Boas Práticas

BPFeC no uso da água nas indústrias de cosméticos

Setembro/Outubro 2010

Carlos Alberto Trevisan

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Carlos Alberto Trevisan

Como se sabe, de todas as matérias-primas utilizadas na produção de produtos de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos (HPPC), a água é o insumo que participa em maior concentração desse processo e o que requer maiores cuidados.

A razão para que a água necessite de tantos cuidados se deve ao fato de que o processo de tratamento para seu uso requer a retirada do cloro, utilizado para proteger esse insumo de contaminações microbiológicas, já que a água se trata de um meio facilmente contaminável.

Do ponto de vista da captação, a água para a produção de produtos de HPPC deve ter características semelhantes às da água potável, e quando não for recebida da rede pública de tratamento deve ser submetida a tratamentos que a deixem nessa condição.

Existem muitas empresas que utilizam a água nas condições em que é fornecida pela rede pública, mas se deve considerar que a água potável tem características diversas daquelas requeridas para as formulações. Veja no quadro as especificações da água potável em obediência à norma sanitária.

De acordo com essas especificações, pode-se concluir que a água potável contém uma série de componentes, como cátions, ânions e contaminantes microbiológicos, que poderão causar efeitos adversos às formulações cosméticas.

O objetivo do tratamento é eliminar ou diminuir o teor dos componentes citados, para que esses não comprometam a formulação, na forma, por exemplo, de contaminação, oxidação e alteração de cor, e de desestabilização de emulsões.

A preservação da água é uma das atividades mais importantes preconizadas pelas Boas Práticas de Fabricação e Controle (BPFeC), e em breve o sistema de tratamento da água terá de ser validado.

As boas práticas, desde que sejam rigidamente cumpridas, oferecem a melhor condição operacional para a obtenção, o transporte e a estocagem da água tratada.

Um sistema básico que processe o tratamento de água deve conter, por exemplo, tanques, filtros (de areia e carvão), colunas, trocadores de íons, tubulação, registros e válvulas. Pode-se concluir que vários são os pontos nos quais, se não forem seguidas as recomendações das BPFeC, haverá riscos potenciais de contaminação e, portanto, esses pontos necessitam de monitoramento.

O monitoramento deve observar as características da água resultante de cada uma das etapas do tratamento e, quando necessário, providenciar solução imediata se alguma não conformidade for constatada.

Deve-se ressaltar que o monitoramento deverá sempre ser realizado com registros escritos de todos os parâmetros amostrados e devidamente aprovados pelo responsável pela área da qualidade ou responsável técnico.

Apenas para ressaltar a importância em observar as boas práticas no sistema de tratamento da água, pode-se mencionar que, na sua ausência, poderá ocorrer o desenvolvimento de biofilmes que, uma vez instalados em equipamentos e tubulações do sistema, serão pontos para o surgimento de contaminação microbiológica. Essa, por sua vez, se não for controlada a tempo, poderá acarretar a inoperância do sistema.

Na tubulação do sistema de tratamento de água deve ser evitada ou reduzida a instalação de cotovelos ou curvas muito fechadas, válvulas e registros, e evitados os pontos ou ramificações inativos.

Outros cuidados devem ser tomados quanto à armazenagem da água, uma vez que não se pode permitir que a água tratada permaneça parada. Essa deve estar em recirculação permanente e provida de radiação UV. Além disso, recomenda-se também, quando possível, a manutenção de ambiente inerte para reduzir ao máximo a possibilidade de contaminação.

Especificações da água potável

Componente -> (mg/l máx.)
Alumínio -> 0,20
Amônia (como NH3) -> 1,50
Cloreto -> 250,00
Etilbenzeno -> 0,20
Ferro -> 0,30
Manganês -> 0,10
Monoclorobenzeno -> 0,12
Sódio -> 200,00
Sulfato -> 250,00
Sulfeto de hidrogênio -> 0,05
Tolueno -> 0,17
Zinco -> 5,00
Xileno -> 0,30



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