Boas Práticas

Conciliando príncipios

Novembro/Dezembro 2007

Carlos Alberto Trevisan

colunistas@tecnopress-editora.com.br

Carlos Alberto Trevisan

Há vários anos os profissionais da área da Qualidade vêm considerando a possibilidade de integrar as Boas Práticas de Fabricação e Controle com a Norma ISSO 9000 na atividade da indústria de artigos de toucador, cosméticos e perfumes.

Na União Européia, várias tentativas têm sido realizadas e os resultados podem ser considerados válidos, porém os princípios a serem adotados necessitam sofrer alterações para possibilitar a integração.

Assim, uma das grandes dificuldades ou oportunidades está em incorporar a gestão constante na Norma ISO 9000 na prática que consta da BPFeC.

No Brasil, apenas para elucidação, comparamos os quesitos da BPFeC da Portaria 348, de 18 de agosto de 1997 da SVS/MS com os da Norma ISO 9001/2000, e apuramos uma correlação entre eles. Fizemos o mesmo com relação aos quesitos adotados e em vigor na União Européia e Estados Unidos que de certa forma já seguem a Norma ISO. O resultado está no quadro a seguir.

Mas quais seriam as vantagens de se compatibilizar as duas regras?

Poderíamos dizer que seriam:

- Promover a melhoria contínua da Qualidade

- Intensificar a conscientização para a Qualidade,

- Incentivar a participação efetiva da alta administração no processo da Qualidade e

- Promover o aperfeiçoamento dos processos preventivos e por conseqüência aperfeiçoar a redução ou eliminação das não-conformidades.

Com base em nossa experiência profissional com a implantação de processos de qualidade, consideramos que no Brasil a dificuldade para a conciliação entre essas regras seria grande, pois a obrigatoriedade na prática das BPFeC já existe há dez anos, mas mesmo assim, apenas um número restrito de empresas as cumpre efetivamente.


Quais então seriam as causas possíveis dessa não-adesão? - Será que os administradores/gerentes consideram efetiva e sinceramente a importância na prática da Gestão da Qualidade?

- Como eles vêem a harmonização entre Garantia da Qualidade e Gestão do Sistema da Qualidade?

- Como eles entendem as restrições impostas pela Garantia da Qualidade e pelo Sistema da Qualidade?

Portanto, quando realizada uma pesquisa informal sobre esse questionamento, em aproximadamente 100 empresas, apuramos um resultado interessante, mostrado no gráfico. Muitos argumentam que para aderir a essa prática teriam que alterar em muito a estrutura da empresa, o que acarretaria custos adicionais, aumento no número de colaboradores, perda da flexibilidade da produção, etc.

Como dissemos, a obrigatoriedade do cumprimento das BPFeC no Brasil existe, mas talvez somente se tornará efetiva após um trabalho muito extenso quanto à conscientização dos responsáveis pela sua implantação e cumprimento.

Nessa pesquisa também foram apresentadas outras questões sobre as empresas investigadas cujos resultados transcrevemos a seguir:

- 14% têm programa de redução de custos,

- 25% trabalham na melhoria dos níveis de qualidade,

- 55% declaram que cumprem rigorosamente a legislação vigente e

- 10% estão têm consciência das regras da BPFeC.

Para concluir, aponto para a necessidade de reflexão sobre as constatações aqui mencionadas para que, na continuidade, outras alternativas possam ser consideradas.



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