Toxicologia

A união faz a força

Novembro/Dezembro 2011

Dermeval de Carvalho

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Dermeval de Carvalho

Os setores responsáveis pela segurança de cosméticos, produtos de higiene pessoal e perfumes, se estiverem cientificamente unidos, se fortalecerão muito mais do que se imagina, pois “forças de mesmo sentido se somam” ou respeitam ao velho adágio popular: “a união faz a força”.

Ao longo desses quatro anos como colunista da Cosmetic & Toiletries (Brasil), com o intuito de divulgar e agregar informações, tenho procurado escrever a respeito do envolvimento e da importância das ciências toxicológicas na avaliação de segurança dos ingredientes cosméticos. Não me furtei em abordar itens preciosos, como: pesquisa e desenvolvimento, inovação tecnológica, protetores solares, teste de Draize, métodos alternativos, cosmetotoxicologia, pele e suas implicações, endpoints, margem de segurança, formação de recursos humanos, toxicidade sistêmica, integração multiprofissional e disciplinar, parcerias, entre outros. Outras colunas, assinadas por ilustres colaboradores da revista, somaram-se às minhas, focando especificidades e/ou generalidades, todas revestidas de rara importância.

Outros parceiros estão na mesma luta. Bom exemplo disso tem sido dado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), por meio de sua Gerência Geral de Cosméticos, que frequentemente promove a realização de discussões técnicocientíficas, divulgando publicações regulatórias, como o Guia de Segurança, das Resoluções da Diretoria Colegiada (RDCs) e dos pareceres emitidos pela Câmara Técnica, além da forte atuação no Mercosul.

Até onde tenho acesso, a Associação Brasileira de Cosmetologia (ABC) e a Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec) têm alcançado efetiva participação na realização de múltiplos eventos, nos quais a segurança tem sido ícone de constante observação. A participação das universidades públicas e privadas, quando se fala em toxicologia de ingredientes cosméticos (tanto na graduação como na pós-graduação) me parece um tanto tênue – mas também marcamos presença no circuito acadêmico.

Em atenção ao expediente firmado pela Associação Brasileira de Cosmetologia, o Conselho Federal de Farmácia, observada a Resolução nº 444/06 e o Acórdão nº13.374, publicou no Diário Ofi cial da União de 25 de novembro de 2009, a aprovação do Curso de Especialização Latu Sensu em Cosmetotoxicologia.
Esse foi um grande passo: o reconhecimento da firme e necessária parceria científica entre cosmetologia, tecnologia de cosméticos, ciências toxicológicas e ciências afins.

Dentre as incertezas, chega uma alvissareira notícia: a Universidade Estadual de Londrina, no Paraná, está oferecendo, desde o primeiro trimestre de 2011, o Curso de Pós-graduação Stricto Sensu em Toxicologia Aplicada à Vigilância Sanitária, de mestrado profi ssionalizante. Trata-se de um bom exemplo e um caminho a ser seguido. Sob o ponto de vista pessoal, tenho sido totalmente favorável aos cursos profissionalizantes, especialmente para um setor regulado e que exige pessoal qualificado.

E lá fora, nos países desenvolvidos, graças ao elevado nível cultural e científico, ostentado ao longo de muitos anos, estão os mais importantes centros de excelência em pesquisa, desenvolvimento e atividades regulatórias, como: FDA, EPA, Health & Consumer Protection of European Commission/SCCP, ECVAM e ICCAM, entre tantos outros.

A velocidade da informação foge ao nosso alcance. As fontes disponíveis se atropelam e se complementam. Questionam-se. Ocasionam choques, que podem levar a “knockout”, tanto o jovem em início de carreira como o mais experimente profissional, em áreas de trabalho similares ou contrastantes.

Uma parceria de boa qualidade gera um bom produto. Nesse emaranhado, os trabalhos de revisão da literatura e bancos de dados têm se notabilizado como excelentes meios de difusão do conhecimento. Infelizmente, o acesso à literatura científica pode ser inatingível para aqueles que estão fora da universidade. Pura verdade.

Estamos nos aproximando da primeira parada. Precisamos respirar. Tenhamos em nossas mentes que os saltos com obstáculos estão logo à frente, para nos levar às vitórias e aos tombos. Como fazer e a quem recorrer? Precisamos de iniciativas corajosas, de seres humanos com sensibilidade e espírito agregador,
capazes de levar à mesma mesa de trabalho os interessados na segurança de ingredientes de produtos de higiene pessoal, cosméticos e perfumes, paradigma essencial à saúde dos usuários.

Acredito na criação de um organismo capaz, que seja parceiro para o crescimento dos setores envolvidos, bem como plenamente alinhado aos seus congêneres internacionais já existentes, e não um mero coadjuvante.



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