Toxicologia

Pele – abordagem cosmetotoxicologica

Janeiro/Fevereiro 2010

Dermeval de Carvalho

colunistas@tecnopress-editora.com.br

Dermeval de Carvalho

O tema “Pele - abordagem cosmetotoxicológica” exige exaustivo trabalho de pesquisa, protocolos bem-elaborados, resultados confiáveis, experiência profissional, integração multiprofissional e disciplinar, discussão regulatória e, sobretudo, muita dedicação. Não se trata de exceção a busca do saber.

Tradição não confere segurança

A busca de novos ingredientes e produtos cosméticos, com base nos quesitos acima formulados, exige a realização de rigoroso levantamento bibliográfico, providência que poderá evitar pressupostos resultados desagradáveis. Este exercício de gestão técnica, administrativa e de boas práticas de trabalho, muitas vezes tem ficado totalmente esquecido por parte do setor empresarial, especialmente dos emergentes (Int J Cosm Sci 24:217-224, 2002).

Pele e abordagem cosmetotoxicológica

O que diz a ciência sobre isso? Em ligeira passagem pela biologia da pele, fica evidente a presença de uma complexa estrutura que lhe confere inúmeras atividades fisiológicas (térmica, eletrolítica, hormonal, metabólica e imunológica), e que grande parte de sua vida é exposta às variações de temperatura, umidade, luz solar, xenobióticos ambientais e ocupacionais. Além disso, a pele tem o compromisso com a manutenção da homeostase. A pele, o maior órgão do corpo humano, tem cerca de 2 metros quadrados (em indivíduos adultos) e está integralmente relacionada à avaliação de segurança dos produtos cosméticos, pois representa a maior e a mais importante área de exposição a eles. A pele, seguramente, é a maior interface entre meio ambiente e corpo humano (Toxicology and Applied Toxicology 195:265-266, 2004).

O desenvolvimento médico-tecnológico, os consistentes projetos direcionados ao desenvolvimento de produtos biotecnológicos, o melhor conhecimento estrutura/atividade, os estímulos aos programas de Cosmetovigilância e melhor conhecimento da avaliação do risco, ao lado da maior expectativa e qualidade de vida do homem, constituem-se paradigmas obrigatórios na avaliação de segurança para os usuários de produtos cosméticos (European Molecular Biology 9(11):1073-1077, 2008).

A evolução da Cosmetotoxicologia tem propiciado calorosas discussões a respeito da segurança de alguns ingredientes cosméticos, a qual não está somente atrelada à ciência, mas também sujeita aos desencontros regulatórios.

Contudo, recente publicação afirmou que os ingredientes e os produtos cosméticos podem ser considerados seguros e que estes oferecem múltiplos benefícios à qualidade de vida dos seus usuários (Toxicology and Applied Pharmacology 2009, article in press).

Não basta apenas acontecer o crescimento científico. A formação de recursos humanos é extremamente importante, especialmente no que se refere às atribuições inerentes ao avaliador de segurança, já regulamentadas na Comunidade Europeia. O avaliador de segurança deve ter sólidos conhecimentos de toxicologia e avaliação do risco, navegar na web com destreza e possuir sólidos conhecimentos da legislação regulatória (Toxicology and Applied Pharmacology 2009, article in press).

As autoridades governamentais do Brasil e dos países do Mercosul devem pensar seriamente sobre o assunto a seguir: a regulamentação das atividades do avaliador de segurança.

Some-se a tudo isso uma boa forma para acompanhar, complementar e avaliar o desenvolvimento científico, com certa presteza e agilidade: recorrer aos bancos de dados e às publicações com veiculação em periódicos especializados, especialmente àqueles de alto impacto.

Utilizando-se a palavra-chave “skin care”, no período de 2006 a 2010, segundo foi apurado no banco de dados Embase (www.embase.com), ocorreram 5153 publicações. Este número cresce assustadoramente, chegando a 35212 assentos, quanto são combinadas as palavras skin/ageing/allergy/absorption. Segundo o PubMed (www.ncbi.nlm.gov/pubmed), usando-se essas mesmas palavras-chave são encontrados 23252 registros, sendo 4542 e 25908, respectivamente, trabalhos de revisão e textos completos. Estes dados justificam plenamente a vocação da revista Cosmetic & Toiletries tratar do assunto “pele e implicações toxicológicas”.

Comentamos as possíveis vias que dão acesso às ciências, suas facilidades e dificuldades; percorrê-las com insistência e frequente disciplina constituem o melhor caminho para o aprendizado.



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