Tricologia

Escovas progressivas

Janeiro/Fevereiro 2013

Valcinir Bedin

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Valcinir Bedin

Segundo um ditado popular, os santos protetores dos cabeleireiros são muito poderosos, uma vez que seus clientes, normalmente as mulheres, estão sempre insatisfeitos com seus cabelos, querendo modificá-los. Nessa linha, os cabelos lisos assumem a dianteira, com argumentos variados, como: “é muito mais fácil de pentear”, “fica mais bonito” etc. Daí a procura por tratamentos que deixem as madeixas alisadas ser a meta dos profissionais do cabelo.

O formato da haste capilar é determinado geneticamente e os tipos denominados caucasianos, mongoloides ou negroides devem-se a distribuição da queratina dentro do córtex do fio, sendo que a mais uniforme leva ao fio liso e grosso das pessoas asiáticas ou dos nossos indígenas. A queratina que é distribuída levemente nas bordas da circunferência leva aos cabelos das pessoas da raça branca; e a última que forma praticamente uma elipse dá o formato do cabelo afro.

Para mudarmos a forma dos cabelos temos de alterar a distribuição de queratina, que é mantida em determinado formato pelas pontes químicas, especialmente as de enxofre, difíceis de serem quebradas. Para isto, é necessário abrir a cutícula do fio, aplicar o produto químico que vai desestruturar esse arranjo e depois refazer o fio na forma desejada. Esse processo, que um tempo atrás era chamado de permanente, consiste em fazer cachos em cabelos lisos. O processo inverso, o alisamento, nada mais é do fazer que esse arranjo em forma de linha reta.

O desafio que se coloca é o tempo. A maioria desses procedimentos dura muito pouco e tem de ser repetido com frequência, o que danifica a haste.

A escova progressiva é um método de alisamento do cabelo que, se não foi inventado no Brasil, pelo menos aqui teve seu desenvolvimento máximo e o país exporta essa técnica.

É indicada para pessoas que têm cabelo encaracolado ou ondulado e não é indicada para cabelos excessivamente enrolados, como os dos afrodescendentes. A escova progressiva é mais eficaz em cabelos sem tratamentos químicos. Afirma-se que a escova progressiva ajuda a reparar o cabelo, uma vez que, na maioria das técnicas, a queratina está envolvida no processo.

Os efeitos da escova progressiva duram geralmente de dois a três meses, dependendo da porosidade do cabelo antes de o tratamento ser feito. O procedimento pode ser realizado em quase todos os tipos de cabelo, durando cerca de duas horas.
Para efeito didático, enumerei a seguir os passos que a maioria dos profissionais segue ao fazer uma escova progressiva.

1. Lavar o cabelo com shampoo, sem usar condicionador.

2. Separar o cabelo em quatro seções.

3. Aplicar o produto na raiz e pentear os fios de forma a espalhar o produto por todo o cabelo.

4. Fazer uma sessão por vez. Quando o produto tiver sido aplicado em todo o cabelo, secá-lo com secador, de trás para frente.

5. Aplicar calor (chapinha) em cada sessão.

Depois de fazer a escova progressiva, não se deve lavar o cabelo durante quatro dias. Também não se deve usar qualquer tipo de produto nos cabelos, especialmente shampoos que contenham cloreto de sódio, pois isso poderia destruir mais facilmente a camada criada com a queratina. Se o cabelo ficar molhado ou úmido no decorrer desses quatro dias, deve-se secá-lo imediatamente com secador.

No mercado existem várias marcas e muitos nomes associados a frutas, a chocolates, ao leite, a óleos e a outros adereços que foram incorporados aos produtos com intenções de marketing, mas os princípios ativos que realmente fazem o efeito de alisamento basicamente são os mesmos. Os ativos mais encontrados nos produtos são os tioglicolatos, a guanidina e a acetamida. Novas tecnologias, com a mesma finalidade, vêm sendo introduzidas no mercado, e a cada dia uma novidade aparece.

Por uma questão financeira, o formol acabou sendo introduzido nesse campo. Essa substância não faz exatamente a mesma coisa que os outros produtos, mas seu custo é muito menor que o destes. Visando promover a saúde, a Organização Mundial da Saúde (OMS) diz que o formol pode ser cancerígeno, e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), no Brasil, libera seu uso apenas como conservante até 0,2% e como endurecedor de unhas até 5%. Para ter efeito de alisante capilar, chega-se a usar o formou em até 35% de concentração, o que é terminantemente proibido!

O importante é ficar atento aos movimentos do mercado e verificar sempre a origem dos produtos e a bibliografia indicada pelos fabricantes e distribuidores.



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