Embale Certo

Acondicionamento de Embalagens e a Vigilância Sanitária

Setembro/Outubro 2012

Antonio Celso da Silva

colunistas@tecnopress-editora.com.br

Antonio Celso da Silva

Normalmente, quando preparo as colunas tenho uma preocupação maior voltada para as pequenas e médias empresas, considerando que as grandes têm sempre recursos e gente com conhecimento e treinada para as diversas ações e para o trabalho que requer cada área.

Elas diferem das pequenas e médias empresas, que têm poucos recursos e, não raro, um “faz tudo” que não tem subordinados para delegar. Portanto, cada passo, cada atitude e cada mudança dependem dele, que busca conhecimento mesmo sem tempo e com dificuldades.

É sabido que, quando se fala de embalagem, são poucos os profissionais que entendem e escrevem sobre esse assunto, diferentemente do que ocorre em relação a matérias-primas ou mesmo a produtos acabados. Dessa forma, procuro passar a mensagem sempre pensando que alguém precisa dessa informação, desse conhecimento e vai aplicá-lo em sua fábrica.

Além da especificação técnica e da qualidade, existe outro universo cuja importância nós só percebemos quando somos obrigados a fazer o que determinam as autoridades.

Um dos órgãos que nos orienta e nos fiscaliza é a Vigilância Sanitária, principalmente quando estamos montando uma fábrica ou mudando de endereço. O lado ruim é que de município para município, mesmo dentro de um mesmo estado, existem os chamados “dois pesos e duas medidas”. O que quero dizer com isso é que, dependendo do município, o laudo técnico de avaliação (LTA) tem maiores ou menores exigências.

Percebo, por exemplo, que em alguns municípios a Vigilância Sanitária exige que o setor de envase seja um local fechado e separado do restante da linha. Em outros municípios, o envase e a montagem sequencial do produto na linha estão num mesmo espaço.

Com menor ou maior exigência, a verdade é mais do que correto e justifica ter o setor de envase separado. Porém de nada adiantará esse setor ser separado, se as caixas de papelão que contiverem as embalagens forem armazenadas dentro desse setor.

Deve-se ter essa área fechada porque nela é feito o envase, ou seja, por meio de máquina ou manualmente, o produto é colocado dentro de frascos, potes, bisnagas etc., e pode ficar exposto temporariamente. Portanto, essa é uma área vulnerável de contaminação microbiológica. Utilizar uma área fechada e eliminar caixas de papelão minimizam consideravelmente o risco de contaminação dentro dessa área.

Mas como levar frascos, potes, bisnagas etc. para dentro da sala de envase sem levar as caixas?
A primeira opção e a mais usual é a obrigatoriedade de que todas essas embalagens venham em caixas, porém dentro de sacos plásticos e de boca para baixo. Isso vale também para válvulas, tampas, batoques e casca seal que, embora não sejam utilizados dentro da área de envase, também têm contato com o produto.

Sendo assim, antes de entrar na área de envase, as caixas são descartadas e entram somente os sacos plásticos contendo as embalagens.

É difícil para uma pequena empresa exigir do fornecedor que as embalagens venham em caixas e dentro de sacos plásticos, principalmente considerando que o que essa empresa compra é insignificante para o fornecedor. Porém, isso faz parte das Boas Práticas de Fabricação e Controle (BPF e C) e é prática comum dos bons fornecedores, independentemente da quantidade de venda e do cliente.

Por outro lado, não adianta as embalagens virem em sacos plásticos se estes forem sacos pretos de lixo. Digo isso porque sei da existência de fornecedores que entregam dessa forma, principalmente os batoques, as espátulas e o casca seal.

Quero acrescentar também que essa exigência não pode, de maneira alguma, implicar aumento de preço da embalagem, pois é uma exigência do mercado e uma obrigação do fornecedor.

Outro caminho que também é muito usado nas empresas para levar essas embalagens até a sala de envase de maneira correta e sem riscos de contaminação microbiológica é retirar as embalagens dos sacos plásticos e das caixas e acondicioná-las em caixas plásticas devidamente limpas e com tampas.

A Vigilância Sanitária vem “fechando o cerco” com essa exigência, que pode acontecer não necessariamente apenas na montagem de uma nova planta, mas também na revalidação das atuais licenças de funcionamento.

Se sua empresa ainda não trabalha dessa forma, é bom se programar e começar a pensar na adequação necessária, evitando assim ter de fazer isso às pressas lá na frente.



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