Embale Certo

Estojos de maquiagem em papel

Setembro/Outubro 2014

Antonio Celso da Silva

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Antonio Celso da Silva

Não raras vezes tenho abordado as dificuldades que o mercado brasileiro de cosméticos encontra para conseguir suas embalagens de maquiagem, notadamente nos estojos compactados. As grandes empresas do passado conhecidas como especialistas na fabricação dessas embalagens, em sua maioria, fecharam as portas, foram vendidas ou estão passando por sérias dificuldades financeiras.

Na verdade, o tempo é cruel com quem não se atualiza, não acompanha os passos do crescimento e do desenvolvimento desse mercado, principalmente quando a concorrência de fora esmaga e deixa sem fôlego os nossos empresários. Basta olhar para setores como os de brinquedos, roupas e sapatos, entre outros.

Quem tem alguns cabelos brancos vai se lembrar da explosão de consumo do batom Boka Loka, marca da Davene, fabricado na época pela YGA (braço da Natura, que fabricava e terceirizava boa parte da maquiagem produzida no Brasil). As embalagens desse batom, que batia a marca de 1 milhão de unidades fabricadas por mês, eram de um fornecedor local, brasileiro. Isso para pegar apenas um exemplo de que o nosso mercado dava conta da sua demanda sem necessidade de buscar algum fornecedor lá fora, primeiro porque não existia a facilidade e o conhecimento que se tem hoje e segundo porque era muito difícil fazer uma grande importação como essa de um país tão distante. Além disso, na época não existia no exterior um preço competitivo para essa operação, além, é claro, do demérito de usar uma embalagem chinesa.

Os tempos mudaram, o mercado mudou, as margens hoje estão bem próximas do zero e os asiáticos viram as oportunidades, ou melhor, nós mostramos essas oportunidades para eles e o resultado é o que vemos hoje. Até o menor fabricante de maquiagem tem hoje sua embalagem com “grife” chinesa.

Situação ainda difícil, não pela dificuldade de encontrar, comprar e trazer essas embalagens, mas porque o mercado cosmético de uma maneira geral parece que resolveu parar para pensar. Plagiando o político, nunca na história desse país se ouviu tanta choradeira, tanta desesperança em relação ao crescimento anual do nosso mercado cosmético na casa dos dois dígitos.

O lado bom é que a crise faz surgir a necessidade de se reinventar para sobreviver. Vendo por esse lado, alguns fabricantes de embalagens cartonadas resolveram inovar e fazer do limão uma limonada. Existe dificuldade com estojo plástico de maquiagem? Vamos fazer de papel. Então se lançaram nesse mercado, quase sem conhecimento sobre o assunto, sem concorrentes em que pudessem se inspirar, a não ser alguns poucos lá de fora.

Com esse pensamento, nasceu o estojo de maquiagem de papel compactado. Obviamente ainda com qualidade a desejar - já que nenhum projeto nasce perfeito -, com preço também ainda nada competitivo - pois a produção ainda é quase artesanal -, mas com uma luz no fi m do túnel para resolver o problema, considerando que de papel nós entendemos bastante, vide exemplo dos nossos cartuchos e das nossas gráficas, modelos para o mundo e com matéria-prima disponível em território nacional.

No exterior, já há algumas empresas que trabalham com papel para fabricar esses estojos, notadamente na Itália. Como essa tecnologia já existia há mais tempo por lá, as embalagens são incríveis, tanto que algumas empresas no Brasil já as importam e as utilizam em seu portfólio de produtos. Por outro lado, o que elas têm de maravilhosas têm de preço salgado, nada competitivo.

Outro ponto negativo desse estojo de papel é que não se pode usar, por exemplo, para um compactado de pancake, já que ele demanda uma esponja para molhar antes de aplicar o produto. E umidade e papel obviamente são incompatíveis.

Mas, como disse antes, nenhum projeto nasce perfeito. É preciso arredondá-lo para torná-lo viável e competitivo. O que importa mesmo é que já temos, com produção local, um estojo para maquiagem feito de papel em substituição aos conhecidos estojos de plásticos, em sua maioria poliestireno (PS) - que necessita de moldes caros e demorados, o que não acontece com os estojos de papel. Com isso, o tempo para a criação e a produção de um estojo para maquiagem passa a ser imediato se comparado com o de plástico.



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Olá Antonio, adorei seu texto. Vc poderia me indicar forcedores para os estojos de polpa moldada? Obrigada

por Daniela Miranda Fahur de Paiva 05/02/2018 - 10:23

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