Tricologia

Alimentos e cabelos

Setembro/Outubro 2010

Valcinir Bedin

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Valcinir Bedin

Estamos vivendo uma época de “produtos internos para a aparência” que parece uma verdadeira invasão. Temos suplementos em forma de cápsulas, em líquidos, águas e pós, todos com a informação de que são auxiliares na busca ou na manutenção da beleza.

Com os cabelos não é diferente. O mercado foi invadido por produtos que prometem aumentar a massa capilar, acelerar o seu crescimento e retardar ou evitar a queda dos fios. Deve-se ter em mente que nem tudo o que se ingere é absorvido, e que, mesmo quando são absorvidos algumas substâncias e princípios ativos seguem caminhos que não são os esperados. Vou elencar o que é necessário, em termos alimentares, para se ter um cabelo saudável.

Os cabelos são estruturas proteicas, isto é, feitos de aminoácidos, vitaminas, sais minerais e cofatores. Toda vez que algum desses nutrientes estiver faltando no corpo de uma pessoa, ela poderá ter algum problema com os cabelos. Eles podem cair, não nascer ou ficar frágeis e quebradiços. Ás vezes, eles podem mudar de aspecto, de textura e até de forma (ficar mais lisos ou mais encaracolados).

Ao contrário do que pensa o senso comum, a vitamina A não entra na composição dos cabelos. As vitaminas essenciais para os cabelos são aquelas do grupo do complexo B. Portanto, alimentos que contenham essas vitaminas são sempre bem-vindos, como o leite de qualquer origem e seus derivados, e a maioria dos vegetais.

No que se refere aos nutrientes minerais, temos o ferro, encontrado nas carnes vermelhas, no feijão e em alguns vegetais verde-escuros, como o brócolis e a couve; o zinco, encontrado nos frutos do mar, como ostras e mariscos; e o cobre, encontrado também nos frutos do mar e no chocolate amargo.

É importante lembrar que esses nutrientes têm de estar circulando em grande quantidade no nosso corpo (em um percentual maior que 50 para cada forma de avaliação), para que sejam usados nos cabelos, e que grandes deficiências, como desnutrição grave, podem levar a problemas sérios na haste capilar, como a perda de cor nos fios (kwashiokor).

O importante é lembrar que o cabelo não tem uma função fisiológica vital para o corpo humano. Isso significa que podemos viver da mesma maneira, com ou sem cabelos! Obviamente, não estamos falando da altíssima importância emocional que essa parte do corpo tem. Um trabalho feito na Universidade de Berkeley, na Califórnia, EUA, mostrou: mulheres que perdem cabelos têm uma sensação de dor maior do que a dor que sentem quando perdem seus companheiros!

O fato de não representar parte essencial na vida do corpo humano faz que, na distribuição dos nutrientes, os cabelos fiquem sempre em último lugar. Só são mandados para os cabelos os nutrientes que sobram da divisão para outras partes do corpo. Assim, quando ocorre carência vitamínico- proteica, a mera reposição, sem que ocorra também uma avaliação do que realmente está faltando, pode não trazer o resultado esperado, uma vez que outra parte do organismo pode absorver o nutriente antes que ele chegue ao cabelo.

O ideal é manter uma dieta equilibrada e saudável, e, a cada sinal ou sintoma de que esteja ocorrendo alguma alteração metabólica de origem nutricional, deve-se fazer uma pesquisa bioquímica para avaliar os nutrientes e os micronutrientes circulantes.



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