Tricologia

Das cavernas às células-tronco

Maio/Junho 2013

Valcinir Bedin

colunistas@tecnopress-editora.com.br

Valcinir Bedin

Costuma-se dizer que os cabelos não tem nenhuma função fisiológica vital, isto é, pode-se viver normalmente sem eles. É claro que não estamos falando do aspecto emocional envolvido nessa questão!

Os cabelos são estruturas proteicas e, como todas as proteínas, compostas da junção de aminoácidos, vitaminas, sais minerais e cofatores. Toda vez que algum desses nutrientes falta no corpo de uma pessoa, ela pode ter um problema com os cabelos. Eles podem cair, podem não nascer ou podem ficar frágeis e quebradiços. Ás vezes, eles podem mudar de aspecto, de textura e até de forma (ficar mais lisos ou mais encaracolados), conforme sua fisiologia mudar.

Ao contrário do que a maioria das pessoas pensa, a vitamina A não entra na composição dos cabelos. As vitaminas mais importantes para os cabelos são aquelas do grupo do complexo B. Portanto, alimentos que contenham essas vitaminas são sempre bem-vindos, como o leite e seus derivados e a maioria dos vegetais.

Com relação aos nutrientes derivados dos sais minerais, há o ferro, encontrado nas carnes vermelhas, no feijão e em alguns vegetais verde-escuros, como brócolis e couve. O ferro é considerado o metal mais importante da fisiologia do crescimento dos cabelos. Acredita-se, numa forma livre de explicação, que o ferro “abra as portas” do queratinócito formador do fio para outras substâncias. Assim, quando o ferro está baixo no organismo, não há resultado positivo com nenhum tratamento. O zinco, encontrado nos frutos do mar com casca, como ostras e mariscos, e o cobre, encontrado no chocolate amargo, completam o time dos metais.

É importante lembrar que esses nutrientes têm de estar em grande quantidade no nosso corpo (em um percentual maior que 50% para cada forma de avaliação), para que sejam usados nos cabelos.

Também se deve ressaltar que grandes deficiências desses nutrientes, como as que ocorrem em quadros de desnutrição grave, podem levar à fragilidade da haste e até à perda de cor nos cabelos (kwashiokor).

Um dado relevante é a informação, que parece não ser muito permeada, de que o ácido fólico tem de estar em concentração normal para que os cabelos cresçam naturalmente. Se ele estiver muito alto ou muito baixo, afetará a fisiologia normal dos fios.

É claro que ainda exitem todos os hormônios envolvidos nesse processo, mas falarei sobre isso em uma próxima edição.

As células-tronco do cabelo são as mais disponíveis no corpo humano. Para corroborarmos essa informação, basta que nos lembremos que temos aproximadamente 5 milhões de folículos pilosos espalhados pelo corpo e as células-tronco estão presentes em todas as unidades, localizadas na área do bulge, região onde se insere o músculo eretor do pelo. As células-tronco podem transformar-se em outras células, como as musculares, e até em células do sistema nervoso, os neurônios. Mas, infelizmente, elas ainda não se transformam em outros cabelos. Pode-se até cultivá-las, mas, ao voltarem para o couro cabeludo, elas não logram fazer um novo fio. O que se conjectura é que falta algo para que se consiga esse feito. Acredita-se que em 5 anos poderemos ter sucesso nessa empreitada.

Por ora, o que temos é uma inovação no processo de transplante dos fios, que pode ser feito com as células-tronco. Nesse procedimento, as células da área doadora (nuca) são tiradas cirurgicamente e com a ajuda de lupas e microscópios, e plantadas na área receptora, uma a uma. O resultado do transplante fica muito mais natural, sem aquele aspecto do passado, que lembrava “cabelo de boneca”.



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