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E uma de minhas colunas, abordei os primeiros passos da toxicologia e seus desdobramentos científicos. Entretanto, nos últimos 15 anos, os assuntos técnicos, científicos e regulatórios envolvendo a toxicologia e a cosmetologia vêm sendo discutidos com veemência.
Corroboram com essas informações: no período de 1911/2010 foram divulgadas 94.251 e 53.084 publicações, respectivamente, para assuntos de toxicologia e cosmetologia (Pub-Med-11/2010).
Não fiquei nada surpreso. Ainda mais seguro fiquei, quando recente publicação listou 96 títulos de periódicos, em circulação, relacionados a assuntos de toxicologia (Brazilian Journal of Toxicology 20(1-2):29-37, 2007).
Os números estão aí. Somente eles serão suficientes para sustentar de maneira eficiente a formação de recursos humanos voltados à área de segurança de ingredientes e produtos cosméticos? Certamente, a resposta será não. Então, o que fazer? Eis, a seguir, alguns possíveis caminhos, mesmos que tortuosos.
Em se tratando de uma área do conhecimento que contempla ensinamentos multidisciplinares distribuídos em uma longa cadeia multiprofissional, torna-se inimaginável pensar em matrizes curriculares para tão diferentes cursos de graduação, cujos conteúdos programáticos pudessem abordar a segurança de ingredientes e produtos cosméticos.
Na graduação, resguardado e priorizado o âmbito profissional, medida alternativa, viável, seria a inclusão de disciplinas optativas, especialmente nas universidades públicas, uma vez que nas privadas entra em cena o fator custo.
Os recém-egressos dos cursos de graduação, ainda inseguros até com a própria e brusca mudança de vida, sentem-se acanhados para fazer grandes voos, pois tudo é muito diferente do que vivenciaram e aprenderam e, ou, deixaram de aprender nos bancos escolares. Um caso a parte: são pouquíssimos os alunos que tiveram a oportunidade de realizar estágios curriculares supervisionados em ambientes que tratam do assunto segurança de ingredientes e produtos cosméticos.
Ainda assim muitos jovens, por razões diversas, como os estímulos recebidos dos mestres, notícias veiculadas na imprensa falada e escrita, informações dos colegas que já estão no mercado de trabalho e sua participação em eventos científicos, não desistem e vão à luta, mesmo sabendo que alguns obstáculos deverão ser superados.
Uma alternativa bastante conciliadora para os recém-egressos consiste em nortearem seus caminhos com a busca das competências e habilidades, mediante esforço pessoal, superar as dificuldades do dia a dia, armazenar energias para os finais de semana marcar presenças em cursos de especialização, jornadas e eventos científicos, ter na cabeceira textos e revistas especializadas, e, acima de tudo, ter princípios éticos, que são indispensáveis para o sucesso profissional.
Fatores próprios e pertinentes a cada profissional também poderão levá-los a outros caminhos necessários à sua formação profissional – por exemplo, cursos de pós-graduação. No Brasil, a maioria dos cursos estão sendo altamente conceituados pelos órgãos regulatórios, formando um bom número de mestres e doutores.
Essa notícia é excelente.
Mas, quando pensamos nessa importante área do conhecimento- segurança de ingredientes e produtos cosméticos – assunto que é de interesse sanitário -, por incrível que pareça ainda não contamos com nenhum curso específico. Por outro lado, a toxicologia já está contemplada com excelentes cursos de pós-graduação, porém, salvo melhor juízo, nenhum deles ainda mostrou vocação para adotar a segurança de ingredientes cosméticos como linha de pesquisa.
Qual a solução?
A inexistência de cursos de pós-graduação nessa área poderia ser solucionada utilizando-se a infraestrutura dos cursos de pós-graduação em toxicologia e a de cursos correlatos, mediante a integração desses cursos com docentes de cosmetologia. Com todo esse aporte, o Brasil poderia pensar em somar mais um instituto destinado à avaliação de segurança de ingredientes cosméticos aos 122 institutos de ciências e tecnologia, que já foram criados graças a uma parceria entre o Governo Federal e as fundações estaduais de amparo à pesquisa.
Os países desenvolvidos já contam com vários institutos que tratam da avaliação de segurança de ingredientes e produtos cosméticos, que trabalham de forma inteligente, pois assumem compromissos com suas próprias linhas de pesquisa, bem como avaliam compromissos futuros.
O instituto ora sugerido, em pouco tempo, estará lado a lado com aqueles sediados nos grandes centros mundiais.
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