Tricologia

Cabelos e sistema glandular

Setembro/Outubro 2013

Valcinir Bedin

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Valcinir Bedin

Quando falamos em cabelos, logo pensamos nas glândulas sudoríparas e sebáceas que existem em abundância no couro cabeludo. Mas não vou falar sobre essas estruturas, que são responsáveis pela formação do manto hidrolipídico, aquela proteção natural da pele, formada pelo suor e pelo sebo.

Vou falar sobre o sistema glandular como um todo.
As glândulas são feitas por células diferenciadas que, cada uma a seu jeito, produzem uma substância, o hormônio, que é jogada dentro de um vaso ou de algum órgão do nosso organismo. Esse hormônio é que vai fazer o seu trabalho, próximo ou distante de sua origem, mas sempre com uma importância fundamental.

As glândulas do sistema glandular do nosso corpo estão praticamente todas ligadas e são interdependentes, isto é, quando uma glândula não funciona bem, outras também acabam não funcionando tão bem como deveriam. O sistema glandular é semelhante a um sistema elétrico, pois, quando ocorre um curto circuito em algum ponto, todo esse sistema fica prejudicado.

Mas, e os cabelos, o que têm a ver com isso tudo?
Os cabelos sofrem muito com a interferência dos hormônios, não apenas os sexuais, que são muito conhecidos, mas de todos os que integram o sistema glandular. Por uma questão didática, lembrarei de cada uma delas adotando o eixo cefálico-caudal, isto é, vou começar por aquelas que ficam na cabeça e terminarei com aquelas que ficam quase fora do corpo.

No centro de nossa cabeça existe uma glândula chamada hipófise, que produz um hormônio chamado prolactina. Como o nome indica, esse hormônio tem estreita relação com a produção do leite nas mulheres. Quando esse hormônio está elevado, pode indicar a presença de um tumor.
Este, mesmo se for benigno, pode fazer que os cabelos caiam.

Na região do pescoço se localiza a tireoide, que produz os hormônios tireoideanos, conhecidos como T3 e T4. Alterações nesses hormônios produzem as conhecidas doenças da tireoide, como o hipotireoidismo e o hipertireoidismo. Tumores também podem ocorrer nessa região. Se ocorrerem essas doenças, os cabelos podem ficar ressecados, quebradiços e cair.

As glândulas suprarrenais ou adrenais estão localizadas sobre os rins. O nome indica que elas produzem a adrenalina – que interfere em todas as outras funções do corpo. Essas glândulas também são responsáveis pela produção de hormônios sexuais, como a testosterona, a androstenediona e o sulfato de deidroepiandrosterona, conhecidos como andrógenos, que têm muita importância na queda dos cabelos e na calvície, tanto masculina quanto feminina.

As mulheres têm ovários, que produzem hormônios sexuais (os folículos estimulante e luteinizante) que, quando alterados, podem alterar os cabelos. Já os homens têm testículos, que ficam na bolsa escrotal para se manter em temperatura mais baixa do que a corporal. No corpo, a temperatura fica em torno de 37oC; já na bolsa escrotal, deve ficar em torno de 35oC. Neles são produzidos parte dos hormônios sexuais masculinos que completam aqueles produzidos nas suprarrenais. É claro que qualquer alteração nesses hormônios pode levar a problemas capilares.

Não podemos esquecer o fígado, a maior glândula do corpo humano, que produz uma série de hormônios, os quais interferem em várias áreas do nosso corpo. Também devemos lembrar de uma glândula especial, a SHBG, uma globulina carregadora de hormônios sexuais, que, quando está aumentada, pode ser responsável pela queda de cabelos experimentada por muitas mulheres que, aparentemente, não têm nenhum outro problema.

As alterações capilares podem ser o primeiro sinal clínico de que algo não está bem no sistema glandular, portanto, é muito importante ficar atento ao surgimento de qualquer alteração nessa área, e não se deve ficar esperando, quando esta ocorre, para ver o que vai acontecer.

Todos sabem que o melhor remédio é a prevenção, e a procura rápida pela correção de qualquer distúrbio pode ser a diferença entre a cura e a instalação de uma doença crônica.



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