Boas Práticas

BPFeC e sua interação com a empresa

Maio/Junho 2011

Carlos Alberto Trevisan

colunistas@tecnopress-editora.com.br

Carlos Alberto Trevisan

Tenho percebido que as Boas Práticas de Fabricação e Controle (BPFeC) estão sendo segregadas no dia a dia das empresas, pois não existe o sentimento de que estas sejam resultantes de uma grande série de ações que, obrigatoriamente, envolvem toda a empresa.

Por meio da ilustração desta página, podemos melhor compreender por que todas as atividades executadas na empresa podem impactar, em maior ou menor intensidade, na implantação desse sistema.

A título de exemplo, relatamos um acontecimento rotineiro, aparentemente sem grandes consequências nas BPFeC, mas que tem implicações extremamente sérias em relação aos colaboradores da empresa. Refere-se à decisão muitas vezes tomada pela área de compras quando esta necessita realizar uma redução de gastos. Na maioria dos casos, um dos itens que é alvo de redução ou eliminação é o papel-toalha usado nos lavatórios. O impacto dessa decisão, não avaliado de modo adequado, é que, ao se restringir o uso do papel-toalha existe a possibilidade de os colaboradores procurarem outras alternativas não adequadas para esse fim.

Esse fato acontece porque o encarregado das compras não tem conhecimento da importância que o papel-toalha, como meio da prática de asseio e limpeza, tem no âmbito das BPFeC.

Esse exemplo, acreditamos, é bastante ilustrativo e corrobora a importância do envolvimento coletivo com essas práticas.

Outro exemplo que considero importante é o desenvolvimento de produtos sem que o impacto sobre as atividades das áreas produtivas, como a fabricação e o envase, seja avaliado previamente; na maioria das vezes só passa a ser conhecido pelas áreas envolvidas, por exemplo, quando o material de embalagem chega à empresa.

A desinformação dos fornecedores da empresa também pode ser mencionada como um dos motivos para comprometer o sucesso da efetiva implantação das BPFeC, pois, se os fornecedores não estiverem comprometidos com o processo, continuarão produzindo não conformidades que afetarão produtos e serviços.

De modo análogo, a existência de equipamentos fora de condições normais de uso, caso os encarregados da manutenção não estejam comprometidos com a qualidade, acabam impactando o processo.

No que concerne ao setor de planejamento e controle de produção, decisões tomadas para agilizar processos de fabricação e envase visando a atender às vendas, sem o adequado planejamento, muitas vezes impactam, notadamente quando causam a dispensa de procedimentos de limpeza e sanitização entre lotes.

Quando o P&D não considera o dimensionamento e a adequação de equipamentos e das utilidades da fábrica, muitas vezes dificulta que o setor de produção trabalhe com foco nas BPFeC, obrigando-o, muitas vezes, a apelar para o famoso “quebra galho”.

As BPFeC devem ser observadas desde o momento em que o produto é idealizado pelo marketing, evitando assim as consequências e as não conformidades quando a ideia passar da teoria para a execução.

Muitos outros exemplos podem ser citados, entretanto, acredito que esses são suficientes para que o conceito seja absorvido.

Os interessados nesse assunto podem ler a consulta pública da Anvisa referida na Portaria nº 623, de 29 de março, sobre as Boas Práticas de Fabricação e Controle na indústria de Produtos de Higiene Pessoal, Cosméticos e Perfumes, na qual está clara a pretensão das autoridades de evoluírem na efetiva implantação dessas práticas sob o foco do Sistema da Qualidade.



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