Temas Dermatológicos

Além da proteção solar

Novembro/Dezembro 2010

Denise Steiner

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Denise Steiner

A pele é o único órgão do corpo humano que sofre dois tipos de envelhecimento: o cronológico intrínseco e o fotoenvelhecimento ou extrínseco.

O primeiro é regido pelo relógio biológico, havendo mudanças genéticas, químicas e hormonais. O segundo é causado pela exposição cumulativa à radiação solar. Há diferenças marcantes entre o envelhecimento intrínseco e o fotoenvelhecimento, que são coerentes com as alterações bioquímicas e moleculares.

No envelhecimento ocasionado pela idade, a textura da pele é lisa, homogênea e suave, com atrofia da epiderme e da derme, menor número de manchas e discreta formação de rugas. No fotoenvelhecimento, a superfície da cútis é áspera, nodular, espessada e com inúmeras manchas e rugas profundas bem demarcadas.

A luz solar, por meio dos comprimentos de onda UVA e UVB, causa danos progressivos às várias estruturas da pele, como: DNA, queratinócitos, melanócitos, vasos, fibras, glândulas, entre outras. A agressão crônica e progressiva vai acumulando-se até se tornar perceptível em forma de manchas, rugas, flacidez e câncer de pele.

A proteção solar é essencial para preservar a pele e prevenir o envelhecimento, já que a radiação ultravioleta é responsável por cerca de 80 a 90% do envelhecimento observado na pele.

A fotoproteção solar constitui importante medida para prevenir e tratar o envelhecimento cutâneo. Ela deve ser iniciada na infância, sendo necessário realizar a educação da criança, em relação aos horários indicados de exposição, que desde essa fase da vida deve evitar o Sol entre as 10 e as 15 horas, nas situações de exposição intensa.

O fotoprotetor deve ser aplicado 30 minutos antes da exposição solar e reaplicado a cada 2 horas. Além disso, roupas e chapéus também devem fazer parte da proteção. O filtro solar deve ser passado em toda a superfície cutânea, numa quantidade equivalente a 2 mg/cm2.

Existem dois tipos de filtros solares: o filtro químico e o filtro físico. O primeiro interage quimicamente com a radiação ultravioleta e a transforma em calor. O segundo protege por meio de uma barreira que promove a reflexão dos raios ultravioleta.

Os produtos cosméticos com filtro também podem ter outros princípios ativos, como hidratantes, vitaminas, antioxidantes e clareadores. Hoje, também vale salientar o papel dos reparadores celulares, pois também desempenham papel importante na fotoproteção, corrigindo alterações do DNA.

O DNA (ácido desoxirribonucleico) é uma molécula presente no núcleo de todas as células dos organismos vivos, cuja principal função é armazenar a informação necessária para a síntese de moléculas celulares. O DNA abriga todas as informações do código genético.

A radiação UV pode também danificar o DNA por causa de sua interação direta com os ácidos nucleicos, ou indiretamente por meio de espécies reativas do oxi­gênio (ROS), as quais foram previamente afetadas pela radiação. Essas mesmas espécies podem ser geradas de forma extrínseca, por meio da absorção da radiação UV na pele. A ge­ração de ROS também ocorre durante o metabolismo celular oxidante, que leva à oxidação de bases nitrogenadas, normalmente guaninas, podendo resultar em mutações. Sendo assim, essas mutações podem ocorrer independentemente da exposição solar. Além da oxidação da guanina, mais frequentemente ocorre a formação de dímeros de ciclobutano pirimidina (CPO), formados pela absorção direta de fótons de UV sem intermediário de ROS. A formação desses dímeros por meio de uma reação fotoquímica ocorre em frações de segundo e não pode ser interrompida por antioxidantes, pois não gera radicais livres.

Os danos ao DNA causados pela radiação UV levam à ativação de novos genes e à liberação de sinais de estresse, incluindo a interleucina (IL-1), o fator de necrose tumoral alfa (TNF) e o IL-10, que também ativam novos genes. Essas citocinas liberadas agem na própria célula e em células distantes. Entre os genes que são ativados há aqueles para as metaloproteases-1 (MMP-1) que degradam o colágeno. O efeito é a degradação do colágeno, uma das marcas da pele fotoenvelhecida. Os filtros solares podem prevenir parte do dano ao DNA, mas não podem evitá-lo completamente.

As endonucleases são enzimas que atuam reconhecendo sequências de pares de bases específicas em moléculas de DNA com mutações, clivando-as nesses pontos. São altamente específicas: cada tipo de enzima reconhece e corta apenas determinada sequência de nucleotídeo.
Um mecanismo importante de defesa é denominado “reparo por excisão de nucleotídeos” ou NER (em inglês, nucleotide excision repair). Esse mecanismo fisiológico permite a remoção de mutações ocorridas no DNA, que são causadas pela exposição à radiação UV relacionadas à criação de dímeros de timina.

Dessa forma, produtos com enzimas, como as endonucleases, corrigem danos celulares causados pelo Sol (RUV) que não tenham sido evitados com o uso do filtro solar.

Essas formulações completam a capacidade de o produto proteger a pele, evitam o fotoenvelhecimento e o câncer de pele.



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