Temas Dermatológicos

Imunomoduladores

Setembro/Outubro 2002

Denise Steiner

colunistas@tecnopress-editora.com.br

Denise Steiner

Nos últimos anos a Imunologia, ciência que estuda a defesa do organismo, vem sendo mais estudada e conhecida contribuindo de maneira importante para elucidar o mecanismo de várias doenças, e conseqüentemente, o modo de tratá-las.

A biologia molecular que analisa o modo das moléculas funcionarem e a genética médica que hoje está descobrindo o genoma humano, elucidando como age cada gene, também vem avançando rapidamente conseguindo trazer uma luz para doenças até hoje desconhecidas.

Qualquer doença provoca no organismo reações do seu sistema de defesa (imunológico). Este sistema portanto, está ligado à resistência da pessoa, agindo de forma mais adequada quando há equilíbrio e saúde. Na AIDS por exemplo, o vírus responsável pela infecção ataca diretamente o sistema imunológico dificultando as defesas naturais e diminuindo a resistência dos indivíduos.

Todas as viroses, doenças bacterianas, fúngicas e inflamatórias despertam no organismo da pessoa a reação do seu sistema imunológico. Isto é feito principalmente através dos linfócitos, células inflamatórias que levam mensagens a todo o organismo. Estas mensagens são responsáveis pelo processo de inflamação,indicando que nosso corpo está se defendendo. E por isso que ocorre o avermelhamento, o calor, o inchaço e também a febre. É porisso também que em doenças internas os exames ficam alterados demonstrando sinais de infecção e/ou inflamação.

É impossível sobreviver sem o sistema imunológico, porém paradoxalmente ele é responsável pela maioria dos sinais e sintomas de doenças.

Nos processos alérgicos, por exemplo, a pessoa rejeita determinada substância e o sistema imunológico provoca a urticária, coceira, escamação e assim por diante.

Nesta nova era da medicina, podemos contar com os imunomoduladores que são medicamentos ativos na cadeia do sistema imunológico. Sendo assim eles não vão agir propriamente contra o vírus ou a bactéria, mas sim auxiliar o organismo na defesa mais adequada, evitando os efeitos indesejáveis que surgem devido a inflamação e a infecção. Citamos como exemplo uma destas drogas denominada "imiquimod". Ela pode ser usada no tratamento das verrugas vulgares e condiloma acuminado que é a verruga na mucosa peniana ou vaginal.

Até hoje não existe o método ideal para o tratamento das verrugas cujo agente causador é um vírus, pois o vírus penetra na célula e para agredi-lo é necessário agredir o indivíduo também. 0 imiquimod existe em forma de creme podendo ser usado para o tratamento de viroses de pele como verrugas, herpes e molusco contagioso, obtendo resultados em poucas semanas de terapia.

Este imunomodulador irá tornar a resposta pelos linfócitos mais eficiente, contribuindo com a formação de maior quantidade de citoquinas, os agentes principais da defesa. Com melhor defesa o organismo pode eliminar vírus sem auxílio de drogas antivirais potentes que muitas vezes tem efeitos colaterais indesejáveis.

O imiquimod também tem sido usado para o tratamento de lesões pré-cancerosas e o próprio câncer de pele. Isto porque quando o indivíduo desenvolve o câncer de pele quando perde parcialmente a capacidade de destruir os clones de células cancerosas.

Durante toda a vida, são formados grupos de células com características anormais (cancerosas) que o organismo tem capacidade de eliminar através de seu arsenal imunológico. Apesar disto, quando a célula é agredida por muitos anos (sol) o sistema inato de reparação começar fraquejar e as células cancerosas conseguem se sobrepor as normais. 0 imiquimod entra como um agente imunomodulador, auxilia na defesa do organismo que através de sua ação específica no sistema imunológico recupera a capacidade das células podendo eliminar o tumor.

Assim como o imiquimod, várias outras substâncias imunomodulares estão sendo intensamente pesquisadas.

A ação destas substâncias é sempre no sistema imunológico, as vezes nos linfócitos, ás vezes nas citoquinas, equilibrando e reforçando a defesa natural do organismo.

É interessante enfatizar que o desenvolvimento destas drogas só foi possível porque a tecnologia atual trouxe maior conhecimento à área em questão decifrando todos os passos utilizados na resposta imunológica aos diversos tipos de doenças.

Eles também serão muito úteis para combater a rejeição aos transplantes de órgãos e para tratar todas as imunodeficiências genéticas ou não, e doenças autoimunes como vitiligo e lúpus eritematoso sistêmico entre outros.

Desta forma estamos caminhando no 3° milênio para utilização de drogas inteligentes que agridem cada vez menos e que são mais eficazes na cura da doença a medida que aprimoram e recuperam as defesas naturais do organismo humano.

Dra. Denise Steiner é dermatologista.
E-mail: clinica-stockli@sti.com.br



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