Embale Certo

Controle de qualidade de embalagens na pequena empresa

Julho/Agosto 2012

Antonio Celso da Silva

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Antonio Celso da Silva

Embora a embalagem seja o item de maior valor na composição de custo do produto, muitas empresas não controlam a qualidade das embalagens que recebem porque simplesmente não sabem como fazê-lo, não têm condições de contratar um técnico ou de terceirizar esse trabalho.

Outras empresas não fazem esse tipo de controle porque acreditam que isso não é importante ou que os fabricantes já enviam os itens com “qualidade assegurada”. Estas serão, com certeza, empresas de vida curta, caso continuem pensando dessa forma, pois em um produto cosmético, diferentemente do que ocorre com um medicamento, por exemplo, a embalagem é fator importante na decisão de compra.

É verdade que é impossível iniciar um controle de qualidade de embalagens quando não se tem o conhecimento de como isso deve ser feito. Mas, se não se puder fazer o ideal, que seja feito pelo menos o necessário.

E o que é o necessário?

Primeiro: essa decisão deve vir de cima para baixo – esse é o marco zero para o início do trabalho.

Segundo: se não existir alguém que conheça esse processo, deve-se contratar, por um tempo mínimo, um consultor que explique o básico. Outro caminho é mandar um funcionário ou o próprio dono da empresa fazer um curso sobre o assunto. A Associação Brasileira de Cosmetologia (ABC) disponibiliza um curso com oito horas de duração, no qual o aluno, mesmo se for leigo no assunto, aprende a fazer a implantação desse controle. Esse curso também pode ser feito in company – o que seria melhor, pois todos podem participar.

Se nem uma dessas opções for possível, pode-se pedir auxílio a um fornecedor que tenha o sistema implantado em sua empresa e possa ajudar.
Independentemente de como isso será feito, alguns aspectos deve ser considerados, pois são importantes. São eles:

- Não existe inspeção 100% de cada lote: as inspeções são realizadas por amostragem.

- A definição do plano de amostragem: quando um lote de embalagens chega, quantas unidades devem ser selecionadas para passar pela inspeção? Uma boa inspeção e um bom controle da qualidade das embalagens dependem do plano de amostragem. O plano mais utilizado é o Military Standard 105 D USA, traduzido como ABNT NBR 5429.

- A definição do nível de qualidade aceitável(NQA): vai definir o que a empresa quer em relação à qualidade das suas embalagens. O NQA é definido para cada tipo de defeito encontrado. Os NQAs mais usados são 0,25 para defeito crítico; 1,5 para defeito maior; e 4,0 para defeito menor. Normalmente, usa-se o mesmo NQA para as diferentes famílias de embalagem (plástico, vidro, cartão etc.).

- A classificação dos defeitos encontrados: esse é o fator de maior divergência entre cliente e fornecedor, pois, se um defeito visual (atributos), um deles poderá classificar o defeito como “crítico”, enquanto o outro poderá classificá-lo como “maior”, fato que mudará radicalmente a decisão de aprovação do lote.

- Ter o desenho técnico da peça: isto é, ter um croqui da peça, com suas respectivas medidas e tolerâncias, para poder avaliar os defeitos dimensionais e que são mensuráveis (altura, largura, diâmetro, peso etc.).

- Adquirir pelo menos alguns equipamentos básicos: por exemplo, um paquímetro, para fazer as medições da peça, que são sempre realizadas em mm (milímetro); uma balança semianalítica, para avaliar o peso da peça, principalmente de frascos plásticos; uma régua metálica, para medir as alturas que não puderem ser determinadas pelo paquímetro; e obviamente, uma calculadora, para fazer as devidas contas. Se for possível, adquirir um micrômetro para medir a espessura dos cartuchos (caixinhas), dos rótulos etc.; e uma câmara de vácuo, para fazer testes de vedação nos frascos e impedir que ocorram os terríveis problemas de vazamento.

- Dar autonomia a quem iniciar o trabalho de inspeção: se não houver confiança em que o estiver realizando, não será possível a implantação.
É importante sempre lembrar que, como no início de qualquer processo, vão ocorrer problemas, dificuldades, aparentes complicações, e às vezes até desentendimentos, mas é importante não desistir.

Finalizando, repito que a implantação não pode ser feita por um leigo e a qualidade é a conformidade com as especificações. Isto significa que, para fazer a inspeção, antes é preciso ter a especificação técnica da embalagem a ser avaliada, que normalmente é fornecida pelo fabricante.



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