Embale Certo

Sustentabilidade

Maio/Junho 2010

Antonio Celso da Silva

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Antonio Celso da Silva

Se compararmos celulares, televisores, computadores e outros eletroeletrônicos do passado (e de um passado não tão distante) com os atuais, vamos perceber que a redução de tamanho foi uma tendência empurrada pela força da tecnologia.

Lembro-me ainda do famoso “tijolo”, celular que se carregava preso à cintura, da TV de 27 polegadas, que ocupava boa parte do espaço da sala, e do tamanho da sala do CPD e das gigantes máquinas que haviam numa grande empresa de cosméticos em que trabalhei.

Como o mundo mudou!

A palavra de ordem era tecnologia. Ninguém ou quase ninguém falava em meio ambiente. Sustentabilidade era uma palavra desconhecida.

Chega agora uma nova onda de redução, cujo foco não é somente tecnologia. Desta vez, a redução e de tamanho e, ou, dos pesos das embalagens.

A ordem vem de uma senhora que não suporta mais ver (e sentir) tamanho descaso. Com uma freqüência quase que diária, ela vem dando sinais de descontentamento e de que é preciso fazer alguma coisa. O homem não percebe, mas os sinais vêm na forma de tsunamis, furacões, tempestades, terremotos e, mais recentemente, um vulcão. Os sinais e a ordem vêm da “mãe natureza”.

Infinitamente pequena para resolver ou mesmo atenuar o problema, mas uma ação que já é realidade no mundo, é a de reduzir o tamanho e o peso das embalagens (cosméticos, alimentos, bebidas, entre outros). Essa redução significa menos geração de resíduos pós-consumo, menos material descartado na natureza.

Paralelamente, a política de logística reversa, que responsabiliza o fabricante do início ao fim da cadeia de uma embalagem, vem sendo motivo para o surgimento de leis que passam de estado para estado, exemplos de São Paulo, Rio de Janeiro, Santa Catarina e Paraná, por enquanto. A preocupação com o entendimento dessas leis, aliada aos altos valores das multas, já começa ser a grande preocupação das empresas.

A redução nos tamanhos das embalagens é, na verdade, uma ótima saída para se colaborar com a natureza, mas, acima de tudo, uma excelente oportunidade de redução de custo.

Como poderíamos imaginar que colaborar com a natureza e ser uma empresa preocupada com sustentabilidade signifi caria gastar menos, reduzir custos? Essa conta parece não “fechar”, mas nossos técnicos e tecnocratas estão tão preocupados com “o todo”, que se esquecem dos detalhes, onde se poderia fazer do limão uma limonada. Os exemplos já começam a aparecer e talvez muitos deles ainda não tenham sido percebidos. A famosa marca de vodca Smirnoff reduziu o tamanho da garrafa da Smirnoff Ice, mantendo o mesmo volume declarado.

O antigo e conhecido Band-Aid reduziu sua embalagem em 18%, mas manteve a mesma quantidade de tiras.

A marca de fraldas Pampers reduziu em 30% a celulose utilizada para fazer a fralda, sem redução da eficiência e reduziu mais 7,5% no tamanho dos pacotes. Como resultado dessas reduções, o peso total da embalagem foi reduzido em 7%, o que signifi ca menor geração de resíduos pós-consumo, menos custo de frete e menor quantidade de poluentes gerados no transporte. A Payot Cosméticos reduziu o peso de seu frasco de shampoos em 28%, mantendo o mesmo volume, redução que possibilitou investir em melhor visual e na qualidade dos rótulos e da tampa do frasco, sem aumentar o preço do produto.

O que se imaginava é que a preocupação maior dessas empresas era, na verdade, reduzir custos, e que, como consequência, veio a sustentabilidade com a redução dos pesos/dimensões das embalagens.

Mas, considerando que a palavra de ordem no mundo, notadamente nos países onde se leva a sério a palavra sustentabilidade, é reduzir peso e tamanho das embalagens, percebe-se que essas empresas, principalmente as multinacionais, fizeram o que foi determinado por suas matrizes lá fora, ou seja, reduzir embalagem pensando no meio ambiente.

Um bom exemplo de preocupação com a natureza vem do Walmart Brasil, por meio do projeto denominado “Sustentabilidade de ponta a ponta”. Ele estimula seus fornecedores a fazerem mudanças em suas embalagens em prol do meio ambiente. Essas mudanças, em sua maioria, são reduções de peso das embalagens. Em troca, dá exposição e visibilidade maior em suas lojas, fazendo suas gôndolas fi carem “mais verdes”.

Em resumo, fazer redução no peso das embalagens significa redução de custo, porém a principal razão é atender ao pedido da “mãe natureza”. Ela agradece e com certeza vai
reconhecer e retribuir em dobro, como sempre faz.



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