Mercado

Um olhar sobre o brilho do segmento de maquiagem

Julho/Agosto 2013

Carlos Alberto Pacheco

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Carlos Alberto Pacheco

Na mente de muitos consumidores, o mercado de cosmético se confunde com o de maquiagem. Não é para tanto, pois, enquanto os segmentos de desodorantes, xampus e sabonetes remetem à ideia de higiene pessoal, a maquiagem, ao lado do segmento de perfumaria, aponta para o que talvez seja o que mais se aproxime das aspirações de quem compra um cosmético: beleza, bem-estar e, embora não principalmente, status.

Vale lembrar que o segmento de maquiagem compreende um vasto número de produtos para o rosto (corretivo, pó, blushes), olhos (máscara, sombra, delineadores), lábios (batons, gloss, lápis) e unhas (esmaltes, produtos para tratamento das unhas, cintilantes).

Atualmente, o Brasil, que representa a terceira maior economia cosmética mundial (US$ 42,0 bilhões de faturamento com vendas ao consumidor – 9,6% do market share mundial), faturou com o segmento de maquiagem 8,3%, em 2012, com perspectivas de crescimento médio no país de 15% nos próximos 5 anos. Esses números sustentam o segmento de maquiagem nacional como o terceiro maior mercado mundial.

O mercado brasileiro é muito promissor para esse segmento. Da vasta população de 190 milhões de habitantes, 51% são do sexo feminino, sendo que 85% vivem em centros urbanos e têm poder aquisitivo maior que os habitantes das regiões rurais. Do total da população feminina, 82% se encontram na faixa etária de 15 a 45 anos e se concentram na Região Sudeste (a mais populosa e a segunda maior do país em renda per capita).

O mercado nacional ainda está fortemente concentrado em produtos para os lábios e para as unhas (respectivamente 41% e 28%), diferentemente do mercado estrangeiro, concentrado em produtos dirigidos para o rosto e para os olhos. A razão disso passa pelo valor final dos produtos: os primeiros possuem valor de compra menor quando comparados com os últimos. No entanto, os números indicam a tendência de aumento de consumo de produtos para o rosto e para os olhos, sem diminuir o atual consumo de itens para os lábios e para as unhas.

No Brasil, as gigantes do setor, Avon (30%), Natura (20%) e L´Oréal (10%), somadas às outras sete empresas líderes do segmento, concentram 84% do faturamento.

Nesse mercado, a Avon tem as linhas Ultra Color e Ideal Face Base que representam um em cada 3 produtos vendidos no segmento. A Natura, com 460 funcionários em três turnos, opera três máquinas de batom com capacidade de 12 mil unidades/hora e desenvolve a linha Aquarela. A L’Oréal com todo o seu glamour de empresa francesa – tradicional no mercado cosmético e líder mundial do setor cosmético – trabalha com a linha/ideia Accord Parfait.

Uma particularidade interessante desse segmento é o canal de vendas. Estas são fortemente realizadas pela venda direta, canal perfeitamente dominado pelas duas líderes do segmento. Cerca de 78% das vendas são realizadas por meio desse canal. A indicação da consultora e a explicação prática do modo de uso de cada um dos itens são fatores essenciais para a venda e para a fidelização do consumidor em relação à marca. Cientes desse fator crítico, outros players – como Unilever, P&G, O Boticário, Contém 1g e Nivea –, têm investido, em seus próprios canais de vendas, formas inovadoras e criativas de pontos de venda. Entre essas formas estão os famosos “cursos de maquiagem”, realizados em quiosques de shopping centers e destinados a iniciantes.

O papel do cinema, da televisão e de videoclipes é fundamental para despertar e sustentar o desejo de se maquiar. A associação da imagem de uma pessoa bem-sucedida, de bem com a vida e feliz com o estereótipo da beleza fatalmente leva muitas pessoas a se maquiarem, seja para corrigir imperfeições, seja para realçar atributos já existentes. Aqui entra a necessidade da existência do órgão regulador do Ministério da Saúde, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para coibir excessos nos apelos de marketing em relação aos atributos dos produtos e para estabelecer uma regulamentação para os produtos destinados ao público infantil e estar atenta ao cumprimento dessas normas.

Sem dúvida, esse é um segmento bom para se apostar, porém exige muito profissionalismo e investimentos, não deixando espaço para amadores.



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