Temas Dermatológicos

Celulite

Março/Abril 2004

Denise Steiner

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Denise Steiner

Celulite é o nome popular, que ficou consagrado, daquilo que chamamos lipo (gordura) distrofia (alteração) ginóide (feminina), nos termos médicos e científicos.

A celulite é multifatorial, aparecendo devido a problemas hereditários, hormonais e circulatórios, principalmente na área das nádegas e pernas. As mulheres com características mais arredondadas e femininas (quadris largos e pernas grossas) têm mais chances do aparecimento desta alteração, enquanto aquelas com pernas finas e seios grandes, não.

A celulite não é somente gordura ou obesidade, mas sim uma série de alterações seqüenciais que determinam a formação de um tecido irregular repleto de fibrose. Tudo começa com retenção de líquido, principalmente no período pré-menstrual, provocando um engurgitamento dos vasos e dificultando a irrigação daquele tecido. A pele fica mais inchada e a mulher tem a sensação de peso e dolorimento. Além disso, o hormônio feminino estrógeno também facilita o acúmulo de gordura nesta região. Os culotes, nádegas e coxas têm maior quantidade de gordura localizada com menor tendência à metabolização. Além da retenção hídrica e também do aumento de gordura, os vasos superficiais dilatam visivelmente nos membros inferiores, levando à piora da circulação, dor e peso nas pernas.

Com o passar do tempo a irrigação nas áreas de celulite vai se tornando irregular e o tecido acumula toxinas, formando traves endurecidas. Os vasos vão ficando com as paredes mais duras e rígidas e não conseguem oxigenar os tecidos. Neste momento a pele vai demonstrando caroços e também depressões devido a uma intensa fibrose (cicatriz) que repuxa a pele para baixo. Estas regiões ficam muito doloridas e pesadas.

É bom lembrar que celulite não é obesidade e que mesmo mulheres magras podem tê-la. O hormônio feminino favorece a retenção hídrica e o acúmulo de gordura e por isso as mulheres têm muito mais celulite que os homens.

A celulite não é causada por fator único, mas sim por um processo de inchaço, acúmulo de gordura, má irrigação e formação de traves fibrosas que depois são irreversíveis.

O tratamento da celulite é multidisciplinar e não há um único remédio que provoque a cura. É importante praticar exercícios físicos para melhorar a irrigação da pele e a musculatura, além de alimentação equilibrada para evitar excesso de peso e acúmulo de gordura.

Além disso, a drenagem linfática, que ajuda a retirar o excesso de líquido, é muito útil neste tratamento. Nesta massagem especial, são pressionados delicadamente os gânglios no trajeto linfático, evitando o acúmulo de excesso de líquido. Esta deve ser realizada por profissionais especializados, que conheçam a anatomia da pele e a técnica de massageamento.

Podem ser utilizados tratamentos por via oral, porém não existe uma medicação única específica. Deve-se evitar o sensacionalismo e as curas milagrosas, que são impossíveis de serem alcançadas pela própria característica do processo.

As substâncias utilizadas são: diuréticos, para evitar retenção hídrica; medicamentos lipolíticos, para metabolizar gordura e outros para melhorar a oxigenação vascular. Também são realizados tratamentos específicos, como hidrolipoclasia (tratamento para gordura localizada, aplicando-se soro e ultra-som). Através desta técnica, por causa da distensão das células gordurosas e do calor liberado pelo ultra-som, as células gordurosas são destruídas e metabolizadas.

Pode-se realizar também a subcisão, que é uma técnica especial para as depressões (furinhos). O local é anestesiado e então se entra com uma agulha especial. Com movimentos de vai-e-vem se desfaz a fibrose acumulada. No local da subcisão se forma um hematoma, depois o tecido refaz novas fibras mais adequadas e a depressão desaparece. Evitar estresse excessivo, bebidas alcoólicas e excesso de cafeína também é muito importante.

Como observamos, tratar a celulite depende de uma avaliação adequada e de um conjunto de ações que possam corrigir os vários problemas causados por esta dermatose.

Não há milagre, e sim a boa fé dos pacientes.



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