Embale Certo

Embalagens requerem análise microbiológica?

Janeiro/Fevereiro 2013

Antonio Celso da Silva

colunistas@tecnopress-editora.com.br

Antonio Celso da Silva

Primeiro, quero desejar um feliz 2013 a todos, com muito dinheiro e poucas dívidas. Que esse ano seja bem diferente do anterior, obviamente que seja melhor. Só assim vamos esquecer o sufoco de 2012.

Vou começar o ano falando sobre a necessidade ou não de se fazer análise microbiológica em embalagens. Durante os cursos e as palestras que ministro sobre embalagens, alguém, não raramente, solta a pergunta: Embalagens requerem análise microbiológica?

Precisamos lembrar-nos de que não existe legislação específica para embalagens. No entanto, é preciso fazer análises microbiológicas no recebimento de algumas famílias de embalagens.

Quando falamos em microbiologia, necessariamente associamos esse termo à palavra “limpeza”.
Aprendemos, desde o início de nossas carreiras, que o fato de um objeto estar limpo não significa que não esteja contaminado no aspecto microbiológico.

E aprendemos também que é preciso “limpar para depois fazer a sanitização”. Com isso, quero enfatizar que não é prática comum nas empresas de cosméticos fazer a lavagem de frascos ou potes (embalagens primárias) antes do envase do produto. Aliás, essa é outra pergunta frequente nos cursos, feita principalmente por profissionais vindos de farmácias de manipulação.

Nesse aspecto é importante lembrar que, em função de comprarem pequenas quantidades de embalagens, as farmácias de manipulação acabam comprando-as de pequenos fornecedores, cujos cuidados microbiológicos são completamente desconhecidos. Também existem casos em que um lote de embalagem estandarte de mercado é reprovado numa empresa que tem controle de qualidade (CQ) no recebimento e vai para empresas menores ou para farmácias de manipulação que normalmente não fazem esse controle no recebimento. Por essa razão e por precaução, as farmácias acabam tendo de lavar as embalagens antes do uso.

É importante salientar, no entanto, que, quando compramos um lote de embalagens, compramos e pagamos por embalagens limpas e sem defeito, o que muitas vezes não acontece. Por isso é necessário realizar os CQs de recebimento.

Lembro-me de uma passagem que marcou muito minha carreira, quando fui fazer a avaliação de certo fornecedor de frascos. Fui atendido com um “tapete vermelho” pelo dono, que mostrou a fábrica, suas máquinas, seus controles (que efetivamente não existiam). No final da visita, fui visitar a área de estocagem e expedição das embalagens prontas. Para minha surpresa, havia um cachorro dormindo sobre as caixas, o que era natural para o dono da empresa. Ele aproveitou a cena para dizer que a empresa nunca havia sido assaltada por que tinha um “segurança” de plantão durante 24 horas! Nem preciso responder se a empresa foi aprovada.

Voltando à questão da análise microbiológica das embalagens, é preciso realizá-la nas embalagens primárias, principalmente em batoques, cascaseal, pincéis, escovas, frascos, bisnagas, potes e internos.

Sabemos que potes e frascos são soprados em altas temperaturas e isso já eliminaria microrganismos. O problema está na sequência das operações feitas pelo fabricante: seus cuidados no manuseio da embalagem, na montagem de componentes e principalmente na forma de acondicionamento na caixa de embarque.

O transporte das embalagens é um capítulo à parte. Qualquer especificação técnica básica pede que as embalagens sejam transportadas em sacos plásticos transparentes e dentro de caixas de papelão. Frascos, potes, bisnagas, “frasnagas” etc. devem necessariamente estar de boca para baixo dentro dessas caixas.

Afirmo que o saco deve ser transparente porque, nos estoques de empresas que visitei, já vi embalagens pequenas, como batoques, cascaseal, esponjas e pincéis, serem acondicionadas em sacos pretos, os chamados sacos de lixo.

Por fim, não se assuste se sua empresa não fizer análise microbiológica das embalagens primárias no recebimento, pois essa prática não é comum, até porque a legislação não a pede e podemos não ter tempo necessário para realizar essa análise. No entanto, comece a preocupar-se um pouco mais com isso, mesmo que os lotes sejam aleatórios e nos casos em que a formulação do produto for rica em nutrientes com possibilidade de contaminação, principalmente em bases para o rosto.

Recentemente, vi um grande terceirista que tinha um produto contaminado. Essa contaminação estava no frasco e passou para o produto. Quem paga essa conta?!



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