Mercado

Por onde andou a economia no primeiro semestre?

Setembro/Outubro 2014

Carlos Alberto Pacheco

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Carlos Alberto Pacheco

Como um termômetro, a balança comercial ajuda a medir a temperatura do mercado do ponto de vista da importação e exportação de bens. Por isso, é importante dar uma olhada em seus dados periodicamente e cruzá-los com as informações internas da empresa, a fim de verificar se estamos em linha com os nossos planos de crescimento. Segue uma análise simplificada da balança comercial do primeiro semestre de 2014.

No acumulado do período, a balança comercial apresentou um déficit de US$ 2,5 bilhões, o que representa -2,5% - um pouco menor que o ano anterior (-3,1%), porém ainda na mesma linha negativa. No período, as exportações retraíram 2,6%, e o mesmo aconteceu com as importações quando comparadas ao mesmo período do ano anterior.

A China (com 21,6%), os Estados Unidos (com 11,6%) e a Argentina (com 6,7%) continuam sendo os grandes destinos das exportações. No entanto, o maior percentual de crescimento em relação ao mesmo período do ano passado foi o dos Estados Unidos (11,4%), enquanto o percentual de crescimento das exportações para a Argentina foi negativo (-19,8%). De forma mais abrangente, tivemos retração nas exportações para América Latina (mesmo excluindo os países do Mercosul), União Europeia, Oriente Médio e África.

Os produtos manufaturados, que no semestre representaram 34,4%, foram os que mais retraíram no período (-10,2%).

As regiões Norte e Centro-Oeste apresentaram crescimento nas exportações (4,8% e 3%, respectivamente), enquanto as demais apresentaram queda: 9,6% no Sul, 4,4% no Sudeste e 2,5% no Nordeste.

No que diz respeito às importações, a China (com 16,3% do total), os Estados Unidos (com 15,6%) e a Argentina (com 6,2%) continuam sendo os grandes países de origem de produtos importados. No entanto, o maior percentual de crescimento das importações em relação ao mesmo período do ano passado foi o da China (5,5%), ao mesmo tempo em que os negócios com a Argentina retraíram (-19,4%). De forma mais abrangente, tivemos retração nas importações da União Europeia, da América Latina e do Oriente Médio.

O crescimento das importações da Europa Oriental e dos Estados Unidos se deve a itens como medicamentos e instrumentos médicos, entre outros - e o mesmo motivo justifica as retrações com a União Europeia, a América Latina e o Oriente Médio. Ainda assim, no período, a conta de medicamentos para medicina humana e veterinária, que representa 3,04% dos produtos importados, retraiu 2,41%, perfazendo um total de US$ FOB 3,4 bilhões.

Com respeito aos bens de consumo, decresceram os de bens não-duráveis (-2,3%), tendo como justificativa a retração de produtos de toucador (-12,6%), produtos farmacêuticos (-9,6%) e produtos alimentícios (-1,7%).

Para garantir uma balança comercial favorável e um aumento real na corrente de comércio, o Ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDICE), Mauro Borges, colocou como estratégia, no último dia 7 de agosto, o multilateralismo (em vez do regionalismo), o fortalecimento comercial com os três grandes players globais (Estados Unidos, União Europeia e China) e a integração produtiva com os países da América Latina. Ações neste sentido são as aproximações do Mercosul com a União Europeia, os acordos de cooperação com o National Institute of Standards and Technology (NIST) e o Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (INMETRO) para as harmonizações técnicas e de certificação de conformidade e a criação do Novo Banco de Desenvolvimento pelos BRICS (grupo formado pelos países Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), que tem a proposta de equacionar os problemas de infraestrutura de exportações das nações com vista ao fomento entre o bloco.

O Banco Central prevê uma inflação de 6,39% para dezembro de 2014, acima da meta de 4,5%, e uma taxa Selic de 12%. As expectativas dos empresários para a realização da reforma fiscal neste ano têm sido pessimistas. O item independe de qualquer variável externa, mas ainda não foi resolvido. O fato é que, sem uma taxa de juros menor e uma política fiscal mais branda, não há como investir no aumento da mão de obra e na melhoria do parque industrial.

Não podemos nos esquecer de que este é um ano de eleições, e a Copa já deixou o seu legado. O importante é não perder de vista os números e acompanhá-los de perto, a fim de corrigir as estratégias adotadas com o intuito de obter os resultados planejados.



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