Tricologia

Xampus e Condicionadores

Janeiro/Fevereiro 2006

Valcinir Bedin

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Valcinir Bedin

A palavra xampu (com x e sem acento) é a denominação correta na norma ortográfica brasileira (xampô, em português de Portugal). É uma livre tradução da palavra “shampoo”, da língua inglesa que, por sua vez, acredita-se tenha sido derivada de uma palavra hindi “chhamna”, que quer dizer apertar ou massagear.

O uso deste termo data de 1877, quando alguns cabeleireiros ingleses aqueceram sabão com água, bicarbonato de sódio e algumas ervas, para proporcionar mais aroma aos cabelos.

Nos primórdios do seu uso, xampu e sabão eram muito semelhantes. Ambos eram substâncias detergentes. Com o passar dos tempos e a evolução técnica, as formulações de xampus foram se modificando, tornando-se específicas para a limpeza dos cabelos e não do corpo como um todo. Foi no século XX que começaram a aparecer os xampus para tipos diferentes de cabelos e a estes foi incorporada uma infinidade de princípios ativos, para as mais diversas funções.

Mas, até o momento, os xampus têm como finalidade básica a remoção da sujidade do cabelo e do couro cabeludo. Como o pH do couro cabeludo situa- se entre 3,9 e 5,7 o ideal para o uso rotineiro é que o xampu tenha pH entre 5 e 7. Quando queremos algo especial, como remoção de resíduos, o pH deve ficar acima de 7, pois as cutículas amolecem e abrem, liberando fragmentos de sujidade, como cosméticos e poluição, por exemplo. Se quisermos o co ntrário, para que as cutículas não se abram ainda mais (como nos cabelos tintos ou quimicamente tratados), devemos chegar a um pH mais ácido.

Um outro fator importante é saber o local que o produto vai ser fabricado. No Brasil, onde se usa cloro para tratar a água, a concentração de tensoativo no xampu gira em torno de 25% e, na Europa e nos Estados Unidos, onde se utiliza cálcio e magnésio, a concentração deverá ser entre 50-75%.

Mas o que se esperar, hoje, de um xampu elaborado para ser usado pela população? Que, no mínimo, não seja agressivo, nem para os fios nem para o couro cabeludo, e que tenha os mínimos apelos de marketing:
como espuma, cor, textura e sensoriais que estimulem o seu uso.

O que podemos esperar para o futuro de um produto deste tipo?

Algumas inovações já começaram a ser feitas. Aquele velho adágio, de que “xampu é tudo a mesma coisa” não pode mais ser dito. A incorporação de ativos contra os processo de alteração de queratinização do couro cabeludo (eczemas, seborréia, psoríase) já está no mercado há algum tempo, assim como os xampus para cabelos tintos, para cabelos grisalhos e ativador de cachos.

O que vemos, infelizmente, são alguns departamentos de marketing se valendo de certos exageros e algumas vezes de inverdades para que seu produto se venda - como, por exemplo, um xampu que teria a capacidade de interferir na produção da DHT (di-hidrotestosterona), um hormônio que, portanto, circula dentro dos vasos sangüíneos! Se isso pudesse ser verdade teríamos uma situação na qual o xampu não só teria tido a capacidade de penetrar na epiderme e derme, como também teria sido absorvido pela circulação!

Outro despropósito que vemos é a adição de ativos como vitaminas, com o argumento de que estas interfeririam no processo de crescimento e queda dos cabelos. Mais uma vez, ao contrário do que gostaríamos, isso ainda não é possível.

Por outro lado, sabemos que o couro cabeludo é uma área bastante vascularizada do corpo e pode sim responder a estímulos externos de rubefasciência, quando este for o caso.

Portanto, podemos criar xampus que, além da função de limpeza assegurada, poderão ser agentes coadjuvantes em tratamentos clínicos da queda de cabelos.

Obviamente não estamos aqui menosprezando os efeitos cosméticos que os xampus sempre tiveram. O que se vislumbra para o futuro é uma associação de efeitos, fazendo- se com que xampus e condicionadores, além de produtos de higiene e beleza, tornem-se agentes imprescindíveis ao tratamento capilar.



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