Temas Dermatológicos

Hirsutismo

Janeiro/Fevereiro 2003

Denise Steiner

colunistas@tecnopress-editora.com.br

Denise Steiner

Tendo em vista a crescente preocupação das pessoas com a estética e o culto a padrões pré-determinados de beleza, o excesso de pêlos, principalmente para as mulheres, constitui um grande problema.

Quando o crescimento é estritamente andrógeno-dependente, portanto, em regiões com influência de hormônios andrógenos (face, axilas, região púbica, pernas e braços), que pode ser parte de uma virilização, é denominado hirsutismo.

As causas do hirsutismo podem ser ovarianas (síndrome dos ovários policísticos ou tumores) ou adrenais (hiperplasia adrenal congênita, síndrome de Cushing e prolactinoma) ou outras como disgenesia gonadal, terapia andrógena, idiopatico, estresse, obesidade, entre outras. Pode ser por pré-disposição genética, familiar ou racial, sendo constitucional para determinadas etnias.

Geralmente, o hirsutismo está associado ao aumento na produção ou ação dos andrógenos, chegando a acometer 5 a 8% das mulheres em idade fértil.

Na mulher a testosterona (T) pode ter origem a partir dos ovários e suprarenais, através da produção de seus precursores: androgestenediona e sulfato de diidroepiandrostenediona (SHDEA).

A forma biologicamente ativa da T e a T livre, sendo que 80% da T "não livre" encontra-se ligada a uma (globulina ligadora de hormônios sexuais - SHBG) e aproximadamente 17-19% frouxamente ligada a albumina. Assim, a androgenicidade
também está relacionada a diminuição da SHBG e conseqüente aumento da T livre, promovendo a sua ligação à receptores específicos nas glândulas sebáceas e folículos pilosos.

O mecanismo fisiopatológico da atividade androgênica possui 3 estágios: a) produção de andrógenos pelas adrenais e ovários; b) seu transporte no sangue pela SHBG; c) sua modificação intracelular e ligação aos receptores andrógenos.

A síndrome dos ovários policísticos é a principal causa de hiperandrogenismo nas mulheres. Inclui alterações na secreção de gonadotrofinas, anovulação crônica, hiperandrogenismo e resistência à insulina. 60% a 90% das mulheres com ovários policísticos são consideradas hirsutas.

A redução da SHBG, com o conseqüente aumento da T livre, é responsável pela síndrome SAHA (seborréia, acne, hirsutismo, alopécia).

Os tumores ovarianos secretantes de andrógenos causam hirsutismo e podem ser causa de virilização. Dentre eles podem ser citados os adenomas, tumores de células de Leydig, arrenoblastomas e luteomas.

A hiperplasia adrenal constitui síndrome adrenogenital congênita, autossômica recessiva, com diminuição do cortisol e aumento da testosterona, androstenediona e ACTH. Resulta em hiperatividade das adrenais procurando manter os níveis de cortisol dentro da normalidade. Conseqüentemente, há hisurtismo e virilização. Quadros semelhantes podem ocorrer na síndrome de Cushing e em tumores adrenais.

A hiperatividade hipofisária pode determinar aumento da produção de andrógenos pelos ovários e adrenais, como na acromegalia, hiperprolactinemia, adenoma pituitário, hipotiroidismo, doenças do hipotálamo e drogas.

Muitas mulheres hirsutas são obesas, porém ainda não está bem determinada a relação entre estas duas patologias. Observa-se que, quando mulheres hirsutas com irregularidade menstrual perdem peso, ocorre regularização dos ciclos menstruais e diminuição dos pêlos.

As mulheres afetadas por esse mal tem à sua disposição diversos tratamentos estéticos que incluem o clareamento dos pêlos com cosméticos clareadores e as diferentes formas de remoção de pêlos, temporárias ou definitivas.

O barbeamento úmido (lâminas de barbear) ou seco (barbeadores elétricos) tem pequena durabilidade, mas são métodos simples e baratos.

As ceras permitem duração um pouco maior do resultado, permitindo remoção quinzenal ou até mensal. Pode, eventualmente, causar foliculite.

Os cremes depilatórios destroem a haste pilosa, rompendo as pontes de dissulfeto (sulfeto de bario, estroncio, sódio, ácido glicólico e tioglicolatos). Permitem uma remoção semanal ou quinzenal de pêlos finos, porém apresentam alto índice de dermatite de contato devido aos seus componentes químicos.

A epilação definitiva pode ser feita por eletrólise, eletrocoagulação e laser. Estes métodos são efetivos, porém bastante dispendiosos. Na eletrólise há destruição química do pelo.

O laser atualmente aprovado para remoção definitiva de pêlos é o Light Sheer, promove destruição do pêlo por fototermólise seletiva. Apresenta resultados favoráveis para pêlos escuros e grossos. Geralmente é necessária mais
de uma sessão, podendo ser necessárias até 6 sessões. As sessões tem intervalo de 30 dias a 3 meses, devendo ser feitas logo que se iniciar o crescimento de pêlos na área tratada.

Dra Denise Steiner é dermatologista
E-mail: clínicastlocki@uol.com.br



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