Temas Dermatológicos

Maioria da População não se Protege do Sol

Julho/Agosto 2005

Denise Steiner

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Denise Steiner

Quase 70% dos brasileiros se expõem ao sol sem proteção e vivem sob a ameaça da radiação ultravioleta. Os dados são da Sociedade Brasileira de Dermatologia e reafirmam a necessidade de se intensificar as campanhas de esclarecimento e prevenção. A maior preocupação é com o câncer de pele. O Instituto Nacional do Câncer, INCA, prevê o surgimento de 118 mil novos casos da doença só este ano.

Durante a Campanha Nacional de Prevenção ao Câncer de Pele, realizada em dezembro de 2004, mais de 33 mil pessoas foram atendidas em todo o Brasil e quase 3 mil tinham câncer de pele, ou seja, 8,4% de todo o atendimento. Os números da campanha são ainda mais alarmantes na população masculina. Entre os quase 13,5 mil homens atendidos, 77% não usam proteção (contra 64,3% das mulheres) e 10,6% deles apresentaram algum tipo de câncer de pele (nas mulheres, a taxa ficou em 7%). As pessoas de pele negra também demonstraram não se cuidar: 80,3% dos 2,2 mil negros que participaram da campanha revelaram não utilizar nenhuma proteção contra o sol e 1,5% apresentou algum tipo de câncer de pele.

A região Sul teve o maior percentual de casos detectados, com 9,8%, em seguida veio a Região Sudeste (8,6%), Centro-Oeste (8,3%), Norte (7,7%) e Nordeste (6,7%). Em relação aos estados, Santa Catarina ficou com o maior percentual: 13,5% dos atendidos apresentaram câncer de pele. Em seguida, a Paraíba (11,6%) e o Distrito Federal (11,4%). O Estado com menor percentual de casos foi a Bahia, com 4,9%.

O tipo de câncer de pele mais comum detectado durante a campanha foi o carcinoma basocelular: 6,3% dos diagnósticos realizados. Este câncer é mais freqüente a partir dos 40 anos, em pessoas de pele clara e não causa metástase. Já o carcinoma espinocelular, que representou 1,3% dos diagnósticos, pode provocar metástase e está relacionado à exposição ao sol e a substâncias químicas, como arsênio e alcatrão, além de alterações no sistema imunológico. Tanto o carcinoma basocelular quanto o espinocelular têm chances de cura maior que 95% se detectados e tratados precocemente.

O tipo mais perigoso, porém, é o melanoma, encontrado em 0,5% das pessoas atendidas no ano passado. Com alto poder de metástase, pode levar à morte se não for diagnosticado e tratado a tempo. A incidência de melanoma triplicou entre brancos entre 1980 e 2003. Apesar de também estar relacionado à hereditariedade, o melanoma é causado principalmente pela exposição inadequada ao sol. De acordo com as estimativas do Inca, dos quase 119 mil novos casos previstos para 2005 no Brasil, quase 6 mil serão de melanoma e os demais 113 mil de outros tipos de câncer de pele. O dermatologista pode diagnosticar precisamente um câncer de pele, mas a população deve fazer com freqüência o auto-exame. É preciso ficar atento a feridas que não cicatrizam, crescem, coçam ou sangram, mudanças bruscas em manchas na pele e pintas com muitas cores e formato irregular.

A proteção da pele é fundamental na prevenção do câncer. É recomendado, o uso de chapéus, camisetas e protetores solares durante a exposição ao sol, o ano todo. Além disso, deve-se evitar a exposição entre 10 e 16h. Na praia, as barracas devem ser de algodão ou lona, que absorvem 50% da radiação ultravioleta (as barracas de náilon formam uma barreira pouco confiável: 95% dos raios UV ultrapassam o material). O filtro solar deve ser aplicado meia hora antes da exposição e reaplicado a cada duas horas após entrada na água ou transpiração excessiva. O Fator de Proteção Solar (FPS) deve ser no mínimo 15, para todos os tipos de pele. Crianças de até seis meses não devem ser expostas diretamente ao sol e as que têm mais de seis meses devem evitar o horário entre 10 e 16h e, mesmo assim, utilizar roupa, chapéus e bonés, sombrinhas e filtros solares.



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