave, lento e gradual, provocando danos estéticos mais discretos. Já o fotoenvelhecimento é mais danoso e agressivo à superfície cutânea, sendo responsável por modificações como rugas, engrossamento da pele, manchas e câncer de pele. O fotoenvelhecimento não é a intensificação do envelhecimento cronológico. Suas características são muito diferentes das que marcam o envelhecimento comum. Sendo assim, a pele vai apresentar características distintas em áreas expostas e não expostas. Além disso, o sol passa a ser o principal fator que desencadeia o fotoenvelhecimento.

Existem diferenças marcantes entre o envelhecimento intrínseco e o fotoenvelhecimento, que são coerentes com as alterações bioquímicas e moleculares. No envelhecimento pela idade, a textura da pele é lisa, homogênea e suave, com atrofia da epiderme e da derme, menor número de manchas e discreta formação de rugas. No fotoenvelhecimento, a superfície da cútis é áspera, nodular e espessada e contém inúmeras manchas, além de rugas profundas e demarcadas.

Histologicamente, a atrofia e a retificação da epiderme no envelhecimento cronológico contrastam com a acantose da pele actínica. Os queratinócitos são normais na primeira e displásicos na pele exposta à luz. Os melanócitos estão diminuídos conforme a idade, mas aumentam em número e distribuem irregularmente o pigmento na pele lesada pela luz ultravioleta. A pele envelhecida tem menor quantidade de elastina e colágeno e vascularização hormonal. Na pele actínica aparece a zona de Grenz (faixa eosinofílica cicatricial). As fibras de colágeno têm maior desorganização e as elásticas transformam-se em massas amorfas (elastose), enquanto os vasos têm parede duplicada e infiltrado linfo-histiocitário ao seu redor, caracterizando a heliodermatite.

Por fim, enfatizamos a importância do estudo e conhecimento do envelhecimento cutâneo, para podermos oferecer sempre o melhor aos nossos pacientes.



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Queria me aprofundar mais sobre esse assunto

por Lorena 01/04/2020 - 16:13

Que ótimo. Posso encaminhar alguns artigos, se interessar Denise

por Dra. Denise 19/05/2020 - 11:06

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