Tricologia

Exames genéticos, células-tronco, cultura de células

Novembro/Dezembro 2012

Valcinir Bedin

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Valcinir Bedin

A busca por criar cabelos e pelos onde eles não existem mais ou estão ficando muito ralos vem perseguindo os pesquisadores e técnicos que trabalham com a tricologia.

Atualmente, no campo da genética existem alguns testes disponíveis no país que, segundo cientistas, um indivíduo pode ter mais propensão à calvície que outros, por meio da avaliação de uma simples amostra de sangue, tanto para homens como para mulheres.

A avaliação clínica e uma boa anamnese com a história familiar bem destrinchada podem levar o médico especialista a concluir que os fatores genéticos podem estar presentes. Vale lembrar: hoje sabemos que a modalidade de herança genética que está relacionada aos cabelos é a herança poligênica. Nesta, estão envolvidos vários genes que podem advir de qualquer um dos antepassados, de qualquer sexo (há uma lenda urbana segundo a qual a calvície estaria ligada apenas à mãe!). Exames bioquímicos de sangue podem afastar outros fatores que levam à rarefação dos cabelos, como doenças do metabolismo ou relacionadas aos hormônios.

Assim, antes de fazer um teste para avaliar as probabilidades genéticas de se ter ou não uma “inclinação” a determinado problema, o ideal é ter a assessoria de um bom profissional para que não ocorram custos desnecessários.

Outras novidades foram a descoberta das células da área do bulge, região do folículo piloso onde o músculo eretor do pelo se insere, e das suas características de células totipotentes e desencadeadoras do ciclo capilar. Isso levou uma legião de cientistas e pesquisadores a acreditar que haveria a possibilidade de multiplicar essas células, por meio de técnicas de cultivo, e depois replantá-las nas áreas em que se quisesse.

Infelizmente, esse processo não se mostrou tão simples quanto essas palavras pareciam torná-lo!
Em várias partes do mundo, inclusive aqui no Brasil, em nosso próprio grupo de estudos, logrou-se a multiplicação, com sucesso, dessas células. Mas, ao implantá-las, não resultaram em novos pelos, como se queria! Faltava algo. Essa teoria baseava-se no fato de que, quando em seu estado de origem, as células da área do bulge teriam a função de estimular o nascimento de um novo fio de cabelo, assim que o anterior entrasse na fase telógena, de queda. Essas células mandariam um sinal à papila dérmica, que, por sua vez, mandaria estímulos à área do bulbo capilar e iniciaria uma nova haste capilar. Possivelmente, a parte dérmica da estrutura folicular não se forma pelo simples estímulo das células-tronco do cabelo, devendo ser também clonada.

Essa parte, que tem se mostrado essencial para que se tenha resultado positivo nessa empreitada, chama-se papila dérmica. Ela fica mergulhada na derme e, na embriogênese, tem o papel de dar o gatilho inicial no processo de invaginação dos queratinócitos que formarão o folículo pilossebáceo.

No processo de miniaturização dos fios, que acontece na alopecia androgenética, essa parte da derme fica fibrótica, sendo vista na anatomia patológica como um processo estelar, denominado stelae.

Mister se faz, portanto, avançar na cultura dessas células que formam a papila dérmica, o que tem sido o objetivo de alguns centros de pesquisa espalhados pelo mundo.

Muito recentemente, tivemos a notícia de que a cultura de fibroblastos não só é um processo totalmente já completado, como já existe mais de um laboratório que está colocando em prática essa técnica.

Apesar da papila não ser constituída apenas de fibroblastos, este pode ser um caminho aberto para o cultivo de outras células dérmicas e uma luz na produção de uma nova estrutura essencial para a formação de um novo fio.

Brevemente, espero escrever aqui, nesta coluna, que estamos cultivando o folículo piloso inteiro e o processo de calvície foi controlado por meio da cultura e da reimplantação dos folículos multiplicados na área calva, ultrapassando assim a última fronteira nos transplantes capilares.



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