Toxicologia

Cosmetotoxicologia - especialidade que veio para ficar

Julho/Agosto 2009

Dermeval de Carvalho

colunistas@tecnopress-editora.com.br

Dermeval de Carvalho

O Papiro de Ebers, obra publicada em 1500 a.C., Hipócrates (430-364 a.C.), Theophrastus (370-287.C.),
Dioscorides (40-90 d.C), Sócrates (470 a.C), Mitridates (120-63 a.C.), Lex Cornelia (século IV a.C), madame Toffana, Marquesa de Brinvillers e Paracelsus, entre outros, foram os precursores de uma área do conhecimento que se firmava como especialidade, a Toxicologia Forense.

Os danos ocasionados aos trabalhadores expostos ao mercúrio e chumbo, mais tarde confirmados por Paracelsus na obra On the miners’ sickness and other disease of miners, paralelamente aos trabalhos experimentais de Mathieu Orfila (1787-1853), permitiram o nascimento de especialidades relacionadas à saúde ocupacional, clínica e experimental. O Senado Norte-americano revisou, em 1933, a legislação sanitária - editada em 1906 -, porém o tão esperado ato constitui-se em verdadeiro fracasso. Outros atos se sucederam: em 1947, a criação do Federal Inseticide, Fungicide and Rodenticide Act enquanto o US Food and Drug tratou da segurança de alimentos, drogas e cosméticos.

Após a promulgação deste último, 107 pessoas morreram devido à ingestão de xarope de sulfanilamida contendo dietilenoglicol como veículo. Apesar disto, em 1962, o mundo conheceu a catastrófica ação teratogênica da talidomida. Sem dúvida, estas tragédias poderiam ter sido evitadas. Assim, a especialidade batizada como Toxicologia Regulatória mostrou-se imprescindível à área sanitária.

A segurança de ingredientes e produtos cosméticos tem sido objeto de sucessivas avaliações toxicológicas, mostrando a força da especialidade regulatória. Por quê? Cerca de 13 mil ingredientes vêm sendo manipulados na produção de aproximadamente 30 mil formulações. O Scientific Committee on Cosmetic and non-Food Products, da União Européia, gerou e/ou alterou 121 atos regulatórios relacionados às tinturas capilares, conservantes, corantes e filtros solares no período de 2000/06 (Food and Chemical Toxicology 47:898- 905, 2009).

Atualmente, do ponto de vista globalizado, com pequenas diferenças, a Toxicologia conta com as seguintes especialidades: Regulatória, Industrial, Acadêmica, Ocupacional, Médica, Ecológica, Ambiental, Genética, Avaliação de Toxicidade, tendo como parceiras Patologia, Epidemiologia, Fundamentos Mecanicistas, Biologia Molecular, Farmacologia, Farmacocinética e Avaliação do Risco. Do ponto de vista acadêmico, outras poderão ser indicadas em função dos perfis dos cursos, obrigatórias ou optativas. Os cursos devem estar aparelhados para atender ensino, pesquisa e formação de recursos para o setor produtivo.

A riqueza dos trabalhos disponíveis na literatura científica e regulatória já credencia o registro de uma nova especialidade a Cosmetotoxicologia, graças ao crescimento exigido pelo setor produtivo (Technovation 25:1263-72, 2005) e regulatório, os quais exigem produtos seguros e normatizados, catalisando a Academia na busca investigativa.

A Cosmetotoxicologia, acreditamos, veio para ficar, chega fortalecida, com premissas e fundamentos que se organizam de forma sistemática para o uso do cosmético cada vez mais seguro, onde o risco pode ser plenamente determinado.

Publicações e atos regulatórios confirmam este neologismo - a Cosmetotoxicologia - que engloba assuntos de Cosmetologia e Toxicologia, altamente direcionados à segurança de ingredientes e produtos cosméticos, tais como Cosmetovigilância, “Cosmetotoxicology”, “Cosmetovigilance” Imunotoxicologia,
Toxicovigilância, Dermatotoxicologia e Toxicogenômica.

Novas contribuições científicas devem ser recebidas como reconhecimento ao desenvolvimento científico: estamos certos de que Cosmetotoxicologia atende a plena interação destas duas importantes áreas do saber, quais sejam, Toxicologia e Cosmetologia.

A “Cosmetotoxicologia” certamente, hoje anunciada pela primeira vez, valoriza o neologismo, de forma ampla e irrestrita a duas disciplinas milenares - Toxicologia e Cosmetologia - que caminham em regime de dependência científica para garantir a segurança dos usuários de produtos cosméticos.



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