Mercado

Investir em Protetor Solar é Poupar a Pele

Julho/Agosto 2006

Carlos Alberto Pacheco

colunistas@tecnopress-editora.com.br

Carlos Alberto Pacheco

Falar da importância do uso de protetor solar é chover no molhado. A dificuldade está na conscientização da população quanto ao uso diário dos protetores solares. Há forte associação da imagem de protetor solar com os momentos de férias. Claro que estes são os momentos mais propícios para o uso do produto, porém mesmo longe de férias, e dias nublados, faz-se necessário o uso de protetor.

Vale aquela velha visão romântica, de que “mesmo quando não vemos, o sol está lá, atrás das nuvens”. Fisicamente falando é assim mesmo. E junto com o sol vem a radiação solar, que independentemente de estarmos na praia ou no escritório, com o sol a pino ou meio encoberto, se faz presente.

Além disso, o homem moderno fica exposto diariamente a doses de radiação menores, porém constantes, quando está diante do monitor de microcomputadores e televisores, lâmpadas fluorescentes, etc... Junte a isto a alimentação deficitária, a hidratação inadequada, ao alto grau de estresse e teremos um caldeirão de fatores favorecendo o aparecimento de problemas de pele.

Apesar de tudo isso ser do conhecimento de muitos, o sub-segmento Protetor Solar é o que apresenta o menor gasto per capita do setor cosmético: R$ 3,60/pessoa/ano 2004, quando comparado com o total do setor cosmético (R$ 166,00).

Qual a razão? Os motivos são muitos. A começar pelo preço final do produto. Em 2003 o preço médio final do frasco de 100 ml foi cerca de R$ 27,89. Com este preço o produto se enquadra no grupo de produtos “caros” dentro da cesta de consumo da população. Há grupos de produtos com preço médio mais elevado do que este, como os antiidades, porém na mente do consumidor ninguém fica “mais bonito” com o uso de protetor, pelo menos a curto prazo, como anunciam os antiidades. Por isso, cremes faciais com apelos de proteção UV associados a outros apelos (clareador de manchas, anti-rugas, corretivos faciais) levam vantagem e têm apresentado aumento no seu consumo, a despeito dos altos preços. Algumas medidas estão sendo tomadas para contornar esta dificuldade. Eliminação do IPI e aumento da produção de escala são alguns exemplos. Porém, muito ainda deverá ser feito, para diminuir o preço a níveis mais acessíveis ao bolso da maior parte dos 185 milhões de brasileiros.

O outro fator diz respeito aos apelos dos produtos. Dentro dos vários grupos de produtos cosméticos, os protetores solares não têm apelo tão forte no quesito beleza, como outros produtos tipicamente associados com a beleza estética – esmalte, batom, sombra, tintura etc... No momento da distribuição do orçamento para gastos com cosméticos, a preferência dos consumidores dificilmente recai sobre o protetor. A lembrança só irá ocorrer nos períodos próximos a férias ou feriados. Há necessidade de um marketing do produto dissociado de férias.

A conscientização sobre os problemas relacionados com o câncer de pele vem aumentando. A Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) tem registro de que no início da década de 90, a cada 80 casos de câncer diagnosticados,1 era identificado como de pele. No final da mesma década, a cada 17 casos 1 era identificado como sendo de pele. No mês de maio deste ano, a SBD preparou um censo dermatológico para identificar as várias doenças de pele. Novos dados virão desta pesquisa para diagnosticarmos a qualidade da pele do brasileiro. Apesar dos esforços hercúleos, estas ações ainda são tímidas. Será necessária uma campanha intensa, de impacto, como programas de alta penetração nos lares brasileiros – novelas, programas de auditórios e propagandas bem elaboradas.

Mas apesar de todas as dificuldades do sub-segmento, os números são favoráveis. No período de 2000/2004 o faturamento na porta da fábrica cresceu em média 38,8% e 16,2% em volume – foram às maiores taxas de crescimentos entre todos os sub-segmentos do setor cosmético (Abihpec). Apesar de ser a menor base de consumo, o crescimento mostra o potencial. A tendência mostra o aumento da preferência por protetores solares com FPS 30. E a procura por produtos premium (4,0% do total gasto em 2003 contra 2,8% em 1998) indica substancial aumento frente aos produtos de massa. A taxa de crescimento média para o período de 2003/2008 é estimada em 9,0% ao ano.



Outros Colunistas:

Deixe seu comentário

código captcha

Seja o Primeiro a comentar

Novos Produtos