Boas Práticas

Impacto da Organização

Março/Abril 2006

Carlos Alberto Trevisan

colunistas@tecnopress-editora.com.br

Carlos Alberto Trevisan

Na coluna anterior abordamos a questão de como as Boas Práticas de Fabricação e Controle causam impacto nas atividades da Organização. Nesta oportunidade iremos considerar quais alterações a Organização pode causar sobre as BPF e C, caso não sejam observadas as atitudes adequadas pelos diversos departamentos - especialmente pela alta direção.

Como em todo “processo” e não “programa” (fazemos esta distinção uma vez que o conceito de processo é o de continuidade e melhoria continua), a implantação das BPF e C requer a existência de um “líder” e não de um “chefe”, pois quem faz qualidade são as pessoas, e estas, ao estarem comprometidas, necessitam de um guia para que este possa, leva-las a atingir os objetivos pretendidos.

Através dos tempos, experiência vem mostrando que a alta administração - ou, em empresas menores, os proprietários - são os guias a serem seguidos, pois ninguém personifica mais os objetivos da empresa do que os próprios.

Esta responsabilidade, pois alguns assim a consideram, não pode, em hipótese alguma, ser delegada. Caso isso ocorra, o risco de falha ou impossibilidade de implantação das BPF e C estará diretamente relacionada à ausência da participação da alta administração ou dos proprietários.

Durante nossa atividade profissional, nestes 42 anos, pudemos vivenciar situações nas quais a implantação das BPF e C, apesar de contar com todos os recursos humanos e materiais, não foi realizada, pois a participação da alta administração ou dos proprietários foi apenas “da boca pra fora”.

É totalmente errôneo pensar que os colaboradores da Organização não percebem a falta de comprometimento permanente da administração ou proprietários com as BPF e C.

Para exemplificar, relatamos fato ocorrido ao implantarmos o processo numa empresa localizada na região central do Brasil.

Após quase dois anos de implantação, durante os quais muitas foram as atividades voltadas aos hábitos de higiene e limpeza com o uso de papel toalha e sabonete líquido, nos lavatórios de vestiários e banheiros, fomos – em uma das visitas da consultoria - surpreendidos com o comunicado de que, ao receber do proprietário ordem para reduzir despesas, o comprador simplesmente havia suspendido a compra de papel toalha.

Avalie a frustração e o desconsolo dos colaboradores com as seguintes dúvidas:

- As BPF e C dependem do fluxo de caixa?

- A qualidade da empresa depende do fluxo de caixa?

- Qual o verdadeiro comprometimento: o da maioria dos colaboradores ou o dos poucos que ainda não se conscientizaram da necessidade da existência das BPF e C para a sobrevivência da empresa?

Pode o leitor avaliar o esforço despendido para evitar que a expectativa dos colaboradores - conseguida em dois anos de trabalho - não fosse quebrada por uma atitude totalmente desproporcional ao benefício pretendido?

Mencionamos o fato para que possamos refletir e concluir o porque da participação e comprometimento da alta administração ou proprietários - totalmente conscientizados da sua responsabilidade - no processo de implantação das BPF e C.

Cabe aqui ressaltar que um dos grandes obstáculos para a ausência de compromisso com as BPF e C é, como já mencionado, é o conceito de que se trata de um “assunto de fábrica”.

Apenas para corroborar e comprovar o episódio aqui descrito, sugerimos ao leitor fazer, por conta própria e com a maior isenção possível, uma observação sobre qual é o clima da organização em que atua com relação ao tema Qualidade e, se for uma indústria, com relação ao tema BPF e C. Espero que o resultado obtido não coincida com o aqui exposto, para o bem de todos!



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