Mercado

O agradável odor do mercado nacional

Março/Abril 2012

Carlos Alberto Pacheco

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Carlos Alberto Pacheco

A história do perfume é bem antiga. Acredita-se que a primitiva perfumaria teve início com a queima de substâncias viscosas e resinas como incenso, em cerimônias religiosas. Em consequência disso, a palavra “perfume” vem do latim “per fumum”, que significa “pelo fumo”. Um dos primeiros registros sobre perfume vem do Egito. Quando foi aberta a tumba do faraó Tutancâmon, encontraram-se mais de 3.000 jarros de perfume que ainda preservavam um pouco de sua fragrância, depois de mais de 30 séculos.
“Os mais seletos perfumes” estavam incluídos na fórmula “dada” por Deus 1.500 anos antes da Era Comum e usada pelos sacerdotes israelitas para o óleo de santa unção, conforme descrito no livro bíblico Êxodo 30:23-33. Os hebreus usavam unguentos perfumados como cosméticos e para fins medicinais, bem como para preparar os mortos para o enterro, que conscientemente ou não, serviam como desinfetantes e desodorizantes, como pode ser observado no relato do escritor bíblico e médico Lucas 23:56 e 24:1. Outra evidência do uso de perfumes entre os hebreus é encontrada na prática da hospitalidade de untar os pés de um convidado com óleo perfumado quando este chegava de uma longa viagem.
Avançando um pouco, no primeiro século, relata-se que Roma usava cerca de 2.800 toneladas de olíbano e 550 toneladas de mirra por ano. O valor desses ingredientes aromáticos pode ser percebido pelo fato de terem sido ofertados como presentes a Jesus Cristo quando este ainda era criança. (Naquela época, esses presentes eram ofertados a pessoas importantes, como reis e autoridades. Em certa ocasião, o imperador Nero gastou o equivalente a 100.000 dólares para perfumar uma festa, em 54 da Era Comum. Nas salas de jantar, encanamentos escondidos borrifavam os convidados com brumas de água perfumada. A partir do sétimo século, os chineses começaram a usar fragrâncias, inclusive sachês perfumados. Na Idade Média, usavam-se perfumes na cultura islâmica, especialmente os aromas de rosa.
A indústria do perfume ficou tão bem estabelecida na França no século 17, que a corte de Luís XV foi chamada de “a corte perfumada”. Usavam-se fragrâncias não apenas sobre a pele, mas também nas roupas, nas luvas, nos leques e na mobília.
Como sempre, a beleza vem em primeiro lugar. O Brasil, hoje a terceira maior economia cosmética do planeta, tornou-se um dos principais polos de investimento de empresas francesas, entre elas, casas de fragrâncias e indústrias cosméticas, líderes na arte de criar marcas que aliam tradição e inovação. O setor de perfumaria no País representa 15,6% do consumo mundial, o que representa o maior mercado mundial desse setor.
A cifra é tão expressiva que faz (Ou: fez?) a L´Oréal, que completa 11 anos em solo nacional, ter (Ou: instalar?) a sua maior fábrica (em volume de produção) instalada aqui, entre as 38 outras fábricas espalhadas pelo mundo.
Atualmente conta com 22 linhas de produção que são responsáveis por 370 milhões de unidade/ano de produtos das marcas L´Oréal Paris (Elséve), Garnier (Fructis), Colorama, Maybeline NY, entre outras. A fábrica local goza do privilégio de suprir outros 14 países.
Outra empresa expressiva por seus produtos importados no mercado local é a L´Occitane, que lançou nada menos do que 190 produtos, como Calanques, Fleur Chérie, Flor de Ameixa, Chá-Verde com Jasmim e Verbena Soleil, além da linha facial completa Angélica, cujo ingrediente ativo foi patenteado pela empresa.
A recente chegada da empresa Biossentiel, especializada em aromaterapia, colocou no mercado local, desde outubro de 2011, nada menos que 66 produtos distribuídos em 10 diferentes linhas de tratamento, que contam com apelos orgânicos e de sustentabilidade.
Nessa onda de redescoberta das empresas francesas no mercado local, algumas empresas nacionais buscam parcerias, como no caso do laboratório Cristália com a empresa Uriage. A Cristália, que já tem em linha seus próprios produtos, como Kollagenase, Funtyl e Naderm, incorpora a marca Peptilys da Uriage, além de outros produtos da suíça Teosyal e da chinesa Prosigne.
A grande novidade no mercado é a expectativa da entrada da Sephora no mercado local em 2012. A empresa chega ao Brasil discretamente com a aquisição da Sacks e promete instalar 5 lojas, sendo 3 em São Paulo, a serem somadas às mais de 1.500 existentes em outros 25 países, com o objetivo de apresentar 20 marcas inéditas.
Da Antiguidade aos dias de hoje, a indústria direta e indireta do perfume vem escrevendo a história da humanidade, e, porque não dizer, uma agradável história não só sensitiva, mas também lucrativa.



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