Temas Dermatológicos

Pele também desidrata

Janeiro/Fevereiro 2012

Denise Steiner

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Denise Steiner

A desidratação ocorre quando o organismo não tem água suficiente para realizar suas funções normais. Causado pela falta aguda de água e eletrólitos no organismo, o problema pode ser de primeiro, segundo e terceiro graus. Os sintomas incluem fraqueza, tontura, dor de cabeça e fadiga, podendo inclusive levar à morte. Por causa disso, nas estações mais quentes do ano os especialistas orientam a população a ingerir maior quantidade de líquido em forma de sucos, água ou chás. Porém, o que muitos não sabem é que a pele também pode passar por um processo de desidratação, principalmente no verão. A pele ressequida, repuxada e com aspecto cansado é típica da carência de hidratação adequada. Além do aspecto cansado, a pele desidratada pode evoluir para um eczema ou provocar prurido. Em casos extremos, quando a desidratação da pele está ligada à desidratação do organismo, podem ocorrer febre, torpor e convulsões. Todos os dias, a pele é agredida por vários fatores. Um deles é o clima. Muito sol, banhos de mar, piscina e vento, comuns nos dias mais quentes, contribuem para a desidratação do órgão mais extenso do corpo humano. Isso ocorre porque o manto hidrolipídico, formado por suor e gordura e localizado na epiderme, rompe-se e favorece a evaporação da água através da pele, diminuindo seu grau de hidratação. A falta de umidade relativa no ar também leva ao
ressecamento, pois há maior evaporação de água do corpo.
O envelhecimento também provoca a desidratação da pele. Quanto mais velho for o indivíduo, menor será a quantidade de água em seu corpo. Por isso é comum que pessoas idosas apre- sentem pele mais seca e com dificuldade de hidratação. Assim como todo o resto do organismo, a pele também começa a per- der algumas funções com a chegada da velhice. Células como os queratinócitos e os melanócitos, encontradas na epiderme e responsáveis pela hidratação, não são mais produzidas com tanta intensidade. Isso faz que a pele da pessoa idosa fique bem mais seca. Nesses casos, o importante é não desidratar ainda mais a pele com banhos quentes e sabonetes. O sabonete só deve ser usado nas partes que “azedam”, como axilas, virilhas e pés. A gordura cutânea é extremamente importante para a hidratação natural da pele.
Fatores de ordem genética, como a deficiência de aporte hí-
drico, e situações com caráter agudo ou crônico são causadores da desidratação da pele. Não é por causa do verão que a pele fica mais seca. Em algumas pessoas, o problema é genético.
Algumas doenças, como dermatite atópica, psoríase e ic- tiose, provocam alterações na pele e modificam sua hidratação natural. No verão, essas enfermidades não costumam afetar tanto a pele, pois o Sol e o enxofre da água do mar funcionam como anti-inflamatórios. Em contrapartida, outros problemas surgem nessa época do ano, como eczemas, coceiras, micoses e infecções bacterianas. Por causa do calor, é comum transpi- rarmos mais e ficarmos mais vulneráveis a fungos e bactérias, principalmente em áreas que ficam úmidas ou assadas. Uma das micoses mais comuns no verão é a ptiríase versicolos, que normalmente aparece nas costas e deixa o aspecto da pele semelhante ao couro de uma cobra: rachada e com escamas. Dependendo do grau de desidratação, a pele pode até esfarelar, principalmente no rosto, nos braços e nas pernas. Também é comum aparecerem regiões avermelhadas, que podem inchar formar bolhas e eliminar secreção. Além de problemas com a aparência, pode haver desconforto físico, devido à coceira.
A pele fica avermelhada porque a evaporação da água causa um desequilíbrio no manto hidrolipídico; com menos água há menor proteção. Quando isso acontece, fica mais fácil a ocorrência de irritação por substâncias químicas ou pela poei- ra que está no ar, e a pele reage com inflamação em forma de eczema e dermatites. Esse problema pode acometer indivíduos de qualquer idade, mas é bastante comum nas pessoas mais velhas, que têm pele mais desidratada. Outra consequência da desidratação, devido à alteração no manto hidrolipídico, é que a pele ressecada se contamina mais facilmente e, com isso, a possibilidade de desenvolver uma doença é maior.
Ao mesmo tempo em que traz benefícios à saúde, o Sol pode causar doenças na pele, principalmente o câncer. Derma- tologistas são unânimes ao afirmar que a principal medida a ser tomada contra a ação dos raios ultravioleta é o uso de filtro solar. Mas isso não é suficiente; na praia, o importante é não ficar exposto diretamente ao Sol. A sombra é grande aliada nessa hora. Além disso, o uso de camisetas ajuda a proteger a pele. Depois de um dia de sol, o importante é hidratar o corpo como um todo, ingerindo muito líquido, porque a hidratação da pele ocorre de dentro para fora. O uso de hidratantes serve para bloquear a saída de água e, como muitas pessoas imaginam, não tem a função de hidratar.



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