Boas Práticas

BPFeC versus higiene e limpeza

Março/Abril 2009

Carlos Alberto Trevisan

colunistas@tecnopress-editora.com.br

Carlos Alberto Trevisan

A pedido de vários leitores, vou retornar tópico importante para a efetiva implantação das Boas Práticas de Fabricação e Controle nas indústrias de produtos de higiene pessoal, cosméticos e perfumes: conflitos existentes entre alguns conceitos de limpeza e higiene.

Para exemplificar com fatos, cito a exigência de lavar as mãos como imprescindível; entretanto, tal rigidez não é aplicada na manutenção das condições higiênicas de uniformes e ambientes de trabalho.

Quanto aos uniformes, em algumas empresas é frequente que a quantidade disponível seja insuficiente para atender a todos os colaboradores, de modo a permitir o revezamento para lavagem. Como consequência, nem sempre todos estão vestindo uniformes efetivamente limpos.

Ainda relativo à quantidade, muitas vezes é ignorado que o número de uniformes disponíveis para os colaboradores que trabalham no envase, provavelmente, deva ser diferente da quantidade daqueles que exercem suas atividades na fabricação, pesagem, manutenção etc., passível de maior exposição à sujidade. A prática mostra que para atividades que envolvam o manuseio de pós e materiais viscosos, que possam aderir ou impregnar o vestuário, a troca deve ser diária.

Não deve ser negligenciada a forma como os uniformes são conservados e mantidos, especialmente quando essa responsabilidade está a cargo do colaborador. O processo de lavagem e secagem domésticas, se não bem cuidado, pode ocasionar a contaminação do vestuário por fungos ou outros contaminantes que, se não eliminada pelo ferro de passar, podem trazer riscos tanto para o ambiente quanto para os produtos a serem manipulados pelo colaborador.

Uma dúvida quanto ao conceito de uniforme limpo é aquela de que, após lavado, este não contém sujidades ou aquele que, além de sujidades, não apresenta manchas?

Estou frisando esse ponto, pois algumas empresas que utilizam serviços de terceiros para limpeza de uniformes, optam, por questão de economia, pela denominada desinfecção, aquele processo que não remove manchas, resultando em uniformes de aparência encardida.

Outro ponto é o impacto efetivo da modelagem do vestuário na manutenção dos níveis de higiene. Muitos destes dispõem de vários bolsos, botões etc. que representam potenciais suportes para contaminantes. Os bolsos são utilizados para a guarda de acessórios como toucas e luvas descartáveis; os botões representam um risco potencial de contaminação como no caso de queda nos tanques de fabricação ou armazenagem, ou no interior do frasco de produto.

Quanto ao ambiente de trabalho, sempre me deparo com situações delicadas como a seguinte: após lavarem as mãos com sabonete líquido e enxugá-las com papel-toalha, devidamente dispensado em recipiente com tampa acionada por pedal, os colaboradores têm que utilizar a mão corretamente higienizada para acionar a maçaneta ao abrir a porta para sair do banheiro.

Ainda podemos mencionar o fato de haver excessiva preocupação com a higiene pessoal dos colaboradores, não em igual intensidade com utensílios de trabalho, em especial, os da área de pesagem – esses, após a utilização, devem imediatamente limpos, sanitizados e mantidos nesta situação até a próxima utilização.

Limpeza e higienização ambiental também são importantes quanto aos riscos potenciais de contaminação dos produtos e, por essa razão, não devem ser preteridas por nenhuma outra atividade.

Assim, acredito que, nessa revisão, abordei alguns pontos importantes que poderão balizar os procedimentos adotados pelas empresas do setor.






Outros Colunistas:

Deixe seu comentário

código captcha

Seja o Primeiro a comentar

Novos Produtos