Embale Certo

Cuidados na confecção de um molde

Março/Abril 2011

Antonio Celso da Silva

colunistas@tecnopress-editora.com.br

Antonio Celso da Silva

O objetivo da coluna desta edição é passar um pouco da experiência adquirida quando se decide mandar fazer um molde, seja para uma nova embalagem, seja para a repaginação de uma embalagem já existente.

Tenho observado nas empresas de cosméticos – não raras vezes e notadamente nas mais novas – erros que chegam a ser primários. Eles acontecem por causa da falta de experiência ou da pressa em lançar o produto, o que é muito comum em nosso setor, que não pode esperar e precisa de lançamentos para sobreviver.

Existem, basicamente, dois caminhos para desenvolver um molde. O primeiro é escolher o fornecedor da embalagem que, por sua vez, indicará o fabricante do molde. O segundo é escolher primeiro o fabricante do molde e só depois o fornecedor da embalagem. O primeiro caminho é o mais comum, visto que no segundo a empresa que mandará fazer o molde precisa ter profissionais familiarizados com o assunto ou um consultor especializado.

Seja qual for o caminho escolhido, tudo começa com um briefing – necessário para detalhar o que se quer da nova peça. É importante ressaltar que não existem muitos fabricantes de moldes, por isso não é comum seguir o caminho de uma cotação para definir quem vai fabricar o molde. A empresa vai diretamente até um fabricante que foi indicado a ela por alguém ou a um que já conheça, e com ele negocia o preço.

Quando falamos em moldes para a fabricação de uma embalagem cosmética, podemos considerar que três tipos são os mais usados: sopro, injeção ou uma mistura dos dois. Vale citar que os polímeros são os materiais usados nesses processos.

Do processo de sopro resultam os frascos, os potes e as bisnagas. Do processo de injeção, as peças rígidas, como tampas e estojos de maquiagem. Por último, do processo que utiliza os dois, os frascos ou potes em PET, quando se necessita primeiramente de uma pré-forma, que é injetada, e, na sequência, é soprada/estirada.

Com o briefing definido e o fabricante do molde escolhido, vem a próxima etapa, que é o desenho técnico. Começam a nascer, então, todos os detalhes da nova peça, com suas respectivas medidas e tolerâncias. Essa é uma fase de fundamental importância, pois a nova peça ainda está no papel e existem muitas possibilidades de esta passar por alterações.

Após o desenho técnico ser discutido, avaliado e definido, a próxima etapa é a confecção de um mock-up, que é a embalagem a ser produzida a partir do molde, feito manualmente em gesso, madeira ou acrílico.

Convém ressaltar que os recursos tecnológicos existentes hoje permitem que se faça um desenho da futura peça em 3D, semelhante a uma foto, o que facilita a vida de quem manda fazer o molde. No entanto, não se deve confundir esse desenho (que tem a finalidade de permitir a visualização da futura peça) com o desenho técnico cuja finalidade é conhecer as medidas e tolerâncias, como foi citado acima. Também é comum primeiro fazer o mock-up para depois partir para o desenho técnico e a confecção do molde.

Outro detalhe que não se pode esquecer é a oficialização do molde a ser fabricado, por meio de um contrato no qual se defina: preço; condições de pagamento; prazo de entrega; quantidade de cavidades; se o molde é duplo ou triplo; e quem vai ser o seu proprietário – a empresa que vai produzir a peça ou a empresa que vai utilizar a embalagem. É importante deixar bem claras essas informações, pois já vivenciei muitas confusões nas quais a empresa que fabrica a embalagem manda fazer o molde para seu cliente, o qual imagina que o molde é seu e depois descobre que precisa pagar para tê-lo.

É comum também o fornecedor da embalagem negociar uma quantidade mínima de unidades a serem produzidas. A essa quantidade ele acrescenta um pequeno valor, e depois de ser comprada a quantidade estipulada o molde passa automaticamente para o seu cliente. Nesse caso, esse é o detalhe mais importante que precisa constar no contrato.

É preciso lembrar que se a nova embalagem for inédita, ela deverá ser registrada no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi), para garantir que não será reproduzida por outra empresa.

Dentre as medidas que fazem parte do desenho técnico talvez a mais importante seja a definição do volume útil da nova embalagem. Essas medidas são definidas em volume BG, que que define a quantidade com a qual o produto alcança o volume útil, atingindo a base do gargalo. A outra medida é o volume total do frasco, conhecida como OF (sigla para over flow)– o que corriqueiramente chamamos de “encher até a boca”.

Obviamente, vários outros aspectos poderiam ser abordados aqui para que nos aprofundássemos mais nesse assunto. Porém, o objetivo é mostrar os principais cuidados na confecção de um novo molde e ajudar quem ainda não viveu essa experiência. Por outro lado, para os profissionais experientes, os tópicos aqui abordados nada mais são do que o seu dia a dia de trabalho.



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