Embale Certo

Testes necessários em embalagens

Julho/Agosto 2013

Antonio Celso da Silva

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Antonio Celso da Silva

A pergunta que mais ouço de pessoas cujas empresas ainda não têm um controle de qualidade de embalagens implantado é: “Quais testes eu preciso fazer nas embalagens?”. A pergunta seguinte, obviamente, que elas fazem é: “Como devo fazer esses testes?”.

Para tentar ajudar a essas pessoas, que não são poucas, resumirei, a seguir, o “básico” para a inspeção de embalagens durante seu recebimento.
Antes, porém, é preciso dividir esses testes em duas categorias: testes visuais, que geram os defeitos por atributos, e testes dimensionais, que geram os defeitos mensuráveis.

É importante ressaltar que não basta fazer os testes. Isso porque é preciso ter parâmetros para aprovar ou não o lote em função do resultado do teste. Para tanto, é preciso que a empresa tenha implantado o plano de amostragem e definição dos respectivos NQAs (níveis de qualidade aceitável), ou, pelo menos, tenha conhecimento sobre este.
Os defeitos por atributos, como citei acima, são resultado de testes visuais. São eles: manchas, borrões, sujeiras, falhas de gravação, bolhas, entre outros.

Não existem parâmetros para medir esses defeitos. O que tenho visto é a criação de um “álbum de defeitos”, no qual o cliente e o fornecedor escolhem ou simulam esses defeitos e definem padrões de aceite. Esse álbum é feito em duplicidade, sendo que cada empresa (cliente e fornecedor) tem o seu.

Outro teste que também pode ser considerado nessa família de atributos é a avaliação de cor de uma embalagem. Os caminhos mais usados para realizar esse teste são os padrões de máximo e mínimo, feitos pelo fornecedor, ou a escala Pantone.

É importante salientar que na escala Pantone normalmente se define uma cor, representada por um número. Nesse caso, não existe variação para mais ou para menos.

Os defeitos dimensionais, por sua vez, são resultado dos testes por meio dos quais é possível medir a embalagem. Os parâmetros estão descritos em um desenho técnico da peça e são definidas variações para mais e para menos, normalmente em mm. Em um diâmetro interno de gargalo de um frasco, por exemplo, a medida poderia ser de 20,00 mm ± 0,10 mm, o que significaria que, se o frasco tivesse um gargalo com variação de 19,90 a 20,10, o lote seria aprovado. É óbvio que, nesse caso, seria necessário considerar a inexistência de outro defeito no lote, que o reprovasse.

Os testes dimensionais a serem feitos, normalmente, são: altura, largura, profundidade, espessura, diâmetros interno e externo, peso, volume, entre outros.

Costumo dizer que fazer e definir a aprovação ou não dos testes dimensionais é “tranquilo”. Isso porque os números, se estiverem dentro da variação padrão (máximo e mínimo) será aprovado, e, se estiverem fora, reprovado. O difícil é definir a aprovação para os defeitos por atributos, sobre os quais os testes são normalmente subjetivos e dependem da experiência e do conhecimento individual dos técnicos e de inspetores de qualidade.

Existe outra família de testes. Estes, em minha opinião, são os mais específicos e os mais difíceis.
Digo isso porque não existem normas específicas para esses testes, os equipamentos usados para realizá-los também não são específicos e assim fica na negociação entre o cliente e o fornecedor. Muitas empresas criam ferramentas próprias para avaliar e definir a aprovação das peças.

Como saber se a tampa de um batom está “dura” ou “mole” para abrir? E se o fechamento de uma tampa flip-top é fácil ou difícil de ser realizado? Nesses casos, pode ser usado um dinamômetro, por meio do qual a força para abrir ou fechar a peça será definida por números com variação de máximo e mínimo – esse é um teste dimensional.

Para fazer esses testes, as empresas recorrem a ferramentas feitas em casa, que simulam um dinamômetro com valores pré-definidos.

Existem também os testes realizados com as ferramentas “passa não passa” ou “go no go”, que também são feitas em casa e dispensam a medição, o que agiliza a inspeção.

Outros testes específicos são: adesividade nos rótulos, colagem e direção de fibra nos cartuchos, funcionamento do mecanismo em estojo de batons e bombas/válvulas, teste de queda em frascos, scotch test nas gravações em frasco plásticos, stress test nas dobradiças de tampas flip-top etc.

Um dos testes mais importantes ao se avaliar uma embalagem é o de vedação (quando requerido), feito para detectar possíveis vazamentos no acoplamento tampa/frasco. Embora muitas empresas usem a “criatividade” para fazer esse teste, a forma de realizá-lo mais usada e considerada oficial é submeter o conjunto a uma câmara de vácuo durante 1 minuto a 1 atm ou 760 mm de Hg. Não deve ocorrer vazamento.

É importante ressaltar que muitos testes são feitos durante o desenvolvimento da embalagem e não é necessário repeti-los no recebimento. Um desses testes é o de compatibilidade produto/embalagem.

Eu poderia continuar a tratar desse assunto e produzir mais páginas e páginas, mas meu objetivo é proporcionar uma visão básica sobre o que se deve analisar em uma embalagem. Lembrando sempre que, sobre esse assunto, ministro cursos específicos de implantação do controle de qualidade de embalagem em uma empresa.



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existe alguma norma que estabeleça a realização desses tipos de testes?

por Vitor 15/02/2018 - 11:07

Olá Vitor. Não existe. Não tem norma ou portaria que estabeleça esses testes de embalagens para cosméticos. Os testes que são feitos é o que o mercado pratica, sempre visando colocar na mão do consumidor a melhor, prática e mais segura embalagem. Abraço Antonio Celso

por Antonio Celso 23/02/2018 - 16:30

Gostaria de receber mais artigos como estes. E também gostaria de saber quais os dias que ministram cursos.

por elizabeth da Silva pereira 05/10/2018 - 15:27

Prezada Elizabeth, Esses artigos vc vai encontrar em toda edição dessa revista, no site. Posso também ministrar cursos e palestras sobre esse assunto na sua empresa. Não sei se vc já é sócia da Associação Brasileira de Cosmetologia (ABC), lá vc vai encontrar esses e outros assuntos através do site, ver a programação dos cursos e palestras que também tem disponível para EAD ( ensino a distancia). Abraço Antonio Celso da Silva.

por Antonio Celso da Silva 18/10/2018 - 10:27

Boa noite. Há alguma especificação para tampas e bombas?

por TATIANE SOARES 24/10/2019 - 22:07

Prezados, boa tarde! Com a sua licença Antonio! Realizamos testes em embalagens! Ensaios de Queda; Ensaios de Torção; Ensaios de Tração ; Ensaios de Toxicidade; Ensaios de Irritabilidade Dérmica; Ensaios In Vitro e muitos outros; Caso tenham interesse lhes convido a visitar nosso site xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx

por Edson 29/10/2019 - 17:52

Olá Tatiane Soares. Respondendo à sua questão: Não existe nenhuma legislação específica, existe o que o mercado pratica, aparência geral,cor, dimensionais todos. O teste mais importante numa tampa é a vedação além obviamente da perfeita compatibilidade dimensional entre a tampa e o gargalo do frasco. Nas bombas ou válvulas o mais importante é o perfeito funcionamento no acionamento e todos os dimensionais com especial atenção para comprimento e diâmetro do pescante. Essas são informações básicas. Maiores informações vc pode encontrar no meu curso de embalagens co duração de 8 horas que pode ser ministrado na sua empresa ou na programação da Associação Brasileira de Cosmetologia (ABC) Abraço Antonio Celso

por Antonio Celso 29/01/2020 - 19:56

Bruno, Quanto ao teste de vedação esse na e o mais correto pois é subjetivo. O correto é colocar em câmera de vácuo , um minuto a 760mm de Hg/1atm. Não pode vazar. A quantidade de amostra deve ser do seu plano de amostragem considerando testes destrutivos NQA para defeitos críticos . Abs. Antônio Celso

por Antonio Celso 30/07/2020 - 12:04

Olá. Existe metodologia para o stress test em dobradiças de tampas flip top. Como esse teste é realizado.

por Dayane Aparecida dos Anjos da Silva 08/07/2020 - 09:06

Olá Dayane.Nao existe uma metodologia oficial mas vou te passar 3 caminhos. 1- numa empresa que trabalhei fazíamos Um movimento de abre e fecha por 100 vezes. Não perderia quebrar o flip 2. Procure com seu fornecedor que metodologia ele usa . 3 Faça um contato com ele Cetea e verifica se eles tem metodologia para esse teste .

por Antonio Celso 30/07/2020 - 12:03

Boa noite Celso Parabens pelo artigo muito explicativo Gostaria de tirar uma dúvida Trabalho no setor de embalagens de uma indústria de cosméticos e hoje não temos o teste de vazão por vacuometro Realizamos o teste manualmente com frascos deitados por uma hora. Gostaria de saber se esse método é eficaz e se o tempo pode ser diminuído sem afetar o funcionamento dos frascos Obrigado

por Bruno Alves Bezerra 17/07/2020 - 18:42

Olá boa tarde! Gostaria de saber se existe um cnae específico para importação de bulk para realização de testes de compatibilidade/estabilidade dos produtos na embalagem. Não quero distribuir nem revender o cosmético, apenas ter liberação da Anvisa para fazer os testes dos aplicadores das embalagens. Existe algum CNAE só para esse tipo de importação?

por Marcia Nonaka 29/07/2020 - 15:30

Bom dia, Antônio Celso! Li seu artigo e está excelente. Sobre o teste de vazamento no conjunto tampa/frasco é possível ser realizado em dessecador de vidro acoplado a uma bomba de vácuo? E qual é a posiçao ideal/correta de deixar o material no dessecador durante o teste de vazamento? Atenciosamente, Patrícia.

por Patrícia Lacerda Silvério 02/09/2020 - 07:22

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