Boas Práticas

Qualidade no Papel

Julho/Agosto 2006

Carlos Alberto Trevisan

colunistas@tecnopress-editora.com.br

Carlos Alberto Trevisan

Continuando com a abordagem conceitual das Boas Práticas de Fabricação e Controle esta coluna irá abordar o tema da “qualidade de papel”, ou seja, a qualidade que está escrita mas não praticada.

Durante nossa atividade de consultoria, deparamo-nos com situações nas quais, ao inquirirmos a empresa sobre a existência de procedimentos, normas, instruções etc, os referidos documentos nos foram apresentados nas mais diversas formas, seja no que diz respeito ao conteúdo, quanto à praticidade de sua utilização quando requerida.

Inúmeras vezes, os documentos foram preparados pelo diretor, gerente, proprietário, responsável técnico etc, sem nenhuma participação efetiva de quem deveria colocar em prática o que o documento continha.

Em alguns casos, ao tentar acompanhar um procedimento in loco, fiquei surpreso com a reação de total e completo desconhecimento demonstrado por quem deveria cumprir o estabelecido nos documentos.

Outras vezes, me foi dito pelo funcionário que não cumpria o estabelecido no procedimento, por saber que este não correspondia à realidade e que não havia sido elaborado por quem exercia a função.

As considerações acima têm por objetivo expor que, ao possuir o documento, a empresa assume que aplica as Boas Práticas de Fabricação. No entanto, esta procede de forma completamente diversa do que consta no documento.

Devemos ressaltar também a confusão que se faz entre Manual da Qualidade e Manual de Boas Práticas, cuja diferença será elucidada em uma próxima oportunidade.

A famosa e muito empregada alegação de que “tem documentação mal feita, mas felizmente tem alguma” é o grande obstáculo para que sejam tomadas providências para sanar essa irregularidade.

O total e completo desconhecimento dos princípios básicos da Qualidade e, portanto, a ausência de Boas Práticas de Fabricação parece ser suprida em algumas empresas pela existência de um amontoado de documentos, sem utilidade prática nenhuma.

De avaliações realizadas em diversas empresas, localizadas em vários estados, tabulando respostas ao um questionário preparado para avaliar a documentação da Qualidade, obtivemos o seguinte resultado:

1. Existência de registro documental: 50% das Empresas

2. Implantação na prática da documentação existente: 40%

Como a definição de Boas Práticas de Fabricação é o “conjunto de procedimentos seguros a serem praticados pelas empresas com o objetivo de assegurar a natureza e a qualidade pretendida”, podemos concluir que inexiste o efetivo conceito de Boas Práticas e, em conseqüência, de Qualidade - daí o titulo da presente coluna.

Estamos certos de que os fatos aqui comentados sirvam como reflexão sobre qual é o efetivo estágio da Qualidade na empresa, além de fornecer um parâmetro da avaliação do real comprometimento.



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